segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Moraes: quem atacou a democracia e promoveu o ódio será responsabilizado; leia íntegra

"Para que isso não retorne nas próximas eleições, a atividade política deve ser realizada sem ódio, sem discriminação e sem violência", disse o presidente do TSE

(Foto: Reprodução)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, afirmou, a cerimônia de diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), representa “a vitória plena e incontestável da Democracia e do Estado de Direito contra os ataques antidemocráticos, contra a desinformação e contra o discurso de ódio proferidos por diversos grupos organizados que, já identificados, garanto serão integralmente responsabilizados”.

“Para que isso não retorne nas próximas eleições, senhor presidente eleito, a atividade política deve ser realizada sem ódio, sem discriminação e sem violência”, disse Moraes em um outro trecho do discurso. “A Democracia se constrói, se solidifica, prospera e fortalece uma Nação quando a discussão de ideias é mais importante que a imposição obtusa de obsessões, quando as ofensas e discriminações cedem lugar ao diálogo e temperança, quando o ódio perde seu lugar no coração das pessoas para a esperança, respeito e união”, ressaltou. 247.

Leia a íntegra do discurso do presidente do TSE,  ministro Alexandre de Moraes.

“A Justiça Eleitoral tem a honra de recebê-los, no Tribunal da Democracia, para a celebração da vitória da Democracia, do respeito ao Estado de Direito e da fiel observância da Constituição Federal.

A diplomação da chapa presidencial eleita – presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vice-presidente Geraldo Alckmin – consiste no reconhecimento da lisura do pleito eleitoral e na legitimidade política conferida soberanamente pela maioria do povo brasileiro por meio do voto direto e secreto.

A Justiça Eleitoral se preparou para garantir, com coragem e segurança, a transparência e lisura das eleições e a legitimação dos vencedores por meio da presente diplomação, como o faz há 90 (noventa) anos, desde sua criação.

A Justiça Eleitoral se preparou para combater com eficácia, eficiência e celeridade os ataques antidemocráticos ao Estado de Direito e os covardes ataques e violências pessoais a seus membros e de todo o Poder Judiciário.

É É justo nesse momento agradecer em nome de toda a Justiça Eleitoral o trabalho de organização e preparação do pleito eleitoral de 2022 iniciado sob a presidência do ministro Luís Roberto Barroso e continuado na presidência do ministro Edson Fachin; e o grande trabalho realizado por todos os ministros da Corte.

O Brasil encerra mais um ciclo democrático e completa 34 anos de estabilidade do Estado Democrático de Direito, desde a promulgação da Constituição de 1988.

Estabilidade democrática e respeito ao Estado de Direito não significam ausência de turbulências, embates ou mesmo – como se verificou nas presentes eleições – ilícitos ataques antidemocráticos ao sistema eleitoral e à própria Democracia.

Estabilidade democrática e respeito ao Estado de Direito significam observância fiel à Constituição, pleno funcionamento das Instituições e integral responsabilização de todos aqueles que pretendiam subverter a ordem política, criando um regime de exceção.

A Justiça Eleitoral soube, com o integral apoio de todo o Poder Judiciário e em especial do Supremo Tribunal Federal, garantir a estabilidade democrática e o integral respeito ao Estado de Direito, combatendo os intensos e criminosos ataques aos três grandes pilares de um Estado Constitucional: a liberdade de imprensa e a livre manifestação de pensamento, a integridade do sistema eleitoral e a independência do Poder Judiciário.

Fruto de um pensamento antidemocrático e extremista, a utilização em massa das redes sociais foi subvertida para disseminar a “desinformação”, o discurso de ódio, as notícias fraudulentas, as fake News.

A utilização das redes sociais como instrumento democrático de acesso a livre manifestação de pensamento – surgido principalmente nas famosas “primaveras democráticas” – foi desvirtuada por extremistas, no intuito de desacreditar as notícias veiculadas pela mídia tradicional.

