O ministro da Economia Paulo Guedes pode ter lucrado R$ 14 milhões com a valorização do dólar apenas durante o seu mandato à frente da pasta, informa o jornalista Guilherme Amado. Isso porque a offshore que Paulo Guedes mantém nas Ilhas Virgens Britânicas (BVI), a Dreadnought International, revelada neste domingo (3) pelas reportagens do Pandora Papers, tinha US$ 9,55 milhões em 24 de setembro de 2014.
Esse montante correspondia a quase R$ 37 milhões quando ele foi nomeado para comandar a economia brasileira por Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019. A cotação do dólar na época era de R$ 3,85. Hoje, a cotação é de R$ 5,37. Assim, o montante detido pela Dreagnought vale R$ 51,3 milhões - um ganho superior a R$ 14 milhões, portanto.
A revelação já levou o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ) a pedir uma ação de improbidade administrativa no Ministério Público contra o ministro da Economia e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também possui uma offshore. Ambos serão chamados ao Congresso para se explicarem.
O escândalo dos Pandora Papers estourou neste domingo. Trata-se de uma sequência de reportagens do Consórcio Internacional de Jornalistas com informações de milhões de documentos vazados de escritórios administradores de offshores. As revelações até o momento restringem-se a contas operadas nas Ilhas Virgens Britânicas (BVI), situadas no Caribe, jurisdição há muito conhecida como peça chave no sistema offshore. Os documentos secretos expõem negociações offshore do rei da Jordânia, dos presidentes da Ucrânia, Quênia e Equador, do primeiro-ministro da República Tcheca e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Os arquivos também detalham as atividades financeiras do mais de 130 bilionários da Rússia, Estados Unidos, Turquia e outros países.
Entre as autoridades cujos nomes aparecem nos documentos vazados estão o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
No Brasil, participam da investigação, feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, o ICIJ, com sede em Washington, DC, a revista Piauí, os sites Poder360 e Metrópoles e a Agência Pública. (247 com Metrópoles).