Durante entrevista a TV argentina C5N, o Papa afirmou que Lula e Dilma foram alvos do uso da Justiça para perseguição política
Durante entrevista a TV argentina C5N, o Papa afirmou que Lula e Dilma foram alvos do uso da Justiça para perseguição política
Depoimento de Jair Bolsonaro está marcado para o dia 5 de abril
(Foto: ABR | Reprodução)
Jair Bolsonaro (PL) marcou para a próxima semana uma série de exames em função de suas crises de obstrução intestinal resultantes do evento de Juiz de Fora em 2018, durante a campanha eleitoral. Convenientemente, nos últimos anos as crises de saúde de Bolsonaro ligadas ao caso coincidiram com momentos em que seu governo passava por crises. O caso das joias é mais uma delas, desta vez para sua imagem pessoal.
A nova bateria de exames será realizada na mesma semana em que o ex-mandatário deverá prestar depoimento à Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito que apura o escândalo das joias sauditas que foram introduzidas ilegalmente no país por membros de uma comitiva oficial e que Bolsonaro tentou se apropriar. O depoimento deverá acontecer no dia 5 de abril, em Brasília.
Segundo o UOL, Bolsonaro deverá realizar exames de ressonância magnética, tomografia, sangue e outras avaliações em um hospital de São Paulo. A última internação do ex-mandatário aconteceu em janeiro deste ano, nos Estados Unidos. Bolsonaro passou 89 dias em solo estadunidense após deixar o país dois dias antes do término de seu mandato à frente do Executivo Federal. Ele retornou ao Brasil na quinta-feira (29).
Ainda conforme a reportagem, “a equipe médica do presidente irá avaliar, com os resultados em mãos, se há necessidade de uma nova cirurgia no intestino. Em outras internações de Bolsonaro, essa possibilidade foi descartada”.
Nesta sexta-feira (30), a Polícia Federal afirmou haver “indícios concretos” do envolvimento direto de Jair Bolsonaro (PL) nas tentativas de liberação das joias sauditas, avaliadas em mais de R$ 16,5 milhões, que membros de uma comitiva oficial tentaram introduzir ilegalmente no Brasil e que acabaram retidas pela Receita Federal. (247).
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Novo regramento cria condições para o Brasil atrair investimentos e voltar a crescer de forma sustentável e assegura a execução de políticas públicas de forma previsível
O novo arcabouço fiscal, apresentado nesta quinta-feira (30) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), foi bem recebido pelo mercado financeiro e pelo Congresso Nacional. O novo regramento cria condições para o Brasil atrair investimentos e voltar a crescer de forma sustentável, com estabilidade e previsibilidade, assegurando a execução de políticas públicas e de combate à fome, além de reparação social.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que vai trabalhar pela aprovação da nova regra que deverá chegar à Casa no início de abril, mas ressaltou que o projeto deverá passar por ajustes “como, por exemplo, na tese que o governo defende de não aumentar impostos e fazer com que hoje quem não paga impostos passe a pagar“.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse ter sentido que as lideranças dos partidos, inclusive da oposição, receberam bem a proposta e que existe um “compromisso absoluto com uma pauta que é fundamental para o Brasil". O texto será apresentado como projeto de lei complementar.
A nova âncora fiscal também foi bem recebida pelo mercado financeiro. Na quinta-feira (29), o Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 1,89%, chegando aos 103.713,45 pontos. Já o dólar comercial caiu 0,75%, sendo cotado a R$ 5,098.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que vem sendo criticado em função da manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano, destacou que apesar de não ter visto a proposta final da regra fiscal, há uma "boa vontade muito grande“ do Ministério da Fazenda em fazer um marco “robusto”.
“O importante para a gente é como incorporar isso nas nossas projeções. Não fazemos [política] fiscal, não é um trabalho do BC. Incorporamos o fiscal nas nossas expectativas, na função e reação que o BC tem. Lembrando que temos um regime que se baseia em câmbio flutuante, em um sistema de meta e que tem âncora fiscal", afirmou.
