Via:Santanavinicius
Entidades se mobilizam para desmentir as fake news
A
pandemia do novo coronavírus e as medidas de isolamento social vêm sendo
acompanhadas pela ampla profusão de conteúdos sobre o tema. Com isso crescem
também as notícias falsas, prática difundida no Brasil e no mundo nos últimos
anos. Nesse momento,a população deve tomar ainda mais cuidado tanto para não
acreditar em mentiras quanto para não repassá-las.
Notícias
bombástica, prometendo remédios ou saídas milagrosas têm circulado no ambiente
online, em redes como Whatsapp, Facebook, Instagram e Youtube. Pessoas sem
qualquer qualificação divulgam providências sem embasamento que tratariam a
covid-19, como pequenas doses “shots” de imunidade ou a atribuição de poder de
cura à hidroxicloroquina, mesmo contra determinação do Ministério da Saúde.
As
notícias falsas espalham desinformação e dificultam a divulgação de informações
e orientações pelas autoridades à população. Diante da preocupação com a
pandemia, o cuidado com a verificação para o repasse muitas vezes pode
diminuir, aumentando a circulação desses conteúdos enganosos.
Um
exemplo é a foto de supostos saques na cidade de São Vicente, no litoral
Paulista. O episódio ocorreu, mas em 2013, e não agora. A imagem ganhou
milhares de cliques e compartilhamentos em redes sociais. Ela
foi desmentida por agências de checagem, como a Aos Fatos.
Checar informações
Entre
as orientações estão duvidar de fontes desconhecidas, buscar orientações nos
sites oficiais das autoridades de área, como a Organização Mundial de
Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana da Saúde, braço regional da
OMS, o Ministério da Saúde e as secretarias municipais e estaduais e
evitar repassar informações sem certeza, mesmo que venham de amigos ou
familiares. É possível também checar em diversas agências ou projetos, como Lupa, Aos
Fatos e Comprova.
O
Ministério da Saúde lançou uma página direcionada a desmentir os boatos. O site
desmente inúmeras mensagens falsas, como orientações do órgãos que nunca
foram dadas, anúncios de vacinas, formas de prevenção que não funcionam (como
gargarejo com água morna, sal e vinagre) e alegações sobre o vírus, como o fato
de ele morrer em temperaturas partir de 26º .
Guia
O
Comitê Gestor da Internet lançou um guia com
dicas para manter um uso seguro da Internet, que aborda, entre outros temas, o
cuidado com boatos e mensagens. Uma cartilha específica sobre como evitar e
combater boatos foi publicada juntamente com o material.
Conforme
a publicação, em geral os boatos difundidos apresentam uma série de
características:
–
Afirmam não ser notícia falsa
–
Possui título bombástico
–
Tem um tom alarmista, com palavras como “cuidado” ou “atenção”
–
Omite local, data ou até mesmo fonte (principalmente no caso do Whatsapp)
–
Não traz evidências nem embasamento
–
Coloca-se como único a revelar uma informação escondida pelos demais veículos
–
Pede para ser repassado a um grande número de pessoas e alega consequências
trágicas caso a tarefa não seja realizada
–
Utiliza URL ou até mesmo design gráfico semelhante a veículos conhecidos.
Punição
O
material lembra que as pessoas responsáveis pela difusão dessas mensagens podem
ser punidas, como o enquadramento nos ilícitos de calúnia e difamação, além de
danos morais. No Brasil, o ilícito relacionado a um conteúdo falso só existe na
legislação eleitoral, mas esses outros tipos penais podem ser utilizados.
Na
Paraíba, a Assembleia Legislativa aprovou uma lei pela qual poderá multar quem
difundir conteúdos falsos sobre a pandemia. A sanção pode ser entre R$ 1 mil e
R$ 10 mil para quem difundir uma mensagem enganosa no estado que gere algum
tipo de dano. Os recursos arrecadados serão direcionados para as ações de
combate a epidemias no estado.
Hábitos
O
Whatsapp é um dos principais meios de difusão de notícias falsas. O app é um
dos principais canais de informação dos brasileiros, segundo o Relatório de
Notícias Digitais do Instituto Reuters, que analisa hábitos de consumo de
comunicação em todo o mundo. A rede social conta com mais de 130 milhões de
usuários brasileiros. A jornalista Carolina Valadares relatou à Agência
Brasil que tem evitado se informar pelo aplicativo Whatsapp.
