A Polícia
Civil (PC) de Pernambuco investiga mais um possível caso relacionado ao “jogo”
baleia azul, um desafio com 50 missões, sendo a última delas acabar com a
própria vida. A mãe de uma jovem de 19 anos, preocupada com os sinais de
mutilação da filha, registrou a ocorrência na Delegacia do Cordeiro, Zona Oeste
do Recife, na última quinta-feira (11). Os detalhes foram divulgados em
coletiva de imprensa nesta sexta (12), no Centro da capital. Segundo a PC, esta
é a oitava ocorrência relacionada ao "jogo" no estado e é considerada
a mais grave, pois a vítima estaria na fase final.
De acordo com o delegado do
Cordeiro, Carlos Couto, a mãe procurou a polícia após tomar conhecimento de uma
postagem de uma foto no Facebook. A imagem foi encontrada pelo tio da vítima,
na madrugada da última quarta (10), onde aparece uma menina semi-nua, com
sinais de autoflagelações na região do abdômen e pernas. Outras lesões também
foram encontradas na região dos punhos.
A mãe disse que a filha não
quis mostrar o corpo para que ela confirmasse a suspeita. "Ela resistiu um
pouco, mas acabou permitindo, e eu constatei que o corpo dela estava mutilado,
mas, de maneira nenhuma, ela confessou, apenas silenciou durante toda a
conversa. Eu fiquei horrorizada, apavorada, e de imediato me prontifiquei
a procurar a polícia", contou.
A jovem teria sido captada em
uma comunidade na rede social Facebook. A polícia teve acesso ao celular da
garota, onde verificou no aplicativo Mensseger, do Facebook, o diálogo entre
ela e os chamados curadores do “jogo”, as pessoas que convidam os jovens a
participaram e comandam a entrega dos desafios a serem cumpridos o tempo todo.
“Foi instaurado um inquérito
policial e, em princípio, constatamos que há evidências sim da participação
dessa jovem no 'jogo'. Inclusive, ela teria confessado que estava jogando para
outras duas familiares, que ainda serão ouvidas. Pelo número de mutilações,
pelas mensagens que contam no aplicativo dá sim a entender que ela já estaria
pelo menos na parte final do 'jogo', uma vez que há uma mensagem em que o
suposto curador pede para ela subir até um telhado, possivelmente para se
jogar”, disse o delegado.
A adolescente foi levada à
Delegacia do Cordeiro, mas não quis colaborar com a investigação. Depois, ela
foi encaminhada ao Instituto de Medicina Legal (IML), também no Recife, onde
não quis mostrar todas as lesões. O delegado acredita que a jovem está sendo
coagida pelos curadores do jogo.
“Ela não mantém nenhuma
espécie de comunicação verbal, nem mesmo com os pais. Para vocês terem uma
ideia, do final da manhã até por volta das 18h [de quinta], a gente não
conseguiu extrair nada, nenhuma palavra dela, nem por escrito, [meros acenos de
cabeça. Ela demonstra interesse em permanecer no 'jogo', mantém insistente
vontade de ter acesso ao celular e redes sociais, onde estava concentrando a
vida”, informou.
A polícia trabalha para
identificar os supostos curadores, que conversavam com a adolescente por meio
do Facebook. “Possivelmente, esses criminosos devem estar atuando com diversas
outras pessoas, por isso a importância dos pais, e no ambiente escolar, estarem
sempre atentos para notificar esses casos o mais rápido para a polícia”,
apontou o delegado. Dos oito casos registrados no estado, dois estão sob
investigação da Polícia Federal.
Caso mais grave
Segundo o chefe da Polícia
Civil de Pernambuco, Joselito Kehrle, esta é a ocorrência mais preocupante de
todas que já foram notificadas no estado. "Esse caso foi o mais grave dos
oito que Pernambuco está investigando porque ela [a jovem] se encontrava na fase
final do ‘jogo’. O nome baleia azul é porque o animal, em determinado momento
da vida, se suicida. Provavelmente o curador deve, se ela reatar a comunicação,
estar ameaçando de alguma forma a mãe, o pai ou ela própria, e ela está,
digamos assim, obstinada a cumprir a a última tarefa, que seria o suicídio. Por
isso, é um caso gravíssimo, que a gente tem trabalhado com toda cautela e
cuidado", explicou.
