domingo, 29 de outubro de 2023

GUERRA ISRAEL-HAMAS - Israel expande ofensiva terrestre em Gaza; Netanyahu diz que será guerra 'longa e difícil'

Madrugada de sexta para sábado foi marcada pelo maior bombardeio desde o início do conflito, e combates são reportados ao redor do território


                                    Por Agência O Globo
Conflito entre Israel e Movimento Islâmico Hamas na Faixa de Gaza - Foto: Jack Guez/AFP

guerra entre Israel e Hamas entrou na terceira semana neste sábado, com os militares israelenses realizando a maior série de bombardeios desde o início do conflito, e com forças terrestres avançando ainda mais pelo Norte da Faixa de Gaza. Em uma entrevista coletiva marcada pelo tom nacionalista, o premier Benjamin Netanyahu alertou que a guerra será "longa e difícil", e que usará "todos os recursos disponíveis" para libertar os mais de 200 reféns em poder do Hamas e grupos que atuam em Gaza.

Desde a noite de sexta-feira, quando todas as comunicações foram cortadas dentro de Gaza (com a exceção de alguns telefones por satélite e com chips de outros países), o território sofreu o maior ataque aéreo desde o começo da guerra, com as ações concentradas no Norte do território — segundo as Forças de Defesa de Israel, foram atingidos 150 alvos na região, incluindo postos de comando do Hamas e a rede de túneis construída pelo grupo ao longo dos últimos anos. Cem aeronaves foram utilizadas nos bombardeios.

Os militares afirmam que entre os mortos nos bombardeios estava Asem Abu Rakaba. Ele foi apontado como o chefe por operações aéreas do Hamas, incluindo ações com drones e de defesa aérea. Segundo Israel, Abu Rakaba planejou o uso de parapentes e drones durante os ataques de 7 de outubro. Não há confirmação por parte do Hamas.

— Essa noite, o chão de Gaza tremeu — disse, em mensagem de vídeo, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant. — Atacamos por cima do chão e debaixo da terra. Atacamos terroristas em todos os níveis, em todos os lugares. As instruções para nossas forças são claras: a operação vai continuar até que uma nova ordem seja dada.

Por terra, os israelenses confirmaram que a operação iniciada na sexta-feira foi mais ampla do que as incursões de quarta e quinta-feira, mas ainda não há sinais de que as tropas tenham assumido o controle de partes do território de Gaza. Segundo um porta-voz das Forças Armadas, a ofensiva usou "infantaria, unidades de engenharia e artilharia" contra posições do Hamas e de grupos locais.

— As forças estão no terreno e continuam a lutar — declarou Daniel Hagari à CNN. Ele não deu detalhes sobre uma operação ainda mais ampla, que vem sendo ventilada por lideranças israelenses desde o começo da semana.

Na primeira entrevista coletiva concedida desde o início do conflito, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que a guerra está entrando em uma segunda etapa, e alertou que esse conflito será "longo e difícil" — em entrevistas passadas, alguns integrantes do governo chegaram a estimar que as hostilidades durariam mais de um ano, mas o premier não quis estabelecer prazos, apenas declarou que o país "está pronto".

— Esta é a segunda fase da guerra, cujos objetivos são claros: destruir as capacidades militares e de governo do Hamas, e trazer os reféns de volta para casa — disse o premier. — Nós declaramos "jamais novamente", e reiteramos: "jamais novamente, agora". Meu coração doeu quando me encontrei com as famílias dos reféns. Garanti a eles que vamos explorar todos os caminhos para trazer seus entes queridos para casa. Os sequestros são um crime contra a humanidade.

Ao ser questionado sobre uma proposta do Hamas para trocar os reféns por prisioneiros palestinos, Netanyahu preferiu não responder, dizendo que não pode dar detalhes sobre esse tipo de conversa. No sábado, o ex-chefe do Mossad, Yossi Cohen, declarou ao Canal 11 que "está trabalhando profundamente no Oriente Médio para achar uma solução que atenda a aspectos estratégicos, incluindo a questão dos reféns", e afirmou que "o quadro está chegando perto de um entendimento".