Os extremistas criminosos atacam a mídia tradicional para, desacreditando-a, substituir o livre debate de ideias garantido pela liberdade de expressão e pela liberdade de imprensa por suas mentiras autoritárias e discriminatórias. Coube à Justiça Eleitoral, estudar, planejar e se preparar para atuar de maneira séria e firme no sentido de impedir que a “desinformação” maculasse a liberdade de escolha das eleitoras e eleitores e a lisura do pleito eleitoral.

A defesa do segundo grande pilar de um Estado Democrático de Direito – o sistema eleitoral – também foi realizada pela Justiça Eleitoral, que de maneira transparente e publica demonstrou – passo a passo – a total lisura, confiabilidade e seriedade de nossas urnas eletrônicas.

O ataque ao sistema eleitoral, enquanto instrumento essencial na concretização da Democracia, vem sendo realizado de maneira mais intensa há pelo menos uma década no mundo todo por grupos extremistas e antidemocráticos.

Não importa no mundo qual seja o mecanismo do sistema eleitoral – urnas eletrônicas, voto impresso, voto por carta –, esses grupos extremistas, criminosos e antidemocráticos pretendem a partir da “desinformação”, desacreditar a própria Democracia, a partir do ataque aos instrumentos que concretizam o voto popular, pretende substituir o voto popular por um regime de exceção, por uma Ditadura.

O Tribunal Superior Eleitoral abriu suas portas para instituições e organismos nacionais e internacionais, ampliou os mecanismos de fiscalização e confiabilidade e possibilitou amplo acesso a todas as etapas do calendário eleitoral.

E mais uma vez, como era de se esperar, ficou constatada a ausência de qualquer fraude, qualquer desvio ou mesmo qualquer problema. Jamais houve uma fraude constatada nas eleições realizadas por meio das urnas eletrônicas, verdadeiro motivo de orgulho e patrimônio nacional.

Os ataques à Democracia e ao pleito eleitoral não se resumiram aos dois grandes pilares do Estado de Direito – liberdade de imprensa e sistema eleitoral. Concentraram-se de maneira vil e torpe nos ataques, ameaças e todo tipo de coação institucionais ao Poder Judiciário e pessoais aos seus membros, em especial no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Superior Eleitoral.

Seguindo a cartilha autoritária e extremista daqueles que no mundo todo não respeitam a Democracia e o Estado de Direito, também no Brasil grupos organizados atacaram a independência do Poder Judiciário; disseminando “desinformação” e discurso de ódio contra seus membros e familiares, inclusive, ameaçando-os verbal e fisicamente. Esses extremistas, autoritários, criminosos não conhecem o Poder Judiciário brasileiro.

O Poder Judiciário brasileiro com coragem, o Poder Judiciário brasileiro tem força, o Poder Judiciário tem serenidade e altivez e manteve sua independência e imparcialidade, garantindo o respeito ao Estado de Direito e realizar eleições limpas, transparentes e seguras, concretizando mais uma etapa na construção de nossa Democracia.

Nas eleições de 2022, a presente diplomação tem um duplo significado, pois, além do reconhecimento da regularidade e da legitimidade da vitória da chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin; essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da Democracia e do Estado de Direito contra os ataques antidemocráticos, contra a desinformação e contra o discurso de ódio proferidos por diversos grupos organizados que, já identificados, garanto serão integralmente responsabilizados.

Para que isso não retorne nas próximas eleições, senhor presidente eleito, a atividade política deve ser realizada sem ódio, sem discriminação e sem violência.

A consequência do ódio e da violência é o “vazio e a mágoa”, como alertou Martin Luther King em seu famoso discurso “O nascimento de uma nova Nação”, proferido em Montgomery, em abril de 1957, e festejando que “a consequência da não-violência é a criação de uma comunidade querida. A consequência da não-violência é a redenção.

A consequência da não-violência é a reconciliação”.

