O Vale Acordou e o Atordoamento Ideológico
Prezadas Senhoras,
Prezados Senhores,
Nos últimos meses, vimos em nosso
país o levante e o grito de uma nação que há muito não se fazia ouvir,
uma nação que nunca dormiu, mas gemia de dor em seu berço esplêndido.
Uma nação livre em toda sua extensão que falou em coro por todas as
gentes, de todas as classes, de todos os credos, de todas as raças: Vem pra rua!
Na rua, o palco perfeito para a
apresentação coreografada de um enredo de indignação, contra a letargia
do Estado, contra a ineficiência da máquina pública, contra os altos
custos de vida impostos aos cidadãos.
O que quer essa massa livre, colorida,
diversa? Educação de qualidade, acesso à saúde, qualidade de vida digna,
justiça social. Essa massa quer mobilidade urbana, quer combater a
corrupção, quer resgatar para si, a capacidade de inferir na realidade
brasileira e fazê-la melhor.
No Brasil, já vivemos tantos movimentos,
seja por uma justa divisão da terra, pelo direito a propriedade, como a
luta pela reforma agrária, pelo direito a moradia, pelos direitos
trabalhistas, pelos direitos da mulher, pela democracia e pelo direito
ao voto, e tantas outras lutas históricas. O Brasil que temos, é o
Brasil que conquistamos, e o Brasil que queremos é que nos motiva a
lutar.
Na esteira dos acontecimentos, em meio à
justa e legítima manifestação popular, eis que surge o OPORTUNISMO, os
atos de vandalismo, a invasão, depredação e atentados ao patrimônio
público e às instituições públicas, roubos, ataques incendiários,
violência, etc. Embora em certos momentos se tenha notado casos o uso
excessivo da força pela polícia, o que não é admissível, mas a
necessidade de restauração da ordem se impôs.
Como já ensinava o sábio rei Salomão, em seu livro de Eclesiastes (3:15) “O que é já foi; e o que há de ser, também já foi.”.
Desde século XX e também agora no século
XXI, muito se falou dos movimentos populares, que por vezes culminaram
em revoluções sempre anunciadas como redentoras e transformadoras das
realidades presente na vida das populações mundiais. Assim, foi com
Hitler na Alemanha, difusor de um “movimento de massas”, e sua ideologia
repugnante. Não foi diferente na Revolução Russa e o seu modelo
socialista e na mesma direção a Revolução Chinesa e a Revolução Cubana,
hoje, uma ditadura revolucionária, que mantém há cinquenta anos o povo
refém de uma ideologia utópica e um modelo político e econômico
obsoleto, fazendo do seu povo escravos de um pequeno grupo dominante
através de um único partido político, e que infelizmente ainda inspira
muitos déspotas.
Agora, senhoras e senhores, se apresenta
em Petrolina, pessoas que se auto-intitulam, “lideres” do povo, mas são
pessoas sem história política, sem uma vida pública, sem
representatividade, sem serviços prestados a sociedade, em meio a um
movimento que ainda não tem uma clara direção, nem objetivos definidos,
nem uma proposta política conhecida e aceita pela população, apenas o
legítimo sentimento de revolta.
Havia no oculto, escondido nos porões,
nos becos escuros, nas esquinas à madrugada, e eis que por uma
fatalidade ou por um lapso, cai-se a máscara e surge um “líder” que se
mostra séquito de uma doutrina ideológica, esta, uma das mais nocivas ao
Estado Democrático de Direito, o ANARQUISMO.
O que é e o quer o ANARQUISMO? Vejamos!
Segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1993),
“anarquia” significa: “1. Falta de governo ou de chefe; 2. Confusão e
desordem disso resultante” já para “anarquismo”, a definição é a que
segue: “Teoria que considera a autoridade um mal e preconiza a
substituição do Estado pela cooperação de grupos associados”
Para o professor Antônio Lima, em sua
obra “Tudo o que você queria saber sobre Anarquia” que foi publicada
pelo Grupo Autonomia (2006):
O Anarquismo acaba com a organização
social onde um, quer sempre mandar no outro. Nele, ninguém é obrigado a
fazer nada que não tenha vontade, nem muito menos a aceitar pontos de
vista divergentes aos seus.