Netanyahu também fez críticas aos que acusam Israel de cometer crimes de guerra na ofensiva em Gaza. Neste sábado, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse em um protesto pró-Palestina que "vai apresentar Israel ao mundo como um [país] criminoso de guerra". Em resposta, Israel retirou seus diplomatas da Turquia.

— Aqueles que acusam as Forças de Defesa de Israel de crimes de guerra são hipócritas. Eu peço aos civis de Gaza para que sigam rumo ao Sul da Faixa de Gaza. O inimigo, de forma cínica, usa hospitais como abrigos. Israel está lutando uma batalha pela humanidade contra bárbaros — disse Netanyahu. — Essa é nossa segunda guerra de independência. Essa é a missão de minha vida.

Noite 'mais difícil' da guerra
Em Gaza, que desde sexta-feira está praticamente sem acesso a comunicação com o mundo exterior, os poucos relatos que surgem mostram a escala da violência dos bombardeios israelenses. Hani Mahmoud, correspondente da rede Al Jazeera, disse que essa foi a noite "mais difícil e sangrenta desde o início do conflito". Mahmoud, que está em Khan Younis, disse que muitas bombas caíram nos arredores do hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza — o governo israelense vem acusando o Hamas de usar o local como uma base de operações, algo que o grupo terrorista nega.

— Estamos ouvindo relatos de que centenas de pessoas foram mortas nessas áreas, e os serviços de emergência não estão conseguindo chegar até eles a tempo — disse Mahmoud em uma participação ao vivo, direto de Khan Younis. Ao fundo, era possível ouvir o som dos drones israelenses.

Philippe Lazzarini, chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA, em inglês), disse que não recebeu notícias de vários de seus colaboradores desde o corte nas comunicações em Gaza. Na sexta-feira, ele alertou que muitos civis em Gaza morrerão não só por causa da guerra, mas também pela falta de alimentos, água, remédios e doenças causadas pelas condições insalubres.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 7,7 mil pessoas morreram no território desde o início dos bombardeios, e quase 20 mil ficaram feridas. Os ataques do Hamas contra Israel, no dia 7 de outubro, deixaram 1,4 mil mortos e 5,4 mil feridos. Segundo estimativas, 226 pessoas estão sendo mantidas reféns em Gaza, sendo que não há informações sobre 100 delas — um representante do braço militar do Hamas afirma que 50 reféns morreram por causa dos bombardeios, mas a informação não pode ser confirmada de maneira independente.

Neste sábado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse ter ficado "surpreso" com a expansão da ofensiva israelense, e apontou que isso afeta diretamente o envio de ajuda humanitária às mais de 2 milhões de pessoas que estão em Gaza.

"Fui encorajado, nos últimos dias, pelo que parecia ser um consenso crescente na comunidade internacional, incluindo entre os países que apoiam Israel, sobre a necessidade de uma pausa humanitária nos combates para facilitar a libertação de reféns em Gaza, a retirada de cidadãos de outros países e o incremento da entrega de ajuda à população em Gaza", disse Guterres, em comunicado. "Infelizmente, ao invés de uma pausa, fui surpreendido pela escalada sem precedentes dos bombardeios e seus impactos devastadores, minando os referidos objetivos humanitários."

Na sexta-feira, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução, apresentada pela Jordânia, que pedia uma "trégua humanitária imediata, durável e sustentável" em Gaza. O texto recebeu o apoio de 120 países, incluindo o Brasil, e foi rejeitado por 14, incluindo Israel e os EUA. Logo depois da aprovação, a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que a ausência de uma menção ao Hamas no texto era "ultrajante". O chanceler israelense, Eli Cohen, chamou o texto de "desprezível", e reiterou as críticas feitas por seu governo ao papel da ONU na guerra. Apesar da aprovação, a resolução não é vinculante.


