Ibovespa fecha em baixa no dia, mas avança 9,5% na semana e quebra série de perdas (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
A decisão foi tomada após Moro ser surpreendido pela publicação no Diário Oficial de hoje da demissão, pelo presidente Jair Bolsonaro, do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, que é pessoa de confiança do ministro.
Em coletiva, Moro disse que foi pego de surpresa pela exoneração de Valeixo e que não assinou o documento da saída. Ele afirmou ainda que não se opunha à troca, mas que era preciso haver uma razão clara para isso.
“Eu não tenho nenhum problema em troca do diretor, mas eu preciso de uma causa, [como, por exemplo], um erro grave”, disse Moro. Além disso, o ministro disse que não poderia seguir no cargo diante de uma interferência política na autonomia da PF.
Moro ressaltou que Bolsonaro queria “colher” informações dentro da PF, como relatórios de inteligência. “O presidente me disse que queria colocar uma pessoa dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência. Realmente, não é papel da PF prestar esse tipo de informação”, disse.
“Falei para o presidente que seria uma interferência política. Ele disse que seria mesmo”, afirmou ainda o ministro.
Às 12h20 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira registrava queda de 9,56%, aos 72.058 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial sobe 2,61%, cotado a R$ 5,6704 na compra e R$ 5,6723 na venda, chegando a R$ 5,71 na máxima. O dólar futuro para maio, por sua vez, avança 2,88%, a R$ 5,697.
Segundo Carlos Menezes, gestor de portfólio da Gauss Capital, a saída de Moro aumenta a chance de, em caso de novo estresse, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também saia do governo.
Guedes tinha uma live nesta manhã com o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, mas cancelou em meio ao aumento da tensão, o que piorou o humor do mercado.
Em entrevista para a Bloomberg, Menezes avalia que o mercado vê uma potencial piora da popularidade de Bolsonaro com a demissão de Moro, o que poderia afetar as reformas. “Além de ficar claro que ele acaba não preservando os ministros base, que são Moro e Paulo Guedes”, disse.
O pânico também afeta o mercado de juros futuros, com o DI para janeiro de 2022 saltando 82 pontos-base, a 4,37%, enquanto o DI para janeiro de 2023 tem alta de 93 pontos, para 5,67%. O contrato para janeiro de 2025 avança 105 pontos-base a 7,44%.
Pandemia avança no Brasil
O Brasil bateu ontem seu recorde de mortes diárias pelo coronavírus, com 407 óbitos – metade no Estado de São Paulo – em 24 horas. Até ontem, o máximo de mortes diárias era de 207. O total de mortes confirmadas é de 3.313 na manhã de hoje. O número de casos confirmados ultrapassa 49 mil.
Os dados chegam no momento em que os governos estaduais começam a abrandar as quarentenas, ou se preparam para isso. Ontem houve a reabertura do comércio no Estado de Santa Catarina, embora em São Paulo o final da quarentena esteja marcado para 11 de maio. A decisão ainda pode ser revista pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Noticiário corporativo
A Invepar declarou ontem que cumpriu todas as condições para vender a sua subsidiária Concessionária Raposo Tavares (CART) para o Fundo Pátria. Segundo a Invepar, a transação acontecerá no dia 30 de abril.
Anunciada no final do ano passado, a aquisição do Pátria também inclui outras duas rodovias controladas pela CART, a SP-225 e a SP-327, que ligam a Raposo Tavares a cidades do centro do Estado de São Paulo, como Bauru. Já a Copel – Companhia Paranaense de Energia, informou que fez um repasse de R$ 3,3 milhões para sua subsidiária FDA Geração. Segundo a estatal paranaense, a FDA usará os recursos para pagar os Encargos do Uso do Sistema de Transmissão (EUST).
Já a Lojas Renner anunciou nesta quinta, em comunicado ao mercado, que a partir de amanhã iniciará a reabertura gradual de algumas de suas lojas. A medida abrange “unidades pontuais” da Renner, Camicado, Youcom e Ashua, segundo o documento.
Blog do BILL NOTICIAS