Kehrle informou que a polícia
vai buscar, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, atendimento psicológico e
psiquiátrico para que a jovem saia definitivamente do 'jogo', algo que ela se
recusa. O idealizador do jogo, o russo Philippe Budeikin, 21 anos, segundo o
chefe da Polícia Civil, foi preso e confessou que queria uma “assepsia
biológica” das pessoas que queriam morrer, porque elas seriam frágeis.
“Os psiquiatras forenses dizem
que as pessoas que entram no jogo já têm um buraco afetivo que é preenchido
pelo curador, e ai as pessoas ficam subjugadas ao curador, atendendo todas as
tarefas que são colocadas. Neste caso [da jovem de 19 anos], pela última
mensagem, acredito que seria a última etapa do ‘jogo’. Assim como a baleia azul
se mata, ela subiria até o lugar mais alto e lá receberia a última missão, que
possivelmente seria saltar do prédio”, disse.
Uma das recomendações de
Kehrle para os pais é que fiquem atentos a sinais como isolamento, muito tempo
gasto na internet e marcas no corpo dos filhos. A mãe da jovem relatou à
polícia que teve muita dificuldade em obrigar a filha a se despir. "O que
ocorreu é que ela fez uma postagem dentro do grupo, que era uma das tarefas,
onde aparece com uma marca de crucifixo feito á faca ou por estilete. A partir
dai, ela verificou que aquelas marcas que tinham na foto estavam no corpo da
filha", explicou.
A mãe contou que a jovem já
era bastante introspectiva e, de três meses para cá, passou a se relacionar
menos com os pais. "Há mais ou menos uns três meses, eu venho notando a
mudança de comportamento na vida da minha filha, como se aprisionar no quarto, passar
muitas horas no banheiro com a porta fechada, escutar música melancólica. Ela
vinha, há algum tempo, se sentindo confortável em ver filmes tristes, de
terror, bastante macabros, de origem perversa. Ela sempre foi introspectiva,
mas estava mais fechada”, disse.
Outros casos
Até o dia 20 de abril, as
polícias Civil e Federal já tinham registrado sete casos de adolescentes
envolvidos com o “jogo” no estado. Dois foram no Recife - um menino no Ibura e
uma menina em Brasília Teimosa , na Zona Sul; uma em Paulista e outro em
Moreno, na Região Metropolitana; um adolescente em Goiana e outro em Vicência,
na Mata Norte.
O caso mais recente tinha
ocorrido no bairro do Ibura. Segundo a polícia, numa das tarefas, o jovem tinha
que filmar o sacrifício de um gato e beber o sangue dele. No “jogo”, a filmagem
teria que ser enviada ao aliciador, conhecido como “curador”, para comprovar
que a tarefa foi cumprida. Caso não fosse, a vítima e família dela seriam
ameaçadas de morte.
As investigações acontecem
tanto em âmbito local quanto nacional e contam com uma força-tarefa e com a
colaboração de polícias de diversos estados. Os aliciadores, mesmo que tenham
menos de 18 anos, podem ser responsabilizados, junto com seus responsáveis
legais. Atualmente, no Brasil, há casos de suicídio e mutilação sob suspeita ou
confirmação de ligação com o jogo em nove estados: Mato Grosso, Minas
Gerais, Bahia, Alagoas, São Paulo, Distrito Federal e Paraíba.
Confira as recomendações da Polícia Federal:
O jogo Baleia Azul
A referência do nome do jogo
não é por acaso. As baleias são popularmente conhecidas por comportamento
suicida ao forçarem o encalhe na praia. Uma das teorias é a “hipótese do
integrante doente”, quando uma baleia doente procura águas rasas e tranquilas
em busca de segurança, outras baleias a seguem e acabam encalhadas também.
Tudo na internet se espalha
muito rápido, mesmo as coisas mais inacreditáveis. Neste caso não é diferente.