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Emirados Árabes pedem reunião de emergência do Conselho de Segurança após avanço do genocídio em Gaza

Sábado foi marcado por novas agressões israelenses contra o povo palestino

Bombardeio das Forças de Defesa de Israel em Gaza (Foto: Reprodução)

Os Emirados Árabes Unidos pediram neste sábado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que se reunisse "o mais rápido possível", após a expansão das operações terrestres de Israel em Gaza e a desconexão das redes de telecomunicações, disseram diplomatas.

O conselho de 15 membros poderia se reunir já no domingo, disseram diplomatas, e os Emirados Árabes Unidos pediram que o chefe de ajuda da ONU, Martin Griffiths, e Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU que fornece ajuda aos palestinos (UNRWA), informassem sobre a situação - (Reuters).


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Revolta global contra o genocídio promovido por Israel em Gaza mobiliza centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo

Sábado foi marcado por manifestações gigantescas em grandes metrópoles

Manifestação pró-Palestina na Malásia (Foto: Reuters)


Centenas de milhares de manifestantes se reuniram em cidades da Europa, Oriente Médio e Ásia neste sábado para mostrar apoio aos palestinos enquanto os militares de Israel ampliavam sua ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza.

Numa das maiores marchas, em Londres, imagens aéreas mostraram grandes multidões a marchar pelo centro da capital para exigir ao governo do primeiro-ministro Rishi Sunak um cessar-fogo.

"As superpotências em jogo não estão a fazer o suficiente neste momento. É por isso que estamos aqui: apelamos a um cessar-fogo, apelamos aos direitos dos palestinos, ao direito de existir, de viver, aos direitos humanos, a todos os nossos direitos." disse a manifestante Camille Revuelta.

“Não se trata do Hamas. Trata-se de proteger as vidas palestinas”, acrescentou ela.

Fazendo eco da posição de Washington, o governo de Sunak não chegou a pedir um cessar-fogo e, em vez disso, defendeu pausas humanitárias para permitir que a ajuda chegasse às pessoas em Gaza.

A Grã-Bretanha apoiou o direito de Israel de se defender após o ataque de 7 de outubro do grupo militante Hamas, que Israel disse ter matado 1.400 pessoas, a maioria civis.

O número de mortos em Gaza subiu para 7.650 mortos, também a maioria civis, desde que o bombardeio de Israel começou há três semanas, de acordo com um relatório diário divulgado no sábado pelo Ministério da Saúde palestino.

Tem havido um forte apoio e simpatia por Israel por parte dos governos ocidentais e de muitos cidadãos devido aos ataques do Hamas, mas a resposta israelita também suscitou raiva, especialmente em países árabes e muçulmanos.

Na Malásia, uma grande multidão de manifestantes entoava slogans em frente à embaixada dos EUA em Kuala Lumpur.

Dirigindo-se a centenas de milhares de apoiantes num grande comício em Istambul, o presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que Israel era um ocupante e repetiu a sua posição sobre o Hamas não ser uma organização terrorista.

Erdogan recebeu uma forte repreensão de Israel esta semana por chamar o grupo militante de “combatentes pela liberdade”.

Os iraquianos participaram de um comício em Bagdá e na Cisjordânia ocupada por Israel. Os manifestantes palestinos em Hebron pediram no sábado um boicote global aos produtos israelenses.

“Não contribuam para o assassinato das crianças da Palestina”, gritavam.

Noutras partes da Europa, as pessoas saíram às ruas de Copenhaga, Roma e Estocolmo.

Algumas cidades em França proibiram comícios desde o início da guerra, temendo que pudessem alimentar tensões sociais, mas apesar da proibição em Paris, teve lugar um pequeno comício no sábado. Várias centenas de pessoas também marcharam na cidade de Marselha, no sul do país.

