terça-feira, 23 de março de 2021

Infectologista explica como deve agir paciente que recebe prescrição de “kit Covid”

 

Ivermectina fabricada pela Vitamedic (Foto: Reprodução)

Você testou positivo para Covid-19 e tem sintomas leves. No hospital, o médico plantonista lhe prescreve Ivermectina, além de outros remédios. Bem informado, você sabe que a Ivermectina é ineficaz contra o coronavírus e pode acarretar outros problemas de saúde, alguns bem graves. O que você faz? Confronta o médico? Vai para casa, ignora a prescrição e reza para seu quadro não piorar? Ou adere ao “tratamento precoce” e reza para que Bolsonaro esteja certo e a ciência esteja errada?

“Muito difícil essa situação”, responde o infectologista Rodrigo Molina, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

“Médico e paciente têm que entrar em um acordo. Se o paciente sabe que o remédio não faz efeito, pois está bem informado, deve indagar do médico o motivo da prescrição. Cabe ao paciente decidir se vai tomar ou não”, explica.

No sentido inverso, ou seja, quando o paciente pede ao médico que lhe prescreva um remédio de risco e ineficaz, Molina diz que reagiria da seguinte maneira: “Eu digo que não prescrevo e justifico minha decisão baseado nas evidências atuais. Se mesmo assim ele insistir, eu o oriento a procurar outro profissional”.

Rodrigo Molina não integra nenhuma espécie de “quinta coluna” médica. Ao contrário, ele é um dos que respeitam as evidências científicas. “Inúmeros e robustos estudos mostraram a ineficácia (da Ivermectina, da Cloroquina e de outros remédios que estão sendo prescritos para tratamento de Covid-19)”, ressalta. E observa que estudos mostrando eventual efeito positivo não têm base científica e seguem “uma metodologia ruim”. 

“Muitas pessoas têm usado esta medicação e muitos prefeitos adotando esses kits como a saída à Covid, e mesmo assim só percebemos o aumento da mortalidade, que agora também atinge os jovens. O uso de qualquer medicação sem necessidade pode levar a risco”, alerta Molina.

O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19, organizado pela Associação Médica Brasileira, recomendou nesta terça-feira (23) o banimento da Cloroquina e da Ivermectina nos caos de contaminação pelo coronavírus. Também nesta terça, “O Estado de S. Paulo” publicou reportagem mostrando que uso do “kit Covid” levou cinco pacientes à fila do transplante de fígado em São Paulo e está sendo apontado como causa de ao menos três mortes por hepatite.

Mundo afora, Ivermectina e Cloroquina já estão há muito tempo proibidas de uso em casos de Covid-19.

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