O resultado do PIB do ano
passado foi uma forte queda de 3,6% de nossas riquezas, consolidada sete meses
após o início do governo Michel Temer. Uma tragédia para a economia brasileira
que, infelizmente, não para por aí. Na semana que passou o jornalista Fernando
Rodrigues revelou que a equipe econômica tem em mãos números mostrando que, ao
contrário do que tenta fazer crer o próprio governo, o Produto Interno Bruto
(PIB) deverá sofrer uma queda de até 1,1% neste ano. Ou seja, ao se confirmar o
prognóstico oficial, o que com certeza ocorrerá, nosso país emplacará três anos
seguidos de recessão.
Mas afinal, o que está
acontecendo? Não era o pessoal desse governo que dizia que bastava tirar a
presidenta Dilma que a economia iria melhorar porque resgataríamos as
expectativas, as pessoas teriam fé no País novamente? Não era esse governo de
Michel Temer e do ministro Henrique Meirelles que dizia que a confiança
voltaria e tudo seria melhor? Não eram o PMDB e o PSDB que previam a retomada
do crescimento econômico? Tirem a Dilma que a confiança vai voltar e a economia
vai crescer. Quanta hipocrisia!
A economia está no fundo do
poço e dela não sairá, a menos que se mude completamente a política econômica
que está sendo implementada. A austeridade fiscal, acompanhada dessas reformas
que desmontam o Estado de Bem Estar Social mínimo, que conquistamos a partir da
Constituição de 1988 e com os governos de Dilma e Lula, implantadas por esse
governo, levará o Brasil cada vez mais para baixo.
Nesse contexto, é preciso que
se diga que nós, do PT, brigamos pouco contra a nomeação de Joaquim Levy para o
Ministério da Fazenda em 2015. Foram as medidas de ajuste dele, com os cortes
nos investimentos, que deram combustível inicial para a crise. Quando Levy saiu
e o ministro Nelson Barbosa assumiu, iniciamos uma recuperação, que foi
interrompida com o processo de impeachment. Temer e Meirelles aprofundaram o
“ajuste” que resultou na destruição da nossa economia.
Tanto foi assim, que na
quebradeira geral do ano passado, não podemos esquecer de um detalhe: o PIB
recuou 0,9% no quarto trimestre de 2016 em relação ao trimestre anterior. Foi o
oitavo resultado negativo consecutivo nessa base de comparação. Pelo jeito, a
tal confiança dos agentes econômicos não acompanhou o golpe.
E o que diz agora esse governo
que começa a sentir a rejeição nas ruas? Que nós vamos ter crescimento de 2,4%
no quarto trimestre de 2017, como diz Meirelles, e até mesmo uma leve
recuperação já no primeiro trimestre, como falou o presidente na mídia deste
final de semana. Será mesmo?
Alguém acredita que teremos
crescimento com as medidas que Temer está tomando? Sexta-feira passada foi
divulgado que o BNDES registrou lucro líquido de R$ 6,392 bilhões em 2016, uma
alta de 3,1% em relação a 2015. Esse resultado não foi porque o banco deu mais
empréstimos, mas porque ganhou aplicando o dinheiro parado. Isso mesmo. Ao
emprestar menos do que nos últimos anos, o BNDES viu seu caixa engordar para R$
129 bilhões no fim de 2016, mesmo após devolver R$ 100 bilhões em empréstimos
ao Tesouro. É inacreditável!
No lugar de fortalecer o papel
do BNDES como indutor do desenvolvimento, estão travando os financiamentos que
poderiam ajudar na recuperação da indústria e de outros setores. Fazem o mesmo
com o Banco do Brasil, que enfrenta agora um processo de “reestruturação” cujo
ponto alto é o fechamento de centenas de agências espalhadas pelo país. Quem
mais vai sofrer são os agricultores familiares.
Exemplos do desmonte não faltam.
O mais preocupante deles, porém, ainda está em andamento. Além de tentar impor
anos e anos a mais de trabalho aos brasileiros, o governo vai mexer
profundamente com a economia dos pequenos municípios se conseguir aprovar a
reforma da Previdência como deseja. O dinheiro da aposentadoria é de
fundamental importância para muitas cidades do interior do Brasil. É esse
recurso que movimenta o comércio e a vida das pessoas nesses locais.
Fazer a crueldade de aumentar
para 65 anos a aposentadoria dos homens e das mulheres do campo, e agora também
do urbano, e ainda desvincular do salário mínimo os benefícios sociais,
provocará um forte impacto nas finanças desses municípios.
Quando estourou a crise
financeira internacional, no final de 2008, o presidente Lula tomou uma série
de medidas que impediram a derrocada no Brasil. Ele fez o BNDES cumprir seu
papel, facilitou o crédito, esticou as parcelas do seguro desemprego e investiu
mais em programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. O
Banco Mundial, inclusive, recomendou no mês passado que o governo ampliasse o
Bolsa Família para evitar o aumento da pobreza neste período de recessão. Lula
dizia que dinheiro nas mãos dos pobres faz a economia girar. Ele estava certo.
Mesmo com a descrença da velha elite, vencemos a “marolinha”.
É isso que o PT propõe de
imediato para superarmos a atual crise. Mas o governo diz que sem o ajuste
fiscal e as reformas o país vai quebrar. Diz também que a queda da inflação
mostra que ele está no rumo certo. Só se esquece de lembrar que a inflação caiu
porque a recessão travou o consumo das famílias e o investimento das empresas.
A economia está no chão!
Há poucos dias o nosso
presidente afirmou que seu governo está tomando medidas ousadas. Tão ousadas
quanto seus conceitos a respeito do papel da mulher na sociedade. Quem sabe o
PIB não dará um grande salto se colocarmos as mulheres para “indicar os
desajustes de preço nos supermercados”.(247)
Essa é a ousadia de Temer.
Blog do BILL NOTICIAS