Na capital da Nova Zelândia, Wellington, milhares de pessoas segurando bandeiras palestinas e cartazes com os dizeres “Palestina Livre” marcharam até o Parlamento.

Em Londres, existiam restrições especiais que restringiam os protestos em torno da Embaixada de Israel.

A marcha de sábado foi maioritariamente pacífica, mas a polícia disse ter feito nove detenções: duas por agressões a agentes e sete por ofensas à ordem pública – algumas das quais foram tratadas como crimes de ódio.

A polícia estimou a participação entre 50.000 e 70.000 pessoas.

A polícia de Londres tem enfrentado críticas nos últimos dias por não ter sido mais dura com os slogans gritados por alguns manifestantes durante outra marcha pró-Palestina na capital na semana passada, que atraiu cerca de 100 mil pessoas. - LONDRES (Reuters).


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Em meio a bombas e falta d’água, brasileiros recebem recursos em Gaza

 

Dinheiro foi transferido pela representação do Brasil em Hamala

IBRAHEEM ABU MUSTAFA

Os 32 brasileiros que estão presos na Faixa de Gaza esperando autorização para deixar a região do conflito receberam recursos financeiros na quarta (25) e na quinta-feira (26) para comprar alimentos, água e materiais de primeira necessidade. O dinheiro foi transferido pelo governo brasileiro por meio do Escritório da Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia.  

Enquanto fazia compras na manhã desta quinta-feira (26), o brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, presenciou uma bomba caindo próxima ao mercado da cidade Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza.  

“Não dá para sair de casa. Tem que parar isso, pelo amor de Deus. É arriscado pra caramba sair. Estou aqui na feira comprando coisas e a bomba cai do lado da feira. Absurdo”, lamentou.

 

Hasan vive em São Paulo e foi a Gaza com as duas filhas e a esposa para visitar a família, poucos dias antes do início do conflito.  

O palestino naturalizado brasileiro contou à Agência Brasil que não encontra água mineral ou gás de cozinha.  

“Água mineral a gente não tem, porque você não acha. Antigamente, 500 litros (de água potável) eram 10 shekels, hoje 500 litros são 100 shekels, mas você não acha nunca. Não tem energia para filtrar essa água. Fruta é muito difícil achar na feira. A única coisa que a gente acha bastante é o pepino, o resto você não acha fácil não”, relatou.  

A família de Hasan Rabee também está há três dias sem gás de cozinha. “Esses recursos não valem nada se você não está achando para comprar. Comida, estamos fazendo enlatados e conservados, lata de atum, de carne e mortadela enlatada. Mesmo assim, farinha de trigo e pão a gente não encontra”, disse.  

Hasan disse que estão bebendo água encanada, que só chega no térreo do prédio, sendo que a família fica no terceiro andar. “Você tem que descer com galão de 20 litros, enche e sobe depois e descarrega. É sofrimento pra caramba”, lamentou.  

Brasileiros em Rafah  

A brasileira Shahed al-Banna, de 18 anos, que está com outro grupo de 16 brasileiros na cidade de Rafah, informou que fizeram compras nessa quinta-feira. “Compramos farinha, óleo, azeite, tem verduras, queijos e shampoo”, afirmou a brasileira-palestina, em vídeo encaminhado nesta manhã.  

 

Segundo informou à Agência Brasil o embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, “todas as famílias receberam recursos e estão comprando nos mercados locais. Como não há energia para a geladeira, produtos perecíveis não podem ser estocados”.  

Entidades de ajuda humanitária que trabalham na Faixa de Gaza têm alertado que a quantidade de mantimentos que entram no enclave palestino não é suficiente para atender a população.  

Segundo o Escritório para Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), os cerca de 20 caminhões com ajuda humanitária que estão entrando em Gaza diariamente representam “cerca de 4% do volume médio diários de mercadorias que entravam em Gaza antes das hostilidades”. - (Por Lucas Pordeus León  - Agência Brasil - Brasília).

Edição: Maria Claudia



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