O golpe de 2016 foi ancorado em três grandes pilares. O primeiro deles, que engajou a classe política na quebra do pacto democrático e na derrubada de uma presidente honesta, foi a esperança de que, com o golpe, fosse possível estancar a sangria e salvar da guilhotina uma penca de políticos corruptos. Quem melhor formulou essa tese foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
O segundo pilar foi a entrega das riquezas nacionais aos grupos internacionais que patrocinaram o golpe. Desde que Michel Temer assumiu o comando do país, o pré-sal, maior descoberta energética do século 21, já foi entregue passivamente a grupos como Shell, Exxon, Total e até a uma estatal norueguesa – a Statoil – que cresceu num país onde impera o modelo de partilha, implantando por Lula e Dilma e destruído pela aliança antinacional formada por PMDB e PSDB.
O terceiro eixo é a retirada de direitos, como o fim das garantias trabalhistas e das aposentadorias, embora nada disso gere prosperidade, como já se viu nos números do mercado de trabalho divulgados ontem, referentes ao mês de novembro.
Essa destruição completa de um país, que possibilitou, segundo o sociólogo Jessé de Souza, o maior roubo da história, que foi justamente a entrega do pré-sal, não teria ocorrido sem a Operação Lava Jato, que, com seus vazamentos seletivos e cronologicamente pensados, estimulou protestos de uma classe média manipulada pelos meios de comunicação e de grupos protofascistas. Com isso, o Brasil derrubou uma presidente reconhecida como honesta até por seus adversários e instalou no poder o que Jessé qualifica como "sindicato de ladrões".
Agora, depois de todo o estrago, três procuradores da Lava Jato, Deltan Dallagnol, Diego Castor e Carlos Fernando Lima, decidiram protestar contra o que chamam de "insulto de Natal" – um indulto de Michel Temer que alivia penas de condenados por corrupção. Os três, no entanto, ainda não protestaram contra a entrega do pré-sal nem contra o ataque às aposentadorias.
Ocorre que o golpe tem o seu tripé. Duas pernas – o roubo do petróleo e o ataque aos trabalhadores e aposentados – não bastam para mantê-lo de pé. A proteção aos corruptos é o preço a se pagar por um governo como o de Temer, que foi colocado no poder justamente para destruir aquela que seria a quinta economia do mundo e hoje caminha para ser uma nova colônia dos países desenvolvidos, com um população escravizada por uma elite corrupta e entreguista.(247).
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