O projeto do novo arcabouço fiscal prevê que o rombo das contas públicas seja zerado em 2024 e um superávit correspondente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, além de limitar o crescimento das despesas a 70% do avanço das receitas do governo. Em caso de descontrole das contas públicas, esse percentual cairia para 50% no exercício seguinte . - (247).
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Ministro compartilhou história 'chocante' sobre pessoa que afirmou ter sido encontrada debaixo da cadeira do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por "vontade divina"
Durante uma palestra na Fundação FHC nesta sexta-feira (31), o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes compartilhou suas impressões após visitar presos envolvidos no terrorismo bolsonarista de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, destacando a "alienação" de alguns deles. As declarações de Moraes foram recuperadas pelo jornal O Globo.
Para ilustrar seu ponto, o magistrado compartilhou uma história chocante sobre uma pessoa que afirmou ter sido encontrada debaixo da cadeira do Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por "vontade divina": "eu fui no presídio com a ministra Rosa (Weber). Há várias pessoas alienadas, que acham que não fizeram nada, que era liberdade de manifestação. Uma delas chegou a dizer que estava passando por perto, viu (a depredação) e aí ela ia orar e Deus disse para ela se refugiar embaixo da mesa do presidente do Senado. Só por causa disso ela entrou. É um negócio assustador".
Além disso, o ministro Moraes enfatizou a importância de não subestimar novamente os ataques à democracia e argumentou pela responsabilização das redes sociais: "as redes sociais foram instrumentalizadas e se permitiram instrumentalizar dia 8 de janeiro. Não podemos deixar que isso passe sem pactuar novamente qual o grau de responsabilidade delas. Para mim, toda regulamentação tem que ser baseada em uma única regra: o que vale no mundo real vale no virtual". 247.
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Nos dois casos, Moraes determinou o "arquivamento imediato" das ações, "em razão da ausência de indícios mínimos da ocorrência de ilícito penal". A decisão foi tomada sem parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na semana passada, um dia após a realização de uma operação contra um grupo suspeito de planejar ataques contra Moro e outras autoridades, Lula declarou que era "visível que é uma armação do Moro", apesar de admitir que não tinha provas.
Ao STF, Rogério Marinho pediu que o presidente seja incluído no chamado inquérito das fake news, acusando-o de "atentar contra as instituições republicanas". Nikolas, por sua vez, apontou que Lula teria cometido incitação ao crime.
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Áudio inédito de uma sessão secreta do Superior Tribunal Militar (STM) em 1977, obtido antecipadamente pela Agência Brasil, revela que o ministro Rodrigo Octávio diz ter testemunhado um caso de violência em uma unidade do Exército. Os demais membros da Corte negligenciam o assunto e decidem não apurar essa e outras denúncias semelhantes.
A gravação está no acervo do site Vozes Humanas, lançado nesta sexta-feira (31), no Rio de Janeiro, pelo advogado e pesquisador Fernando Fernandes. Nele, podem ser encontrados arquivos de julgamentos de presos políticos no STM no período entre 1975 e 1979. Tanto os abertos ao público geral, como os secretos, quando só ministros e o Ministério Público participavam.
O caso em destaque é o julgamento da apelação 41.336 (RJ) no dia 2 de março de 1977. Oito estudantes foram acusados em 1974 de integrar o Partido Comunista Brasileiro, lançado à clandestinidade pela ditadura. Eles foram absolvidos em primeira instância em 1976, mas o Ministério Público Militar entrou com recurso contra a decisão. Desde o Ato Institucional Número 2, civis podiam ser processados por crimes políticos na justiça militar. Os réus foram novamente absolvidos em uma votação apertada de 5 a 4 no STM. Mas o que chama a atenção nas conversas entre os ministros é o debate sobre a existência de tortura em instituições militares.