O fenômeno ganhou visibilidade e vem se alastrando pelo mundo e tudo começou na
Rússia, em 2015, quando uma jovem de 15 anos tirou a própria vida; dias depois,
uma adolescente de 14 anos, Rina Palenkova, cometeu suicídio na cidade de
Ussuriysk.
Depois de investigar as
causas, a polícia ligou os fatos a um grupo que participava de um desafio com
50 missões, sendo a última delas acabar com a própria vida. A partir daí
aconteceram cerca de 130 suicídios de crianças ocorridos na Rússia de novembro
de 2015 a abril de 2016 e que de acordo com eles, quase todos eram membros do
mesmo grupo na internet.
Causas do suicídio
As autoridades dizem que as
causas principais são amor não correspondido, problemas familiares,
dificuldades na escola, luto na família, saúde mental, falta de oportunidades,
desemprego e abuso de drogas.
Cibercriminosos coagem adolescentes
Jogos com apelos de riscos
letais têm virado moda entre os adolescentes como o jogo da asfixia, desafio do
sal e gelo e jogo da fada. Os adolescentes e pré-adolescentes estão em uma fase
em que ainda não percebem as consequências de seus atos esse jogo pode atrair
não só aqueles em situação vulnerável, mas também outros, pela sedução da
emoção que os desafios propõem.
Pessoas fragilizadas por
eventos traumáticos, isoladas emocionalmente, que possuem dificuldade em
confiar ou que se sentem cobradas e exigidas em demasia são mais propensas a
desenvolver quadros depressivos que as tornam alvos fáceis para esse tipo de
manipulação. Então, utilizando-se da inocência, da paranoia e da neurose de
suas vítimas fazem elas a acreditar que estão à mercê dos administradores;
As vítimas
Normalmente, os alvos dos
criminosos são crianças e adolescentes, já que são facilmente impressionáveis e
por isso são coagidas a participar do jogo no Facebook ou Whatsapp. Em virtude
de terem acesso ao banco de dados do Serasa e Cadastro Nacional (com dados
pessoais como nome completo, escola em que estuda, média de notas escolares,
cidade, endereço, IP e nome de amigos próximos), os aliciadores passam a
assustar as vítimas menores de idade ao mostrar dados pessoais e fazer ameaças.
A criança se sente pressionada
e amedrontada e passa a interagir com eles! As ameaças de seguem com perguntas
tais como: “Desenhe uma baleia com estilete no braço, depois tire uma foto
quando estiver sangrando e me envie. Você, seus amigos e sua família correm
perigo, espero que você salve a eles. Dez minutos para a conclusão, fico no
aguardo."
Fragilidade
Através de informações
pessoais deixadas pela própria criança como problemas em casa, brigas com os
pais, notas baixas na escola, tristeza por ter acabado um namoro, morte na
família – então eles se aproveitam desta fragilidade sentimental para
incentivar a participar do jogo. Acontece que esses cibercriminosos estão
entrando em grupos até de autoajuda, de superação da depressão, discussão sobre
transtorno de ansiedade generalizada e aconselhamento pró-vida no Facebook para
encontrar e atacar suas vítimas.
Onde se joga
Através de links em grupos
contidos no Facebook, numa rede social russa chamada VK atualmente com mais de
33 milhões de usuários ou até mesmo em grupos do Whatsapp criados para essa
finalidade.
Como se joga
Os adolescentes são
previamente selecionados para participar de 50 desafios macabros, onde alguém
por trás da tela (curador- é a pessoa que convida os jovens para o jogo e
comanda e entrega os desafios para serem cumpridos o tempo todo) manipula e dá
as ordens para serem cumpridas pelo jogador. As tarefas que incluem escrever
frases e fazer desenhos com lâminas na palma da mão e nos braços e com
queimaduras, bater fotos assistindo a filmes de terror de madrugada, ficar
doente, subir no alto de um telhado ou edifício, escutar músicas depressivas,
na última "missão" tirar a própria vida.
Vítimas no Brasil
Além de Pernambuco, houve
vítima em diversos estados, como Mato Grosso e Minas Gerais (com mortes de uma
menina em uma represa e de um menino de overdose de remédios - indícios de
cortes no braço e no Whatsapp comentários sobre o jogo, respectivamente). Na
Paraíba, a Polícia Militar investiga casos em que uma classe de alunos já
estariam no procedimento de mutilação.