A Democracia se constrói, se solidifica, prospera e fortalece uma Nação quando a discussão de ideias é mais importante que a imposição obtusa de obsessões, quando as ofensas e discriminações cedem lugar ao diálogo e temperança, quando o ódio perde seu lugar no coração das pessoas para a esperança, respeito e união.

As eleições foram realizadas, as eleitoras e eleitores se manifestaram de maneira livre e soberana, os vencedores foram proclamados e hoje estão sendo diplomados.

Encerra-se mais um ciclo democrático, com respeito à soberania popular e à Constituição Federal e com seu término, as paixões eleitorais devem ser substituídas pelo respeitoso embate entre situação e oposição, pela necessária união de todos na constante construção de um país melhor, mais solidário e com verdadeira igualdade social.

Senhor presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, eleito por 60 milhões, 345 mil e 999 eleitoras e eleitores, mas a partir de primeiro de janeiro de 2023, Vossa Excelência será o Presidente de 215 milhões, 461 mil e 715 brasileiras e brasileiros, todos com fé e esperança, para que em um futuro breve possamos extirpar a fome e o desemprego que assolam milhões de brasileiros, substituindo-os por saúde de qualidade, educação de excelência e habitação digna para todos os brasileiros e brasileiras; alcançando, dessa maneira, um dos mais importantes mandamentos constitucionais: o respeito à dignidade humana.

Desejo ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, em nome de toda a Justiça Eleitoral, serenidade, êxito, paz e felicidades nessa nova missão.

Muito obrigado”.


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Moraes faz discurso duro contra extremismo e desinformação e promete punição “para que não volte a acontecer”

"Fica oficializada hoje a vitória plena e incontestável da democracia, contra a desinformação e o discurso de ódio", disse o presidente do TSE na cerimônia de posse de Lula

Alexandre de Moraes (Foto: Reprodução)


O preeidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, critocou nesta segunda-feira (12) "grupos extremistas autoritários, criminosos não conhecem o Judiciário brasileiro". 

"O Poder Judiciário brasileiro tem coragem, tem força, tem altivez. Manteve sua independência e imparcialidade, realizando eleições simples, transparentes e seguras", disse Moraes em discurso na cerimônia de posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Fica oficializada hoje a vitória plena e incontestável da democracia, contra a desinformação e o discurso de ódio", complementou. 

De acordo com o presidente do TSE, "grupos organizados e já identificados serão devidamente responsabilizados para que isso não retorne nas próximas eleições".

Em seu discurso, o presidente eleito afirmou que "o diploma não é do Lula. É do povo que reconquistou o direito de viver numa democracia". 247






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"O diploma não é do Lula. É do povo que reconquistou o direito de viver numa democracia", diz o presidente diplomado

 Lula se emociona e diz ter a certeza de que Deus existe

Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.) sendo diplomado pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes (Foto: Ricardo Stuckert)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (12), em Brasília (DF), que o seu diploma é "de uma parcela" da população brasileira. O petista reforçou também que é necessário retomar o desenvolvimento e os direitos principalmente das pessoas mais pobres. 

"Não é diploma do Lula, de uma parcela do povo que reconquistou o direito de viver em democracia. É a certeza de que Deus existe. Sei o quanto custou essa espera pra gente reconquistar a democracia. Farei todos os esforços para cumprir os compromissos, fazer o Brasil mais desenvolvido, justo, com mais qualidade de vida sobretudo para as pessoas mais necessitadas", disse Lula em discurso de posse. 

"Quero agradecer ao povo pela honra de presidir pela terceira vez o Brasil. Na minha primeira diplomação, em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro em conceder para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário, o diploma de presidente da República", acrescentou.