Os réus declararam ter sido obrigados, mediante tortura, a confessar participação em atos ilegais. O ministro Rodrigo Octávio, general do Exército, defendeu a apuração das denúncias. Os abusos relatados pelas vítimas incluíam choques elétricos, agressões físicas e psicológicas, e um relato específico de violência sexual da estudante Selma Martins de Oliveira e Silva. Um dos ministros tenta minimizar o fato com um eufemismo recorrente nos julgamentos do STM.
Ministro Augusto Fragoso: Não há problema em tortura, fala em coação, não é? Não é? Em coação?
Ministro Rodrigo Octávio: Falou (...) violência sexual.
Ministro Augusto Fragoso: Através de coação, coação.
Um outro ministro, que não pode ser identificado no áudio, ao defender que o Exército não compactuava com esse tipo de prática, foi interrompido por Rodrigo Octávio.
Ministro não identificado: “Eu não acredito em tortura na sala de…”.
Ministro Rodrigo Octávio: “Bom, eu não posso deixar de acreditar ou não acreditar. Porque eu vi, eu vi uma moça estirada na Aeronáutica, levada para a Polícia do Exército e (...) o Ministro do Exército lá, vendo. O General Cordeiro escreveu uma carta a mim. Cinco folhas. Eu li aqui no Tribunal. Então, isso existe. Isso existe”.
Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017, pesquisadores já tinham acessado um conjunto de áudios das reuniões do STM. Parte do conteúdo foi divulgada pela imprensa. Também ficavam claros nesses arquivos que os ministros militares conheciam e eram coniventes com a tortura. Eles debochavam de histórias de greve de fome em presídios e de documentos recebidos da Anistia Internacional. E, com frequência, tomavam decisões que ignoravam a lei, preferindo seguir interesses pessoais e do regime militar.
No julgamento de 1976 do parlamentar Márcio Moreira Alves (MDB), condenado a dois anos e três meses de prisão por discursar contra a ditadura na Câmara dos Deputados, o ministro Sampaio Fernandes defendeu: “se se trata de fazer justiça, mesmo que ela fira a lei, deve-se fazer justiça”.
Um outro lote de arquivos sonoros foi publicado em 2022. E novamente estavam registradas falas dos ministros sobre tortura. Conversas de 1977 mostravam preocupação com a repercussão do caso de Nádia Lúcia, uma mulher que sofreu aborto aos três meses de gravidez, depois de ter sido violentada com choques elétricos. Em outro encontro, em 1976, o ministro Júlio de Sá Bierrenbach criticou “os métodos adotados por certos setores policiais de fabricarem indiciados, extraindo-lhes depoimentos perversamente pelos meios mais torpes”.
Se o acesso aos áudios é mais recente, boa parte dos processos físicos foram rastreados pelo projeto “Tortura nunca mais”, em 1979. A Lei da Anistia, aprovada nesse mesmo ano, permitia que advogados retirassem processos sobre crimes políticos no STM durante 24 horas. Sob a liderança de Jaime Wright, reverendo da Igreja Presbiteriana americana no Brasil, e Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de São Paulo, um grupo de advogados, jornalistas, militantes e religiosos reuniu secretamente cópias dos processos que aconteceram entre 1964 e 1979. O projeto deu origem ao livro “Brasil: Nunca Mais”, em 1985.
Responsável pelo site Vozes Humanas, Fernando Fernandes, travou uma longa disputa judicial para ter acesso ao material do STM. Ele é filho do falecido advogado Tristão Fernandes, que defendeu presos políticos durante a ditadura e também chegou a ser detido. Em 1997, ele descobriu a existência das gravações quando fazia uma pesquisa de mestrado.
Depois de um breve período de acesso nas próprias instalações da Corte, as atividades foram suspensas e os ministros ameaçaram apagar todos os arquivos, mas foram impedidos por decisão do STF. O mesmo órgão só determinou a liberação do acervo ao público em 2006. Decisão desrespeitada pelo STM, até uma nova ordem da ministra Cármen Lúcia em 2017. Segundo Fernando Fernandes, as gravações estão incompletas, o que indica haver material retido no tribunal.
