Ordem de serviço que autoriza o início de 18 obras de contenção definitiva de encostas que vão beneficiar cerca de 3 mil pessoas de 573 famílias no Recife foi assinada na manhã desta sexta-feira (5), durante evento que contou com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT); do ministro das Cidades, Jader Filho; e do prefeito do Recife, João Campos (PSB), em um hotel, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.
A previsão é de que os trabalhos sejam iniciados ainda neste mês de abril. No total, serão cinco lotes de obras de contenção de encostas em 12 bairros e comunidades do Recife, como, por exemplo, Parque dos Milagres, Barro, Dois Unidos, Brejo da Guabiraba e Bomba do Hemetério. Na próxima semana, serão anunciados mais R$ 12 milhões em investimentos direcionados a esse serviço. As intervenções garantem estabilidade e segurança às construções, evitando deslizamentos de barreiras.
Além da contenção definitiva de encostas, as obras preveem um pacote de serviços de acordo com a necessidade de cada setor de risco. Os projetos, que serão executados pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), podem ser compostos por construções de muros de arrimo, revestimento de tela argamassada, muretas de proteção, drenagem, corrimão, escadaria e pavimentação.
Atenção às pequenas obras
Para o presidente Lula, é importante que o Governo Federal olhe para obras como esta, que é considerada como "pequena", pelo nível de investimento. Ele acredita que prevenir os locais de morro com essa contrapartida pode ser a atitude certa para evitar problemas maiores no futuro.
"Quando a gente está no Governo Federal, só ouve falar em bilhões. Então, tem gente que não gosta de inaugurar uma obra de R$ 15 milhões. Às vezes, uma obra de R$ 10 milhões, para a comunidade, vale mais do que um viaduto ou do que um aeroporto de R$ 7 bilhões, que um pobre não vai chegar nem perto. Quando a gente vai visitar uma obra de R$ 5 milhões, estamos diante do beneficiário", comentou ele.
"Muitas vezes, a gente não cuida de uma coisa que custava R$ 10 milhões; aí, quando dá uma enchente ou uma chuva que desbarranca o mundo inteiro, aquilo que custava aquele valor vai custar R$ 100 milhões ou a vida de pessoas, que a gente não pode devolver. Então, é muito importante que os prefeitos tenham recursos para fazer as obras consideradas necessárias", complementou o presidente do Brasil.
O ministro das Cidades, Jader Filho, destacou, durante discurso, que a prevenção é prioridade no Governo Lula. Ele fez questão de dizer que, durante a transição de governo, R$ 27 milhões eram destinados a planos de contenção em todo o País, o que daria R$ 1 milhão para cada unidade da Federação.
"Só esta obra aqui, no total, custa cerca de R$ 150 milhões. É por isso, João Campos, que o serviço ficou parado por esses anos", disse, olhando para o prefeito do Recife.
"Hoje, nós temos de seleção, do PAC [Plano de Aceleração do Crescimento], 6,4 bilhões. Cuidar de pessoas é prioridade nesse governo. Hoje, com essa assinatura, fica claro como que o presidente Lula trata as mudanças climáticas com seriedade. Ainda bem que o Brasil soube reconhecer qual era o caminho", salientou ele.
Segundo o prefeito João Campos, as obras devem duração de 10 a 12 meses. Ele explica que o convênio para a construção dessas encostas foi adiado por, pelo menos, dez anos, após ficar "adormecido". As equipes técnicas da gestão municipal, ainda de acordo com ele, empenharam esforço e dedicação para que a OS fosse assinada, nesta sexta.
"Quem mora em área de risco não pode esperar. Numa noite, uma vida pode ir embora. A gente precisa investir e fazer com qualidade. [As obras] têm recursos de operação de crédito do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID], do Governo Federal e da Prefeitura", detalhou Campos.
"Obra de encosta é rápida. É feito o muro de arrimo e as casas são protegidas, depois vem o sistema de drenagem e a proteção de tela argamassada, além das escadarias com corrimão. Isso estabiliza a encosta, hipermeabiliza ela e faz toda parte de drenagem", explicou.
Ana Paula Dias, 44 anos, moradora da comunidade Parque Residencial dos Milagres, no Barro, Zona Oeste do Recife, viu os efeitos das fortes chuvas do dia 30 de maio de 2022. As precipitações causaram enchentes e deixaram o saldo de 14 mortos e 20 soterrados no local. A partir de agora, ela acredita que os colegas vão poder ter tranquilidade no período chuvoso.
"Para a gente, é muito importante. Vai fazer dois anos que perdemos pessoas queridas. Foi muito triste. Hoje há a tranquilidade de que as pessoas vão poder dormir sossegadas, sem precisar ouvirem os gritos daquele dia 30 de maio. É um alívio muito grande. Somos privilegiados de termos sido inclusos no projeto. Nossa comunidade é vulnerável, mas estamos gratos por essa verba do Governo Federal", revelou ela, que mora com outras três pessoas.
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