Em referência ao governo Jair Bolsonaro, o presidente eleito criticou o "projeto de destruição ancorado no poder econômico e em uma indústria de mentiras". "Democracia, por definição, é o governo do povo, por meio da eleição de seus representantes. Mas precisamos ir além dos dicionários. O povo quer participação ativa nas decisões de governo. Democracia é alimentação de qualidade, é ter emprego, saúde, educação, segurança e moradia", acrescentou. (247).





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Dia histórico: Lula e Alckmin são diplomados presidente e vice pelo TSE

Do lado de fora, apoiadores de Lula celebram a volta do petista ao centro do poder

Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin são diplomados presidente da República e vice-presidente (Foto: Reprodução)

Em concorrida cerimônia e sob forte esquema de segurança em Brasília, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) diplomou nesta segunda-feira Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) como presidente e vice-presidente da República para mandatos de quatro anos que se iniciam em 1º de janeiro de 2023.

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, assinou os diplomas de Lula e Alckmin, um ato indispensável para a posse dos dois que confirma que os candidatos escolhidos pelos eleitores nas urnas eletrônicas cumpriram todas as exigências previstas na legislação eleitoral e estão aptos para exercer o mandato.

Aos 77 anos, Lula venceu o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa ao Palácio do Planalto e foi eleito para o terceiro mandato presidencial. Deverá ficar no cargo até 31 de dezembro de 2026.

Segundo o TSE, cerca de mil pessoas foram convidadas para assistir à solenidade, entre autoridades dos três Poderes e políticos. A cerimônia foi sóbria e não vai contar com o cumprimento das autoridades após a diplomação.

O esquema de segurança das imediações do prédio do tribunal foi reforçado. Havia o temor de manifestações de simpatizantes de Bolsonaro, o que não ocorreu. O presidente jamais reconheceu publicamente a derrota para Lula e há anos vem tentando lançar suspeitas --sem provas-- sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Leia também matéria anterior do 247 sobre o assunto: 

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para sua cerimônia de diplomação por volta das 14h desta segunda-feira (12), um dia histórico para a democracia brasileira.

Ao repórter do 247 em Brasília, Marcelo Auler, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, presente no evento no TSE, afirmou que a diplomação de Lula "é quase como uma refundação do Brasil". 

Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) disse que se trata não só da diplomação de Lula presidente, mas da "diplomação da democracia".

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP) afirmou que a cerimônia desta segunda 'encerra formalmente o pior governo da história do Brasil', em referência ao governo de Jair Bolsonaro (PL).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz que o dia simboliza "a reconciliação do Brasil com sua democracia". BRASÍLIA (Reuters).






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Democracia foi mencionada 20 vezes mais por Lula do que Bolsonaro em discurso de diplomação

Discrepância no uso do termo também pode ser observada nos discursos dos respectivos presidentes do TSE de cada diplomação

Alexandre de Moraes, Lula e Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS)

Em seu discurso de diplomação como presidente da República nesta segunda-feira (12), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou a palavra "democracia" 19 vezes, afirmando que tal evento representava uma "celebração da democracia" e pregando pela defesa de tal sistema político. O levantamento foi feito pela coluna do Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Tal número é quase 20 vezes maior do que o observado no discurso de diplomação de Jair Bolsonaro (PL) em 2018, quando mencionou a palavra "democracia" apenas uma vez. Na ocasião, Bolsonaro disse que o Brasil é “uma das maiores democracias do mundo” e que isso deveria ser motivo de orgulho aos brasileiros.

Uma discrepância também é observada nos discursos dos presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Rosa Weber, que ocupava tal função à época da diplomação de Bolsonaro, mencionou o termo seis vezes na ocasião. Já Alexandre de Moraes, atual chefe do órgão, falou em "democracia" dez vezes na diplomação de Lula. (247).


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Apoiadores celebram diplomação histórica de Lula nos arredores do TSE (vídeos)

A cerimônia desta segunda-feira marca a volta por cima do maior líder popular da história do Brasil, vítima de golpe e perseguições judiciais nos últimos anos

(Foto: Reprodução/Twitter/@heldersalomao)

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), serão diplomados nesta segunda-feira (12), em uma cerimônia histórica, que marca o fim de quatro anos de governo Bolsonaro (PL) e o início de um novo ciclo.