Como se proteger
1- Denuncie nos grupos. Se
você perceber algum amigo postando fotos e mensagens estranhas nas redes
sociais, talvez ele esteja jogando o baleia azul, não ignore, denuncie. O
próprio Facebook possui ferramentas de denúncia.
2- Você poderá lavrar um
boletim de ocorrência em uma delegacia e caso você tenha acesso às conversas
trocadas entre o mentor e o jogador, pode comparecer a um cartório de notas
onde será lavrada uma ata notarial, dando fé pública ao conteúdo das mensagens
(essa ata será importante fonte de prova caso as mensagens sejam apagadas).
Alerta aos pais
1 - Os pais devem atrair a
confiança dos filhos através do diálogo franco e aberto sem qualquer tipo de
repressão para que no primeiro sinal de perigo a criança possa sentir-se à
vontade e procurar sua ajuda, confidenciando-lhes o que está acontecendo;
2 - Observe o comportamento
estranhos dos filhos tais como isolamento, tristeza aguda, decepção amorosa,
comportamentos depressivos, atitudes suicidas;
3 - Preste atenção no corpo de
seu filho se não existe sinais de mutilação ou queimaduras e se ele de repente
está usando camisas de mangas compridas para evitar a exposição de tais marcas;
4 - Há tempo para tudo. Evite
que seus filhos fiquem expostos há altas horas na internet e assistindo filmes
na televisão pela madrugada.
5 - Observe se ele não está
saindo de casa escondido em horários pela madrugada com o objetivo de cumprir
tarefas impostas pelo jogo;
6 - Os pais devem
supervisionar os acessos dos filhos de uma forma discreta; A vida moderna exige
que os pais tenham pelo menos conhecimento básico de internet – peça ao seu
filho para ser adicionado nas redes sociais deles, fazendo isso você poderá
saber o que está se passando com ele e com quem eles estão interagindo. Caso os
pais não tenha idade para aprender a conviver com este mundo virtual eles devem
delegar tal tarefa para um parente mais próximo (irmão, primo, sobrinho) a quem
o adolescente seja próximo e confie;
7 - Quando possível deixe o
computador num local comum e visível da casa;
8 - Se vetar alguma página
explique as razões e os perigos da rede;
9 - Evitar expor informações
particulares e de dados pessoais em demasia: (telefones, endereços, CPF,
horário que sai de casa e para onde está indo, localização acessível o tempo
todo, etc);
10 - Evitar colocar fotos tais
como: locais onde frequenta (clubes, teatros, igrejas), carros (a placa
localiza o endereço), casa (mostra onde a pessoa mora);
11. - Nunca incluir
desconhecidos nos contatos;
Outras formas de obter ajuda
1 - Também as escolas devem
colocar o assunto em pauta e incorporar no currículo, cada vez mais, a educação
para a valorização da vida, o respeito pela vida dos outros e o uso consciente
das mídias e tecnologias.
1 - E, por fim, não custa
lembrar que o Centro de Valorização da Vida (CVV) presta um serviço incrível
por meio do telefone 141 e você sempre pode buscar órgãos apropriados como a
SaferNet e autoridades locais.
Tipificação penal
A conduta dos mentores do
Baleia Azul é criminosa. "Induzir (criar a ideia de suicídio em alguém),
instigar (incentivar alguém que já estava pensando em suicídio) ou auxiliar
(ajudar materialmente o suicida) o suicídio de outra pessoa é crime, de acordo
com o artigo 122 do Código Penal, punido com pena de dois a seis anos de prisão
caso o suicídio se consuma ou de um a trêsanos de prisão caso a tentativa de
suicídio resulte em lesão corporal grave. Caso tais pessoas sejam menores, as
condutas criminosas que praticarem entram como ato infracional, estando
sujeitos às penalidades instituídas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
A indenização cível deverá ser paga pelos seus responsáveis legais. (Folhape).
Blog do BILL NOTICIAS
Leia mais:
Morte em Arcoverde pode ter
ligação com "baleia azul"
Polícias investigam sete casos
de vítimas do "jogo" Baleia azul em Pernambuco