“O ataque contra civis famintos em Gaza confirma o genocídio denunciado por Lula e exige do presidente do Senado postura à altura do cargo”, afirma Aquiles Lins
Lula e Rodrigo Pacheco (Foto: Pedro França/Agência Senado | Ricardo Stuckert/PR | Jefferson Rudy/Agência Senado)O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve ter visto as imagens do ataque feito pelo exército de Israel contra uma multidão faminta que estava em volta de um comboio de ajuda humanitária em Gaza, matando pelo menos 112 palestinos. As imagens circularam o mundo. O mais recente crime do regime sionista de Benjamin Netanyahu ocorreu no dia em que superou 30 mil o número de mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra.
No dia 20 de fevereiro, Rodrigo Pacheco exigiu uma retratação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter declarado que o que está acontecendo com o povo palestino na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, a não ser quando Hitler resolveu matar os judeus. A fala de Lula ocorreu em Adis Abeba, na Etiópia, e constrangeu os líderes das principais potências mundiais, que se mostram indiferentes com a matança em Gaza. Mas no Brasil, veículos da mídia corporativa e políticos da oposição criticaram a fala firme do presidente. Pacheco, que se diz aliado do governo, foi um deles. Em discurso da Mesa Diretora do Senado, Pacheco disse que o seguinte: “Estamos certos de que essa fala equivocada não representa o verdadeiro propósito do presidente Lula, que é um líder global conhecido por estabelecer diálogos e pontes entre as nações, motivo pelo qual entendemos que uma retratação dessa fala seria adequada”.
O presidente jamais se retratou de sua declaração. Pelo contrário, reafirmou-a em outras ocasiões, como no dia 21 de fevereiro, durante evento da Petrobrás. Na quarta-feira (28), durante discurso em Georgetown, capital da Guiana, Lula voltou a classificar pelo nome os atos do governo israelense contra palestinos. “O genocídio na Faixa de Gaza afeta toda a humanidade, porque questiona o nosso senso de humanidade e confirma, uma vez mais, a opção preferencial pelos gastos militares em vez do combate à fome na Palestina, na África, na América do Sul e no Caribe”, disse o presidente.
Assim, diante das imagens absolutamente chocantes do exército de Israel abrindo fogo e matando civis indiscriminadamente, o presidente do Senado brasileiro se vê na incômoda posição de ter assumido o lado opressor da história. E agora tem que lidar com suas implicações políticas, éticas e humanitárias. Mas o político que ocupa a cadeira de presidente do Congresso Nacional, que busca em Lula seu avalista para uma eventual disputa ao governo de Minas Gerais nas eleições de 2026, produz um silêncio ensurdecedor. Pacheco não pode se apequenar diante da História. O ataque contra civis famintos em Gaza confirma o genocídio denunciado por Lula e exige do presidente do Senado uma postura à altura do cargo. Pacheco precisa reconhecer que a posição equivocada foi a sua própria, ao brigar com os fatos, e não a do presidente Lula, que teve a coragem de dizer o que nenhum chefe de estado do ocidente disse. E em seguida Pacheco deve fazer a retratação que ele reivindicou de Lula. - (Por: Aquiles Lins).
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