O diploma de Lula presidente também marca a volta por cima do maior líder popular da história do Brasil, que governou o país por oito anos e elegeu - e reelegeu - sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele viu, no entanto, Dilma ser tirada do cargo por um golpe de Estado e, tempos depois, foi injustamente preso, vítima de uma perseguição judicial que visava impedi-lo de ser candidato a presidente em 2018 e, principalmente, destruí-lo politicamente.

Agora, Lula volta ao centro do poder, eleito com mais de 60 milhões de votos.

A cerimônia de diplomação está marcada para as 14h, e contará com discurso do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, e, claro, do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (247). 

 




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BRASIL Lula chora em cerimônia de diplomação e diz que "povo reconquistou direito de viver em democracia"

 

Evento marca o final do processo eleitoral e antecede a posse, que será realizada no dia 1º de janeiro


                       Por Agência O Globo

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chorou nesta segunda-feira (12) ao discursar em sua cerimônia de diplomação, na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. Lula afirmou que o povo “reconquistou o direito de viver em democracia” e se emaciou ao lembrar da sua primeira diplomação, em 2002. O evento marca o final do processo eleitoral e antecede a posse, que será realizada no dia 1º de janeiro.

— Em primeiro lugar quero agradecer ao povo brasileiro pela honra de presidir pela terceira vez o Brasil. Em minha primeira diplomação, em 2002, lembrei ousadia do povo brasileiro em conceder para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário, um diploma… (choro) — afirmou, completando: — Esse diploma é do povo que reconquistou o direito de viver em democracia. Vocês ganharam esse diploma.

O discurso de Lula teve uma série de ataques velados ao presidente Jair Bolsonaro, que terminou a corrida eleitoral em segundo lugar. O presidente eleito afirmou que “poucas vezes na história recente” do país a democracia esteve “tão ameaçada” e elogiou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF) pela atuação durante a campanha.

— Além da sabedoria do povo brasileiro, que escolheu o amor em vez do ódio, a verdade em vez da mentira e a democracia em vez do arbítrio, quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular.

Lula ainda afirmou que os “inimigos da democracia” questionaram o sistema eleitoral, ameaçaram instituições e “criaram obstáculos de última hora para que eleitores fossem impedidos de chegar a seus locais de votação”. O dia 30 de outubro, domingo no qual foi realizado o segundo turno das eleições, foi marcado por diversos bloqueios feitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em vários locais do país que acabaram atrasando e dificultando o acesso à zonas eleitorais.

— Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas, cuja confiabilidade é reconhecida em todo o mundo. Ameaçaram as instituições. Criaram obstáculos de última hora para que eleitores fossem impedidos de chegar a seus locais de votação. Tentaram comprar o voto dos eleitores, com falsas promessas e dinheiro farto, desviado do orçamento público.

Além disso, a campanha foi marcada por insistentes ataques ao sistema eleitoral e questionamentos sobre segurança das urnas eletrônicas pelo presidente Jair Bolsonaro, que nunca apresentou prova para suas declarações. Não há registro de fraude desde que as urnas eletrônicas começaram a ser usadas no país, em 1996.

Bolsonaro também realizou insistentes ataques contra ministros do STF e do TSE, entre eles Alexandre de Moraes, a quem chamou de "canalha" e afirmou que tem "sintomas de um ditador".

Desmonte
Lula ainda disse que houve um "desmonte das políticas públicas e dos instrumentos de desenvolvimento". A equipe de transição tem afirmado que detectou um “apagão” no fim do governo Bolsonaro e que há uma situação de colapso em diversos ministérios, com falta de recursos para manter serviços como o Gov.br e ConecteSUS. Há ainda falta de recursos para pagamento de despesas básicas das universidades, aposentadorias e para manter as agências do INSS.