Na
avaliação da organização internacional Avaaz, que atua no combate à desinformação,
existe uma “infodemia”, com uma inundação de desinformação nas redes sociais.
Exemplos são “lives” em redes como Facebook, Instagram e Youtube, para
disseminar conteúdos falsos, além de áudios adaptadas para a realidade de cada
país. É o caso, por exemplo, de áudios supostamente atribuídos a autoridades de
saúde ou personalidades confiáveis com métodos e curas falsas.
“Algumas
dessas mensagens podem até mesmo levar à morte em momentos de desespero, mas
ainda, a longo prazo, gera uma grande desconfiança nas instituições, resultando
em uma ameaça ainda maior às nossas democracias e nossa saúde. A desinformação
dá às pessoas a falsa sensação de segurança e levam essas pessoas a agirem de
maneiras que podem ajudar a espalhar o vírus”, comenta Laura Moraes,
coordenadora de campanhas da entidade no Brasil.
Medidas
Plataformas
digitais anunciaram medidas contra a disseminação de notícias falsas. O Google
lançou um alerta que dá acesso a notícias, dicas de segurança e outras
orientações de autoridades como a Organização Mundial da Saúde e o Ministério
da Saúde. De acordo com a assessoria da empresa, milhões de anúncios que
tentavam arrecadar com o tema foram bloqueados, além de ter sido implementada a
proibição de anúncios em que apareciam máscaras médicas. O serviço de notícias
do conglomerado, Google News, criou uma seção específica com informações sobre
a pandemia. Na Play Store, a loja de aplicativos, quando uma pessoa procura um
app sobre o assunto são mostrados aqueles relacionados a autoridades públicas,
como o “Coronavírus – SUS”, do Governo Federal e o “Coronavírus Ceará”,
do Governo do Estado do Ceará.
Por
outro lado, o Youtube, maior plataforma de vídeo e também controlada pelo
Google, permitiu a monetização de vídeos com menção ao novo coronavírus. Em 11
de março, a diretora executiva da empresa, Susan Wojcicki, declarou em
comunicado que esta alternativa seria controlada. Mas em 16 de março, a empresa
anunciou a expansão desse recurso, mantendo apenas diretrizes aos produtores de
conteúdo, como checar a informação, uso de fontes confiáveis (como OMS e
autoridades de saúde) e manter “a melhor das intenções possíveis”.
De
acordo com a assessoria da empresa, vídeos de fontes confiáveis são destacadas
nos resultados de busca. Além disso, seguem valendo as regras internas da
plataforma, que proíbem, por exemplo, produtos nocivos. Entretanto, tanto o
Youtube quanto outras plataformas tiveram de seguir as medidas de quarentena, o
que reduziu as equipes de verificadores de conteúdo e deixou uma maior parte
dessa tarefa para sistemas automatizados.
Twitter
Em
comunicado publicado na última sexta-feira (27), o Twitter alertou que o
emprego maior de ferramentas automatizadas pode gerar uma “perda de contexto” e
pode resultar em erros. A rede social aumentou o escopo do entendimento de
“dano” para incluir aqueles que vão contra as orientações das autoridades de
saúde. Serão excluídos, por exemplo, tuítes que neguem essas recomendações,
divulgação de medida de prevenção e tratamento ineficazes, negação de fatos científicos,
mensagens buscando se passar por autoridades ou afirmações de que determinados
grupos populacionais são menos ou nada suscetíveis à pandemia.
Na
avaliação da Avaaz, as plataformas devem aumentar a escala de suas ações para
seguir a gravidade da pandemia. A entidade defende que elas devem apontar um
conteúdo como falso a todos que viram ou interagiram com aquela informação,
fornecendo links para fontes confiáveis, como a OMS. A organização também
propõe que as plataformas “desintoxiquem” seus algoritmos para que não promovam
conteúdos perigosos (como na definição do que aparece numa linha do tempo ou
recomendação do próximo vídeo).(Agência Brasil)
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