Por: FolhaPress
Bairro do Recife amanheceu deserto neste domingo (19). Governo de Pernambuco determinou o isolamento social em março deste ano, quando surgiram os primeiros casos de coronavírus no Estado (Paulo Paiva/DP)
(FOLHAPRESS) - Maioria expressiva dos brasileiros, 79%, defende algum tipo de punição para pessoas que violem regras de quarentena devido ao novo coronavírus no país.
Desses, contudo, apenas 3% acham que prisão seria uma sanção aceitável. Já multas têm apoio de 33% e advertências verbais, de 43%.
Isso é o que revela pesquisa feita pelo Datafolha na sexta-feira (17), que ouviu por telefone 1.606 pessoas. Sua margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.
A aplicação de medidas restritivas de circulação de pessoas entrou no debate público na semana retrasada.
O governador paulista, João Doria (PSDB), disse que poderia considerar até a detenção como recurso último caso a pandemia se agravasse.
Hoje, não há no país quarentena que impeça pessoas de ir à rua, apenas determinando o fechamento de comércio não essencial.
Doria foi acusado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de arbítrio. O tucano recuou e não falou mais no tema. Na sexta (17), ele estendeu a quarentena paulista até 10 de maio, sem endurecer regras.
Para 18% dos ouvidos pelo Datafolha, os governos não deveriam ter direitos sobre a circulação das pessoas. Outros 3% não souberam responder.
O apoio às multas é mais prevalente entre jovens de 16 a 24 anos e assalariados com carteira registrada, 48%. Já as advertências têm maior apoio entre os mais ricos (5 e 10 salários mínimos, 53%, e de 10 salários para cima, 51%).
Também é mais alta do que a média nacional, 51%, a parcela daqueles que concordam com esse tipo mais leve de punição na região Sul, reduto do bolsonarismo no país.
Na sexta, pesquisa Datafolha indicava uma estabilização da aprovação ao trabalho de Bolsonaro, que registrou 36% de ótimo e bom, ante 38% de ruim e péssimo. Já governadores tiveram seu trabalho aprovado por 54%.
O Datafolha indica constância na forma com que os brasileiros estão se cuidando ante a Covid-19, em relação à rodada anterior da pesquisa, feita de 1º a 3 de abril. Dizem que vivem a vida como antes apenas 4% dos ouvidos, mesmo índice apurado há duas semanas.
Entre os que se cuidam, mas ainda saem de suas casas eventualmente para trabalhar, o índice oscilou de 24% para 26%.
Já entre os que só saem quando é inevitável oscilaram negativamente, de 54% para 50%, enquanto os que se isolaram totalmente oscilaram para cima, de 18% a 21%.
A pesquisa mostra uma tendência de alta, ainda dentro da margem de erro, na percepção de que os brasileiros estão se preocupando menos do que deveriam com a pandemia.
No primeiro levantamento, de 18 a 20 de março, 44% achavam isso. No de 1º a 3 de abril, eram 46%, e agora, 49%.
Enquanto isso, ficou estável a avaliação de que a preocupação é excessiva e caiu, no limite da margem, aqueles que acreditam que ela está na medida certa (34% a 33% a 27%, respectivamente).
A pesquisa telefônica, utilizada no Datafolha, procura representar o total da população adulta do país, mas não se compara à eficácia das pesquisas presenciais feitas nas ruas ou nos domicílios.
O método telefônico exige questionários rápidos, sem utilização de estímulos visuais, como cartão com nomes de candidatos. Além disso, torna mais difícil o contato com os que não podem atender ligações durante determinados períodos do dia, especialmente os de estratos de baixa classificação econômica.
Assim, mesmo com a distribuição da amostra seguindo cotas de sexo e idade dentro de cada macrorregião, e da posterior ponderação dos resultados segundo escolaridade, os dados devem ser analisados com alguma cautela.
Na pesquisa desta sexta-feira, em que se evitou o contato pessoal entre pesquisadores e respondentes, o Datafolha adotou as recomendações técnicas necessárias para que os resultados se aproximem ao máximo do universo que se pretende representar.
Foram entrevistados 1.606 adultos que possuem telefone celular em todas as regiões e estados do país. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
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