São eles a evolução das transmissões, a capacidade do sistema de saúde e a capacidade de acompanhar
novos casos
Por: Ana Estela de Sousa Pinto, da Folhapress
Trabalhadores na AlemanhaFoto: CEDRIC FETTOUCHE / SEA-EYE.ORG / AFP
Três
critérios técnicos devem guiar os governos europeus na decisão de relaxar as
quarentenas impostas contra o coronavírus, segundo documento que será apresentado
nesta quarta (15) pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
São eles a evolução das transmissões, a capacidade do sistema de saúde e a
capacidade de acompanhar novos casos.
O texto "Um roteiro europeu para
levantar medidas de contenção da Covid-19", obtido pela reportagem,
detalha também princípios que devem orientar as retomadas e sugere medidas de
acompanhamento.
Até esta terça (14), dez países do continente
já haviam anunciado planos para relaxar as quarentenas, dos quais cinco já
retomaram algumas atividades: Eslováquia, República Tcheca, Áustria, Itália e
Espanha. A Dinamarca reabre escolas na quarta, e Noruega, França, Bélgica e
Polônia também tornaram pública a intenção de aliviar os confinamentos.
A decisão sobre quem, como e quando voltar à
vida anterior à pandemia é de cada governo, diz a Comissão Europeia: o objetivo
do "roteiro" é garantir que essas decisões sejam coordenadas, para
que os países não se prejudiquem entre si.
No primeiro critério, os governos devem estar
seguros de que a propagação do coronavírus diminuiu significativamente por um
período de tempo sustentando. Isso pode ser indicado por uma redução duradoura
no número de novos casos e de internações.
O segundo ponto, da capacidade hospitalar,
deve ser medido pela taxa de ocupação de UTIs, o número de leitos hospitalares
disponíveis, o acesso a produtos farmacêuticos usados em casos críticos para os
quais possa haver risco de escassez (antibióticos, anestésicos, medicamentos
para reanimação e relaxantes musculares) e o estoque de equipamentos (ventiladores,
equipamentos de proteção).
Também devem ser verificado que há
profissionais de saúde em quantidade suficiente, com capacidade de atuar
(protegidos de infecção ou recuperados da doença) e treinados para atender a
emergências respiratórias.
Esse critério é essencial, segundo a
Comissão, porque garante que as equipes possa atender não só um repique de
infecções por Covid-19 como um aumento de procura de casos que foram adiados
temporariamente por causa da pandemia.
Em terceiro lugar, os governos devem ter
desenvolvido capacidade de monitorar a população, incluindo testes em larga
escala para detectar a propagação do vírus, rastrear os contatos de quem for
infectado (que devem entrar em quarentena) e tratar os doentes.
Detecção de anticorpos também é necessário
para calcular a parcela da população que já teve contato com o coronavírus e
pode ter adquirido imunidade. Principalmente nos maiores Estados, os governos
devem avaliar esses critérios em nível regional, pois pode haver áreas do país
menos preparadas para relaxar as medidas.
Com base nas recomendações da ECDC (agência
para o controle de doenças) e num grupo de consultores sobre como combater a
pandemia, a UE sugere os seguintes passos para retomar as atividades:
- Fazer o relaxamento gradual, em etapas
diferentes, com um tempo razoável para medir seus efeitos (a sugestão é de um
mês)
- Substituir progressivamente medidas gerais
por outras mais específicas. Por exemplo, prolongar o distanciamento social dos
idosos.
- Começar com o relaxamento de medidas com
impacto local e estendê-lo gradualmente, levando em conta diferenças regionais.
- Abrir em fases as fronteiras internas e
externas, levando em consideração as diferenças regionais de infecção e
abertura e garantindo o transporte de carga Retomar a atividade econômica de
forma gradual, com base na possibilidade de trabalho remoto, na importância
econômica da atividade, na frequência de contato dos trabalhadores.
- Nem toda a população deve voltar ao local
de trabalho ao mesmo tempo. A prioridade devem ser setores menos ameaçados
essenciais para facilitar a atividade econômica, como transporte.
- Permitir progressivamente reuniões de
pessoas, com horários diferentes para almoço em escolas, salas de aulas
menores, mais ensino à distância, restrição ao número de clientes em lojas,
redução do horário de funcionamento e da ocupação de restaurantes.
- No transporte público, a densidade de
passageiros deve ser reduzida, a frequência de serviço aumentada e deve ser
assegurado equipamento de proteção e barreiras de desinfecção.
-
Reforçar a comunicação para impedir a propagação do vírus, com campanhas sobre
práticas de higiene (lavar as mãos, etiqueta para tossir / espirrar, limpar
superfícies com alto contato etc.) e distanciamento social Monitorar
continuamente o relaxamento e manter a preparação para retomar medidas de
contenção mais rigorosas, em caso de aumento das taxas de infecção.
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