(…) O Anarquismo abre caminhos ainda que
as pessoas nadem contra a correnteza, vivendo o Anarquismo do modo que o
concebem, seja individualmente, isoladamente ou até mesmo ciganamente. A
lei da vida é o amor… mas o amor sob vontade. Todo mundo tem direito de
viver a vida da maneira que quiser.
(…) Por isso o Movimento Anarquista não
compactua com eleições, partidos políticos ou coisas do gênero. Sob o
ponto de vista Anarquista, todo aquele que visa o poder sobre seus
semelhantes é inimigo da liberdade dos mesmos.
Portanto minhas senhoras e meus
senhores, eis a tamanha incoerência de um movimento ideológico que nega o
Estado Democrático de Direito em toda sua essência e sua forma de
instituição, que não reconhecem os seus poderes e a ordem constituída,
querer “mudar” o que não acredita, quando em verdade quer destruí-lo.
Eis a AUSÊNCIA DA HONESTIDADE
INTELECTUAL, e a DESFAÇATEZ daqueles que por OPORTUNISMO se alimentam de
um sentimento legítimo do povo quer um Estado melhor, mais próspero e
mais justo. Um Estado que foi conquistado com sangue, com luta honrada,
com a história e o sacrifício de vida dos heróis de muitas gerações que
nos enche de orgulho como a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração
Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817), pela independência e
pela soberania do Brasil, e que já carregavam o gérmen do sistema
republicano de governo que hoje vivemos em nosso Estado.
Estes oportunistas de agora, agitam,
inflamam, agridem, desrespeita, difamam, não têm limites para impor suas
vontades. Criticam o Estado, mas se alimentam do seu poder e da sua
fragilidade, criticam da justiça, mas não respeitam as leis e a ordem.
Falam de liberdade de manifestação, ao tempo que criticam, atacam e
desrespeitam os órgãos de imprensa livre brasileira. Quem lhes dá
direito para tal? Como adquiriram legitimidade para falar em nome do
povo? Os povos os conhecem? Sabem das suas reais intenções? Qual a sua
história e que serviços prestou a sociedade petrolinense?
De onde vieram esses jovens? O que eles
fazem afinal? O que querem ? Dizem ser apolíticos, cuja ideologia é a do
anarquismo, mas, não respeitam as instituições públicas, invadem o
poder executivo, agridem o chefe do poder executivo e sua família em
pleno evento religioso, e lá estão mascarados para não mostrarem seus
rostos, lavam as calçadas dos três poderes ( executivo, judiciário e
legislativo ) em nossa cidade dizendo serem puros e estão lavando a
corrupção. Que provas os mesmos tem? Contra que políticos eles fazem
isso, se no mesmo evento havia ministro, deputados, vereadores e somente
o prefeito foi agredido? Será que não está na hora de uma reflexão
profunda sobre os seus atos? Pergunto ainda quem queimou dois ônibus na
cidade? Quem jogou coquetel molotov na central de transporte da
prefeitura? Quem tentou tocar fogo na antiga secretaria de educação do
município? Precisamos de respostas da justiça. Será que juazeiro da
Bahia não tem os mesmos problemas e nada lá acontece? Não estamos
cobrando que esses mesmos jovens devam fazer o que fazem em Petrolina,
apenas uma observação. O executivo reduziu a passagem de ônibus com a
isenção do ISS para transporte público, reativou o conselho municipal de
transporte, criou o fundo municipal de transporte público e a câmara
realizou audiência pública com a presença do governo do estado que
reduziu o ICMS para o diesel e consequente redução do valor das
passagens a partir de setembro de 2013.
Concluo minhas palavras minhas senhoras e
meus senhores, com as palavras do filósofo francês Edgar Morin que
disse: “Sofri por causa das classificações. Para mim, uma realidade
humana é histórica, sociológica, psicológica, econômica, etc. A
classificação fechada é inútil e impede o verdadeiro conhecimento”.
Como líder de uma minoria, chamamos a
atenção para o joio que infesta o trigo, que cresce como praga e por
vezes não permite se enxergar a diferença entre o que é alimento e o que
é veneno.
Dr. Pérsio Antunes - Médico, Servidor Público Federal e do Município de Petrolina e Vereador em Petrolina-PE
Blog do Bill Art´s