Um grupo de policiais
da Bahia acaba de divulgar um manifesto de repúdio contra o deputado Jair
Bolsonaro, que deve concorrer ao Planalto no ano que vem.
O coletivo de
Policiais Baianos Progressistas e Pela Democracia divulgou um texto
ressaltando a importância dos direitos humanos e da valorização da vida.
"Escolhemos essa
profissão para proteger as pessoas — nossas famílias, nossos vizinhos, os
cidadãos e as cidadãs do nosso estado —, para cuidar dos outros, para acabar
com o medo e não para provocá-lo, para garantir a paz social e não para fazer a
guerra. Entendemos que não é abolindo ou desrespeitando os direitos humanos,
como pedem alguns demagogos, que vamos reduzir a violência na sociedade; muito
pelo contrário", diz o texto.
Confira abaixo a íntegra do manifesto anti-Bolsonaro:
PORQUE REJEITAMOS E
SOMOS CONTRA BOLSONARO
O coletivo de
Policiais Baianos Progressistas e Pela Democracia é um grupo informal de
Policiais que se inspira e se associa às ideias do Movimento Policiais
Antifascismo e no Agentes da Lei Contra a Proibição, e acredita numa política
de segurança pública que tenha os direitos humanos e a dignidade da pessoa
humana como fundamento. Escolhemos essa profissão para proteger as pessoas —
nossas famílias, nossos vizinhos, os cidadãos e as cidadãs do nosso estado —,
para cuidar dos outros, para acabar com o medo e não para provocá-lo, para
garantir a paz social e não para fazer a guerra. Entendemos que não é abolindo
ou desrespeitando os direitos humanos, como pedem alguns demagogos, que vamos
reduzir a violência na sociedade; muito pelo contrário.
Num contexto de
profunda crise social, econômica, política, moral e educacional, o aumento da
violência em suas diversas formas, é perfeitamente compreensível que as pessoas
queiram um governante forte e capaz de mudar isso. E esses anseios populares
tem servido como desculpa para discursos que clamam por mais violência para
enfrentar a violência, mais armas para enfrentar os tiros, menos direitos para
proteger os direitos ameaçados pela criminalidade, penas mais duras que chegam
tarde e não mudam nada, mais guerra para reduzir os danos de uma guerra que não
deu certo. Respostas contraditórias, sem dúvida ineficazes, comprovadamente
ruins em todos os países que as adotaram, porém, sedutoras, porque recorrem ao
medo e ao desespero das maiorias para vender uma receita mágica, simplista, mas
que não deu certo em lugar nenhum.
Diante desse quadro,
não poderia haver alguém pior que Bolsonaro para resolvê-lo. Ele demonstra
total despreparo teórico e prático pra enfrentar essa crise e governar um país
tão grande, diverso e complexo como Brasil. Não tem formação e nem experiência
de gestão pública. Não entende nada de Economia. É totalmente ignorante sobre
Relações Internacionais e Política Internacional. Desconhece os problemas do
país e, assim, também desconhece as soluções. Consequentemente não tem qualquer
projeto de governo e de políticas públicas para saúde, educação, moradia,
mobilidade urbana, geração de emprego e renda, e assistência social.
Nem mesmo para área de
segurança pública tem propostas sérias, consistentes e que possam trazer algo
de bom para o país. Embora, quando fala desse tema, pareça saber o que diz, é
um completo incompetente, um político incapaz. Suas propostas para área se
resumem a dar carta branca (sic) para policiais matarem e a liberação geral da
posse e porte de armas de fogo. Como se já não ostentássemos as assustadoras
estatísticas de mortes violentas intencionais- 61,5 mil assassinatos
registrados em 2016 e mais de 3 mil mortes decorrentes de ações policiais.
O pior é que é mais
que isso. Bolsonaro surgiu no cenário político nacional bradando contra a
corrupção e em defesa da ordem. Contudo, ironicamente sua carreira política se
iniciou a partir de atos de desordem, indisciplina e deslealdade perante o
Exército Brasileiro. Após dar uma entrevista e escrever um artigo para a
revista Veja, reclamando dos salários dos militares, foi punido
administrativamente, e, por isso, planejou colocar bombas numa adutora da
Companhia de Águas do Rio de Janeiro e na Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais, a fim de provocar uma desestabilidade política e a queda do Ministro
do Exército.
Quanto à Corrupção,
apesar do discurso moralista e da autodeclaração de homem honesto, não explicou
o aumento do patrimônio incompatível com os vencimentos. Além de ter recebido
dinheiro da Friboi em sua campanha eleitoral e de fazer parte da “Lista de
Furnas”. Seu silêncio em relação às acusações contra Temer, Aécio e outras
figuras do PMDB, PSDB e DEMo chama bastante atenção sobre sua hipocrisia no que
tange ao assunto.