“Quando se comparam as atas de que naquele dia foi julgado determinado caso e se vai até as gravações, aquele caso não está na gravação. Ou quando há o início da gravação anunciando o julgamento do caso, corta o áudio, e depois vai para o resultado. A gente tem certeza que estão faltando os votos, estão faltando os debates. Então, nós direcionamos ao Supremo Tribunal Federal a comprovação de que está faltando esse material. Se é deliberado, o que é provável, ou se foi uma falta de disponibilização do material por falta de percepção, pouco importa. Esse material está lá. E se está lá, nós temos direito de acessar”.
O comportamento do STM segue um padrão histórico, segundo Nadine Borges. Ela é doutora em Sociologia e Direito, e já foi membro e presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro entre 2013 e 2015. Por experiência própria, Nadine desconfia de documentos divulgados por instituições militares, que costumam, segundo ela, omitir conteúdos sensíveis.
Ela diz que, durante os trabalhos da Comissão da Verdade, a contribuição das Forças Armadas era sempre difícil. Depois de uma visita ao Hospital Central do Exército no Rio de Janeiro, os membros da comissão foram alertados de uma denúncia no Ministério Público Federal: prontuários do período da ditadura foram escondidos em sacos de lixo dentro de um galpão dias antes da visita.
“A gente está falando de dez anos atrás, então imagina a quantidade de acervo que existe de fato. Essa decisão do STM de não divulgar as coisas na integralidade mostra que continua existindo uma seleção daquilo que pode ser conhecido da sociedade brasileira. Nós não vamos ter um regime democrático, não vamos avançar, não vamos ter a Constituição garantida, enquanto perdurar esse comando de esquecimento sobre os nossos corpos, sobre as nossas vidas. Acho que isso é muito sintomático do avanço do fascismo no Brasil e das ideias da extrema direita nos últimos anos”.
Procurado pela reportagem para responder às críticas de Nadine e acusações de Fernando, o Superior Tribunal Militar não respondeu.
Um dos pesquisadores que receberam os áudios em 2017 foi Carlos Fico, historiador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde aquele ano, ele estuda e publica artigos sobre o tema. Ele enfatiza o valor desses documentos para o trabalho acadêmico e para a veiculação jornalística. Mas é pessimista sobre os impactos que essas gravações têm sobre parte da população brasileira.
Para ele, o regime militar vai continuar sendo visto de forma positiva por muitos. Além da construção política e ideológica dessa imagem, há questões de ordem psicológica.
“As pessoas, por uma questão de apaziguamento de espíritos, constroem memórias confortáveis que explicam a própria atuação nesse passado traumático ou dos seus pais. No caso brasileiro, a gente tem várias dessas memórias confortáveis. Uma delas é essa, que a ditadura não foi tão ruim. Tem gente até que fala em ‘ditabranda’, que teve um lado bom, porque teve a Transamazônica, a ponte Rio-Niterói, a hidrelétrica de Itaipu. Então, ignoram toda a realidade da desigualdade social, da repressão, o fato de que haveria crescimento econômico mesmo numa democracia porque as condições internacionais favoreciam. Por mais que a gente tente mostrar os fatos, o alcance da história é muito reduzido. Sobretudo em um país onde a educação básica e secundária é tão precária e com um altíssimo grau de analfabetismo funcional”.
Já o pesquisador Fernando Fernandes acredita que os registros ajudam a construir uma consciência coletiva de que regimes de exceção não podem voltar a acontecer no país.
“Esse projeto deveria ser sobre o passado da ditadura, sobre o passado de tortura, sobre o passado de desaparecimentos políticos ainda não curados, porque não conseguimos achar os corpos. Mas ele acaba sendo um projeto sobre o presente. Sobre os riscos da democracia que acabamos de vivenciar e que ainda existem, como aconteceu no dia oito de janeiro deste ano. E é um projeto sobre o futuro, porque conhecer os abusos e a história é o que nos permite consolidar o regime democrático”. (Publicado em 31/03/2023 - 13:21 Por Por Rafael Cardoso – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro).
Edição: Heloisa Cristaldo
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