"Faltam medicamentos para intubação de pacientes acometidos pela covid-19, não existe um calendário consistente de vacinação, não há leitos de UTI"
A Associação Médica Brasileira
(AMB) divulgou hoje (23) boletim extraordinário sobre a situação da covid-19 no
Brasil. O documento faz uma série de recomendações às instância do poder
público do país, com destaque para medidas protetivas de isolamento social.
Para a AMB, que reúne 27 associações médicas estaduais e 396 regionais, reduzir
a circulação de pessoas “segue sendo imperioso para conter a propagação viral”.
O documento destaca que o país vive
o pior momento da pandemia desde o início, em março de 2020. O cenário é de
aumento exponencial de casos e mortos. Hoje, mortes diárias no Brasil
representam 25% dos registros mundiais; uma a cada quatro vítimas estão no
país. Desde o dia 9 de março, o Brasil é o epicentro mundial da covid-19. A
ampla circulação do vírus coloca, inclusive, todo o mundo em alerta.
“Ainda nesta semana atingiremos
outra triste marca: chegaremos a 300 mil mortes, com a agravante de atravessarmos
um quadro de curva ascendente”, afirma o boletim, assinado por 16 entidades
médicas nacionais de diferentes especialidades. “Faltam medicamentos para
intubação de pacientes acometidos pela covid-19, não existe um calendário
consistente de vacinação, não há leitos de UTI”, completa a AMB, ao relatar a
situação de colapso no sistema de Saúde observado por todo o país.
Bolsonaro e o caos
Além de criticar a ausência de um
programa de imunização eficiente, que deveria ser de responsabilidade do
governo de Jair Bolsonaro, a entidade também faz outras críticas indiretas ao
presidente. “Fake news desorientam pacientes. Médicos e profissionais de saúde,
exaustos, já são em número insuficiente em diversas regiões do país”, afirma o
documento.
Bolsonaro e sua base de apoiadores
seguem, durante toda a pandemia, negando a ciência. Partiram do Planalto ações
que minimizaram a doença, taxada de “gripezinha”, que ridicularizaram o uso de
máscaras, que promoveram aglomerações e questionaram a segurança de vacinas, através
de mentiras. Dentro deste contexto, também partiu de Bolsonaro a defesa
incansável de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19, como a
cloroquina e a ivermectina. Hoje, médicos apontam, inclusive, para mortes
relacionadas ao abuso das substâncias que contaram com Bolsonaro como garoto
propaganda.
Diante disso, a AMB reafirma a
ineficácia dos medicamentos, conhecidos como “kit covid”. “Reafirmamos que,
infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina,
nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem
eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da
Covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa
doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida.”
Ações urgentes
O boletim da AMB elenca uma série
de ações urgentes para que a tragédia seja reduzida. “O Brasil deve vacinar com
celeridade todos os cidadãos. Vacinação em massa é a medida ideal para
controlar a velocidade de propagação do vírus; O isolamento social, com menor
circulação possível de pessoas segue imperioso; Todos, sem exceção, temos que
seguir à risca medidas preventivas como uso correto de máscaras, distanciamento
social, evitar aglomerações, manter o ambiente ventilado e higienizado; São
urgentes esforços políticos, diplomáticos e a utilização de normativas de
excepcionalidade para solucionar a falta de medicamentos, em especial
relacionados às intubações”, afirma. A entidade reforça a necessidade de mais
medicamentos adequados, já que “na ausência destes, não é possível oferecer
atendimento adequado para salvar vidas”. (Por Redação RBA).
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