Após a conspiração
terrorista de 1987 denunciada pela revista Veja, acima citada, deixou o
Exército e no ano seguinte elegeu-se vereador pelo município do Rio de Janeiro,
onde se especializou em defender mamatas. De lá para cá, elegeu-se e
reelegeu-se diversas vezes deputado federal, empanturrando-se nas benevolentes
tetas do Estado, ganhando como legislador, mas sem quase nunca legislar. Ao
longo desses quase 30 anos como parlamentar, só apenas duas vezes ele conseguiu
convencer seus colegas de que o que estava propondo merecia se tornar lei. Sua
atuação parlamentar se resumiu a ser um advogado de causa própria. Os projetos
de lei que apresentou diziam respeito a questões corporativas, que visavam
aumentar os benefícios de sua própria classe profissional, a dos membros das Força
Armadas. A exemplo de um projeto de lei que, caso fosse aprovado, obrigaria o
Estado a pagar parte das mensalidades escolares de filhos dos militares
federais (incluindo os filhos dos militares da reserva, como ele).
Se por um lado, sempre
se mostrou desinteressado, incompetente e ineficaz em apresentar propostas que
viessem a impactar positivamente a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Por
outro, se mostrou bastante alinhado ao governo corrupto e golpista de Michel
Temer. Tendo votado a favor da extinção de direitos trabalhistas. Inclusive,
declarou em uma palestra (?) nos EUA que o brasileiro tem que decidir entre ter
trabalho (precarizado claro) ou ter direitos trabalhistas. Pois, como se
percebe, não passa pela cabeça dele a possibilidade do empresário diminuir um
pouco os altos lucros e o trabalhador ter direitos e emprego. Tendo ainda
votado na Lei que amplia a terceirização e precarização do trabalho. Além de
ter também votado a favor da chamada “PEC do Fim do Mundo”, a Emenda
Constitucional nº 95 que congela gastos em saúde, educação, segurança,
assistência social e os investimentos públicos por 20 anos.
Também se mostrou
bastante eficiente em ser um político boquirroto. Se especializou no discurso
de ódio. Sempre proferindo coisas que ninguém julgava possíveis de serem
proferidas em público. Atacando mulheres, gays, negros, refugiados, sobretudo
quando pobres. Chegou a dizer que Quilombolas “não deveriam procriar”, que os
refugiados sírios e haitianos eram escórias, que mulheres deveriam receber
salários menores, que preferia ver um filho morto a se declarar gay e que a
ditadura militar matou pouco. Enfim,
passou três décadas agredindo militantes de esquerda, ativistas de direitos
humanos, gays, mulheres, negros. Além de fazer apologia à tortura, ao estupro e
ao assassinato. Desta forma, ganhou notoriedade não pelo que produziu como
parlamentar – praticamente nada –, mas pelo discurso de ódio contra as
minorias.
Como vemos, tudo o que
ele tem a oferecer é mais violência, medo e ódio. É mais rancor, mais
frustração, mais retaliação, mais tiro, mais sangue. Mais morte, mais
homicídios. Tudo isso para compensar o desemprego, a precarização do trabalho,
a precariedade dos serviços públicos de saúde, educação e assistência social, a
falta de moradia, a desigualdade socioeconômica. Isso que ele está prometendo e
tem a oferecer para o povo brasileiro é o inferno para nós policiais honestos e
bons servidores, que acabamos sendo vítimas de assassinatos, muitos desses
gerados por essa lógica belicista e de culto ao ódio (o Brasil é também campeão
mundial em mortes de policiais). Tudo isso é o contrário do que precisamos.
Enfim, por todo o
exposto e por defendermos a construção de uma sociedade livre, justa e
solidária; que possa garantir o desenvolvimento nacional, a erradicação da
pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais, e
que promova o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade,
orientação sexual e quaisquer outras formas de discriminação, é que rejeitamos
a candidatura do deputado Jair Bolsonaro à presidência da República.
Cap
PM George de Matos Santos- Corregedoria
Cap PM Rogério de Oliveira Barbosa- 6ª CIPM
Cap PM Ricardo Penalva da Silva- 62ª CIPM
Cap PM André Francisco Campos- CPRC/ Atlântico
Cap PM Claudemir Cardoso Mota- Corregedoria
SubTen PM Misael de Souza Santos- CBMBA
Sub Ten Nelia de Souza Amorim Gomes - Corregedoria
1° Sgt PM Paulo César de Oliveira- RR
Cb PM Alexsandro dos Santos Moreira- 27ª CIPM
Cb PM Laércio Neres Brito- 56ª CIPM
Cb PM Angelo Márcio Santos da Silva-
6ªCIPM
Cb PM Gustavo Souza- CBMBA
Cb PM Carla Maia- 56ª CIPM
Sd PM Ricardo de Matos Santos- 97ª CIPM
Sd PM Gilmar Carvalho Figueiredo- 4° BPM
Sd PM Ewerton Santana Monteiro- EsqpMont/Fsa
Sd PM Diego Roberto de Almeida Adorno- 6ª CIPM
Sd PM Jean Carlos Ferreira Dourado- 38ª CIPM
Sd PM Luís de Oliveira Ferreira Júnior- 51ª CIPM
Sd PM Gabriel Matos- Departamento de Comunicação Social (247).
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