O Brasil responde por mais de 10% das mortes por covid no mundo. A marca trágica é decorrência da negligência do governo federal em violar protocolos da OMS e estimular a ruptura da quarentena
Sepultadores com trajes de proteção enterram vítima de Covid-19 no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo 22/05/2020 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
Brasil de Fato - O número oficial de mortes por covid 19 no Brasil chegou a 58.314 nesta segunda-feira, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass). Desde domingo (28) foram registrados 692 novos óbitos. A taxa de mortalidade no país é de 4,3% e, somente na semana entre os dias 14 a 20 de junho (semana epidemiológica 25), 7.256 brasileiros morreram por causa da doença. Esse é o resultado mais grave registrado no país desde o início da pandemia e os registros de óbitos no Brasil representam mais de 10% do índice global.
A realidade, no entanto, pode ser ainda bem mais grave: entidades nacionais e internacionais alertam que a subnotificação no país pode significar que o número de óbitos seja cerca de três vezes maior do que os dados mostram.
Informações do Conass indicam ainda que a quantidade de pessoas infectadas também continua crescendo. Desde que o vírus chegou ao Brasil 1.368.195 pessoas contraíram a doença. Entre domingo (28) e segunda-feira (29) foram 24.052 confirmações. Mais de 217 mil registros foram feitos somente na semana epidemiológica 25.
São Paulo é o estado com maior número absoluto de infectados e mortes. Na região, mais de 275 mil pessoas contraíram a covid e os casos fatais ultrapassam a marca de 14 mil. Rio de Janeiro, com 111.883 casos e quase 10 mil mortes, aparece em segundo lugar. Na sequência está o Ceará, com de 108 mil infectados e cerca de 6 mil mortes.
Nesta segunda-feira a Organização Mundial da Saúde informou que uma a cada quatro mortes registradas no continente americano aconteceu no Brasil. Entre os registros de infectados o cenário é semelhante. Dirigentes da entidade voltaram a lembrar a importância do distanciamento social, de medidas de higiene e vigilância à rede de contatos dos infectados. Em todo o mundo a covid já infectou mais de 10 milhões de pessoas e causou mais de 502 mil mortes.
Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da OMS, alerta para a necessidade de unidade no combate à doença e para o risco de uma abordagem ideológica.
"Da minha perspectiva pessoal, não podemos continuar permitindo que a luta contra esse vírus se torne e seja sustentada como uma luta ideológica. Não podemos derrotar esse vírus com ideologias. Simplesmente não podemos".
Ele fez um apelo por uma auto avaliação em todos os níveis : "Todo mundo precisa olhar para o espelho e dizer: estou fazendo o suficiente? Todo político precisa se olhar no espelho e dizer: estou fazendo o suficiente para parar esse vírus?”
O que é coronavírus?
É uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos, os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.
Como ajudar quem precisa?
A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.
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