— Nestas semanas em que o Gabinete de Transição vem escrutinando a realidade atual do país, tomamos conhecimento do deliberado processo de desmonte das políticas públicas e dos instrumentos de desenvolvimento, levado a cabo por um governo de destruição nacional.

O presidente eleito afirmou também que "jamais renunciaremos à defesa intransigente da liberdade de expressão", e que até o fim defenderá "até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e manipulações que levam ao ódio e à violência política". Ao longo da campanha, Lula defendeu a derrubada dos sigilos impostos por Bolsonaro à diversas informações do governo. Lula disse ainda que democracia é ter "alimentação de qualidade, emprego, saúde, educação, segurança e moradia".

— É preciso entender que democracia é muito mais do que o direito de se manifestar livremente contra a fome, o desemprego, a falta de saúde, educação, segurança, moradia. Democracia é ter alimentação de qualidade, é ter emprego, saúde, educação, segurança, moradia.

Leia a íntegra do discurso de Lula:

Em primeiro lugar, quero agradecer ao povo brasileiro, pela honra de presidir pela terceira vez o Brasil.

Na minha primeira diplomação, em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro em conceder – para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário – o diploma de presidente da República.

Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com meu vice Geraldo Alckmin, cumprir o compromisso que assumi não apenas durante a campanha, mas ao longo de toda uma vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo os mais necessitados.

Quero dizer que muito mais que a cerimônia de diplomação de um presidente eleito, esta é a celebração da democracia.

Poucas vezes na história recente deste país a democracia esteve tão ameaçada.

Poucas vezes na nossa história a vontade popular foi tão colocada à prova, e teve que vencer tantos obstáculos para enfim ser ouvida.

A democracia não nasce por geração espontânea. Ela precisa ser semeada, cultivada, cuidada com muito carinho por cada um, a cada dia, para que a colheita seja generosa para todos.

Mas além de semeada, cultivada e cuidada com muito carinho, a democracia precisa ser todos os dias defendida daqueles que tentam, a qualquer custo, sujeitá-la a seus interesses financeiros e ambições de poder.

Felizmente, não faltou quem a defendesse neste momento tão grave da nossa história.

Além da sabedoria do povo brasileiro, que escolheu o amor em vez do ódio, a verdade em vez da mentira e a democracia em vez do arbítrio, quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular.

Cumprimento cada ministro e cada ministra do STF e do TSE pela firmeza na defesa da democracia e da lisura do processo eleitoral nesses tempos tão difíceis.

A história há de reconhecer sua coerência e fidelidade à Constituição.

Essa não foi uma eleição entre candidatos de partidos políticos com programas distintos. Foi a disputa entre duas visões de mundo e de governo.

De um lado, o projeto de reconstrução do país, com ampla participação popular. De outro lado, um projeto de destruição do país ancorado no poder econômico e numa indústria de mentiras e calúnias jamais vista ao longo de nossa história.

Não foram poucas as tentativas de sufocar a voz do povo.

Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas, cuja confiabilidade é reconhecida em todo o mundo.

Ameaçaram as instituições. Criaram obstáculos de última hora para que eleitores fossem impedidos de chegar a seus locais de votação. Tentaram comprar o voto dos eleitores, com falsas promessas e dinheiro farto, desviado do orçamento público.

Intimidaram os mais vulneráveis com ameaças de suspensão de benefícios, e os trabalhadores com o risco de demissão sumária, caso contrariassem os interesses de seus empregadores.

Quando se esperava um debate político democrático, a Nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais.

Eles semearam a mentira e o ódio, e o país colheu uma violência política que só se viu nas páginas mais tristes da nossa história.

E no entanto, a democracia venceu.

O resultado destas eleições não foi apenas a vitória de um candidato ou de um partido. Tive o privilégio de ser apoiado por uma frente de 12 partidos no primeiro turno, aos quais se somaram mais dois na segunda etapa.

Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo, que hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas, e fortalece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares deste país.

Tenho consciência de que essa frente se formou em torno de um firme compromisso: a defesa da democracia, que é a origem da minha luta e o destino do Brasil.

Nestas semanas em que o Gabinete de Transição vem escrutinando a realidade atual do país, tomamos conhecimento do deliberado processo de desmonte das políticas públicas e dos instrumentos de desenvolvimento, levado a cabo por um governo de destruição nacional.

Soma-se a este legado perverso, que recai principalmente sobre a população mais necessitada, o ataque sistemático às instituições democráticas.

Mas as ameaças à democracia que enfrentamos e ainda haveremos de enfrentar não são características exclusivas de nosso país.

A democracia enfrenta um imenso desafio ao redor do planeta, talvez maior do que no período da Segunda Guerra Mundial.

Na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos, os inimigos da democracia se organizam e se movimentam. Usam e abusam dos mecanismos de manipulações e mentiras, disponibilizados por plataformas digitais que atuam de maneira gananciosa e absolutamente irresponsável.

A máquina de ataques à democracia não tem pátria nem fronteiras.

O combate, portanto, precisa se dar nas trincheiras da governança global, por meio de tecnologias avançadas e de uma legislação internacional mais dura e eficiente.

Que fique bem claro: jamais renunciaremos à defesa intransigente da liberdade de expressão, mas defenderemos até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e manipulações que levam ao ódio e à violência política.

Nossa missão é fortalecer a democracia – entre nós, no Brasil, e em nossas relações multilaterais.

A importância do Brasil neste cenário global é inegável, e foi por esta razão que os olhos do mundo se voltaram para o nosso processo eleitoral.

Precisamos de instituições fortes e representativas. Precisamos de harmonia entre os Poderes, com um eficiente sistema de pesos e contrapesos que iniba aventuras autoritárias.

Precisamos de coragem.

É necessário tirar uma lição deste período recente em nosso país e dos abusos cometidos no processo eleitoral. Para nunca mais esquecermos. Para que nunca mais aconteça.

Democracia, por definição, é o governo do povo, por meio da eleição de seus representantes. Mas precisamos ir além dos dicionários. O povo quer mais do que simplesmente eleger seus representantes, o povo quer participação ativa nas decisões de governo.

É preciso entender que democracia é muito mais do que o direito de se manifestar livremente contra a fome, o desemprego, a falta de saúde, educação, segurança, moradia. Democracia é ter alimentação de qualidade, é ter emprego, saúde, educação, segurança, moradia.

Quanto maior a participação popular, maior o entendimento da necessidade de defender a democracia daqueles que se valem dela como atalho para chegar ao poder e instaurar o autoritarismo.

A democracia só tem sentido, e será defendida pelo povo, na medida em que promover, de fato, a igualdade de direitos e oportunidades para todos e todas, independentemente de classe social, cor, crença religiosa ou orientação sexual.

É com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça, que recebo pela terceira vez este diploma de presidente eleito do Brasil – em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro.

Muito obrigado."


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Dia histórico: Lula chega ao TSE para ser diplomado presidente pela terceira vez

Do lado de fora, apoiadores de Lula celebram a volta do petista ao centro do poder

(Foto: Reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para sua cerimônia de diplomação por volta das 14h desta segunda-feira (12), um dia histórico para a democracia brasileira.

Ao repórter do 247 em Brasília, Marcelo Auler, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, presente no evento no TSE, afirmou que a diplomação de Lula "é quase como uma refundação do Brasil". 

Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) disse que se trata não só da diplomação de Lula presidente, mas da "diplomação da democracia".

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP) afirmou que a cerimônia desta segunda 'encerra formalmente o pior governo da história do Brasil', em referência ao governo de Jair Bolsonaro (PL).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz que o dia simboliza "a reconciliação do Brasil com sua democracia".





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