Em pronunciamento de quase cinco minutos, Bolsonaro defendeu o fim do isolamento, chamado por ele de confinamento em massa, e a reabertura
de escolas e comércio
Por: Folhapress
Jair BolsonaroFoto: Foto: Isac Nóbrega/PR
Governadores, empresários, políticos e influenciadores de diversas matizes políticas -incluindo aliados- estão entre os críticos do discurso que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) proferiu nesta terça-feira (25).
Em pronunciamento de quase cinco minutos, Bolsonaro defendeu o fim do isolamento, chamado por ele de confinamento em massa, e a reabertura de escolas e comércio. Se adotadas, as medidas irão na contramão de dezenas de países ao redor do mundo e de recomendações de especialistas.
Por rede social, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que "se [Bolsonaro] não calar estará preparando o fim". Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, considerou "grave a posição externada pelo presidente da República".
Até esta terça, 156 nações haviam fechado todas as suas escolas, segundo levantamento da Unesco.
Em um ataque à TV Globo e ao médico Dráuzio Varella, colunista da Folha de S.Paulo, Bolsonaro afirmou que, pelo seu "histórico de atleta", caso fosse contaminado, "nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão". A fala faz referência a um vídeo de Dráuzio de janeiro, com comentários do médico sobre a situação naquele momento.
Abaixo, veja os principais comentários sobre o pronunciamento:
"A pandemia do #covid19 exige solidariedade e co-responsabilidade. A experiência internacional e as orientações da OMS na luta contra o vírus devem ser rigorosamente seguidas por nós. As agruras da crise, por mais árduas que sejam, não sustentam o luxo da insensatez. #FiqueEmCasa"
Ministro do STF, Gilmar Mendes
"A manifestação em cadeia de rádio e televisão do presidente da República contraria as determinações da Organização Mundial da Saúde. Nós continuaremos firmes, seguindo as orientações médicas, preservando vidas. Eu peço a você, por favor, fique em casa.", disse o Governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC).
"Não é gripezinha. Vou continuar trabalhando em defesa da vida. Olhar nos olhos das pessoas e dizer: estamos numa guerra. ACORDA. Temos que vencê-la. Chega de discurso vazio e delírios. Vamos trabalhar mais e mais. Responsabilidade. Todos contra o coronavírus. #FiqueEmCasa", disse o Governador da Bahia Rui Costa (PT).
"Pronunciamento de hoje mostra que há poucas esperanças de que Bolsonaro possa exercer com responsabilidade e eficiência a Presidência da República. Os danos são imprevisíveis e gravíssimos." Governador do Maranhão Flávio Dino (PC do B).
"Eu não ia voltar ao tema, mas o presidente repetiu opiniões desastradas sobre a pandemia. O momento é grave, não cabe politizar, mas opor-se aos infectologistas passa dos limites. Se não calar estará preparando o fim. E é melhor o dele que de todo o povo. Melhor é que se emende e cale." Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"Neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque." Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
"Desde o início desta crise venho pedindo sensatez, equilíbrio e união. O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública." Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
"Bolsonaro faz um pronunciamento descolado da realidade, ataca a imprensa e insiste em dizer que o novo coronavírus é uma "gripezinha". Hoje totalizamos 46 mortos!!! O Brasil não tem presidente da República!"Deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ).
"Vimos em rede nacional um presidente desqualificado mentir, debochar e provocar um país que, apesar dele, luta bravamente e se une para enfrentar umas das maiores crises da história." Deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ).
"Os brasileiros deveriam anotar os nomes dos empresários, dos apresentadores de TV e dos políticos que, em meio a contaminações, mortes, velórios sem abraços, cremações isoladas... Tiveram a ousadia de dizer que estão acima dos demais... Que não são passíveis de contaminação..." Deputada estadual de São Paulo Janaína Paschoal (PSL).
"O presidente dobrou a aposta do discurso lunático e colocou em xeque as políticas de isolamento defendidas pelo seu próprio ministro da Saúde (...) Em vez de propor soluções, preferiu atacar a imprensa, os governadores e fazer piada em rede nacional. Tragédia anunciada." Deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP).
"738 mortes por coronavirus na Espanha nas últimas 24 horas. Essa doença não é uma "gripezinha". Bolsonaro vive num mundo paralelo. Seu deboche demonstra sua irresponsabilidade e incapacidade de lhe dar com a crise. Enquanto isso, 46 mortes até aqui no Brasil." Deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP).
"Obviamente, existe um ponto ótimo entre combater a epidemia e não deixar a economia implodir, para salvar o máximo de vidas. Ninguém sabe ao certo qual é esse ponto. O presidente Bolsonaro parece genuinamente buscar tal ponto, mas não está comunicando isso da forma correta." Influenciador bolsonarista Leandro Ruschel.
"Se eu fosse redigir este discurso, eu não colocaria este trecho pelo simples motivo de que no Brasil os filhos da puta e os analfabetos abundam. E mais, incluiria também as principais medidas que o Governo JÁ TOMOU contra a crise, em vez de só falar de uma POSSÍVEL cura." Influenciador bolsonarista Bernardo Küster.
"Bolsonaro acerta ao falar da necessidade de evitar histeria e manter atividade produtiva; mas reescreve a importância que deu ao vírus no começo, e alfineta de forma desnecessária a mídia num momento de ser (ou ao menos bancar) o estadista. Podia ter lido meu texto de hoje." Economista Rodrigo Constantino.
"O Ministério da Saúde tem feito um excelente trabalho de como lidar com essa crise, seguindo o exemplo do mundo inteiro. Não há dúvidas de quem está com a razão." Vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz.
"Entre a ignorância e a ciência, não hesite. Não quebre a quarentena por conta deste que será reconhecido como um dos pronunciamentos políticos mais desonestos da história." Presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.
"Decididamente, num momento em que se exige serenidade e liderança firme e responsável, com seu comportamento irresponsável e criminoso o presidente mostra não estar à altura do importante cargo que ocupa." Associação Brasileira de Imprensa.
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