Por: FolhaPress
Foto: AFP
Doze capitais já possuem taxas de incidência de casos do novo coronavírus, padrão que considera o volume de casos pela população, em patamar que indica uma situação de emergência.
O Ministério da Saúde adota essa classificação quando os índices ficam 50% acima da média nacional, hoje de 111 casos para 1 milhão de habitantes, o que indica um alerta devido ao aumento de casos da Covid-19.
Os dados foram informados nesta segunda-feira (13) pelo ministério.
"Dividimos essa incidência em três partes, como um sinal de trânsito. Em vermelho, é um alerta, pare, interrompa", explica o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, em referência a medidas de distanciamento social e redução de circulação recomendadas nestes casos.
Entre as cidades, a pior situação é de Fortaleza, que registra 573 casos a cada 1 milhão de habitantes. Em seguida, está São Paulo, com 518 casos na mesma proporção, e Manaus, com 482.
Também entram na lista as cidades de Macapá, Florianópolis, Recife, São Luís, Rio de Janeiro, Vitória, Porto Alegre, Brasília e Boa Vista.
"Significa que temos que aumentar a atenção esses lugares", afirma Oliveira.
Nos últimos dias, o aumento acelerado de casos fez o Ministério da Saúde enviar uma carga de 60 respiradores para Fortaleza, Manaus e Macapá.
A escolha das cidades ocorreu com base em dados do volume de casos para a população e também da estrutura disponível na rede de saúde para atendimento, informou a pasta.
Nesta segunda, em novas medidas de reforço, a pasta anunciou o envio de membros da Força Nacional do SUS, composta por profissionais de saúde com experiência para atuar em situações de emergência, a Manaus. A equipe será composta por enfermeiros e sete médicos.
Em outra frente, a ideia é enviar recursos para instalar 350 leitos extras no hospital Delphina Aziz, referência no atendimento de casos do coronavírus na cidade, e adotar medidas para reabrir um hospital privado que estava fechado.
O secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, disse não ser possível afirmar que todas as regiões terão impacto semelhante ao ocorrido em Manaus.
Ele fez um apelo para que gestores locais tentem modelar recomendações de distanciamento social de acordo com a estrutura disponível.
Neste sentido, a pasta trouxe um comparativo de medidas de distanciamento social em quatro capitais com dados de incidência e ocupação de leitos.
Entre os exemplos, está Recife, que tem índice acima de 50% da taxa nacional e 90 a 95% da capacidade instalada. Neste caso, há necessidade de distanciamento social ampliado, quando a recomendação de evitar a circulação vale para toda a população.
Já em Curitiba, onde a incidência ainda não está em nível de emergência, mas de alerta, e 58% dos leitos de UTI estão ocupados, a recomendação é de distanciamento seletivo, focado sobretudo em grupos mais vulneráveis, como idosos e pessoas com doenças crônicas.
Situação diferente, no entanto, é vista em Campo Grande, cidade que, embora esteja abaixo da taxa de incidência nacional, tem a maioria dos leitos da rede pública hoje ocupados. Ou seja, caso haja aumento de casos do novo coronavírus, haveria pouco espaço para atendimento –daí a necessidade de manter medidas de isolamento.
"Campo Grande está com 98% de ocupação e não tem leitos opcionais. Significa que tem leitos muito próximo do limite", disse Oliveira. "Ela necessita de um distanciamento social ampliado por conta desses dados."
"Manaus, Fortaleza, mas não podemos baixar a guarda, tem vários lugares que ainda não conseguiram implementar leitos suplementares", completou.
A região metropolitana de São Luís é outra que gera preocupação. Segundo o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, a ocupação de leitos já se aproxima do limite. A ideia é que sejam enviados dez leitos extras.
Até o momento, o novo coronavírus já consumiu ao menos R$ 12 bilhões de recursos do Sistema Único de Saúde no país.
"Isso é o que o Ministério da Saúde já empenhou, transferiu para estados e municípios e recursos que nós estamos fazendo aquisições para transferência para todos os estados", disse o secretário-executivo, em entrevista coletiva.
Gabbardo informou que parte expressiva desse montante se refere aos valores repassados para estados e municípios, em torno de R$ 5 bilhões. O secretário-executivo rebateu críticas a respeito dos critérios usados pelo Ministério da Saúde para dividir os recursos.
Alguns municípios e estados mais atingidos, de acordo com o secretário-executivo, reclamam do fato de que mesmo localidades em estágio inicial do surto ou sem casos confirmados, também recebam os repasses.
"Nossa intenção foi repassar recursos para todos, para que todos, mesmo ainda não tendo casos, possam estar com a sua situação financeira equilibrada e em condições de fazer as aquisições dos insumos necessários", disse. "Quem não tem ainda pacientes confirmados, na semana que vem pode ter, daqui duas semanas vai ter", completou.
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