Protestos em várias capitais do País reuniram
mais de 1 milhão de pessoas nesta quarta-feira 15; na Avenida Paulista, mais de
100 mil pessoas, segundo a CUT, já ocupam todas as faixas, nos dois sentidos,
contra a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer e por mudanças na
lei trabalhista; ato terá a participação do ex-presidente Lula; protestos
gigantescos foram também registrados em cidades como Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Recife, Fortaleza, entre outras, além de paralisações em diversas
setores, como transporte, bancos e educação; o ministério da Fazenda, em
Brasília, foi ocupado por movimentos sociais por cerca de nove horas;
"Governo corrupto vai tirar os direitos dos trabalhadores?",
questionou hoje mais cedo o presidente da CUT, Vagner Freitas, em entrevista ao
247.
Camila Boehm - Repórter da
Agência Brasil
Manifestantes ocupam trecho
da Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), desde as
15h de hoje (15), em protesto contra a reforma da Previdência. O ato conta com
integrantes de diversos movimentos sociais, sindicais e trabalhadores que
criticam as medidas propostas pelo governo federal. Três carros de som estão no
local.
Professores e
metalúrgicos ainda devem se juntar aos manifestantes da Avenida Paulista.
O coordenador da
Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, disse que a reforma da
Previdência é uma ameaça concreta neste momento uma vez que o governo federal
já encaminhou o texto para o Congresso Nacional. Ele aponta ainda que o ato é
contra a terceirização dos trabalhadores e a reforma trabalhista.
"A população está
fazendo as contas: faltam 5 anos para se aposentar, aí [com a reforma] vai
faltar mais 5. Então, tem uma coisa muito objetiva. Independentemente de
questões partidárias ou de visões de esquerda e de direita, se trata de um
direito à questão da aposentadoria, é uma coisa quase universal", disse
Bonfim, que também é integrante da Frente Brasil Popular. Para ele, a oposição
à reforma está espalhada pela população e não é um pleito somente de centrais
sindicais e movimentos sociais.
Na avaliação dele,
hoje será um dia decisivo, um marco na história da luta dos trabalhadores e dos
movimentos sociais. "Se não colocarmos hoje um fim nessa proposta [da
reforma], pelo menos vamos iniciar uma grande jornada no Brasil, que extrapola
os movimentos sociais, para barrar esse retrocesso todo", disse.
Escolas públicas e particulares
param contra a reforma da Previdência
Akemi Nitahara – No
Dia Nacional de Paralisação contra a Reforma da Previdência, que acontece hoje
(15) em todo o país, escolas públicas e particulares do Rio de Janeiro também tiveram
as atividades suspensas.
Segundo o Sindicato
dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-RJ), que representa os
profissionais da rede particular, mais de 15 mil aderiram à paralisação contra
as reformas da previdência, trabalhista e do ensino médio, além do projeto
Escola sem Partido.
O sindicato organizou
atos públicos em vários locais da cidade, como Botafogo, Ipanema, Gávea,
Tijuca, Jacarepaguá e Campo Grande. No Largo do Machado, cerca de 2 mil pessoas
participaram de uma aula pública pela manhã e seguiram em passeata até o
Palácio Guanabara, sede do governo.
O Sindicato dos
Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe-Rio)
confirmou que escolas tradicionais como o Colégio São Bento e o Santo Inácio
aderiram à paralisação. Segundo o Sinepe, 54 escolas tiveram as atividades
suspensas total ou parcialmente, em um universo de 1.800 estabelecimentos. A
adesão foi maior na zona sul da cidade.
O Sindicato dos
Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), que representa
os trabalhadores das redes estadual e municipais, informou que a paralisação
foi confirmada em pelo menos 18 cidades, além da rede estadual. A Secretaria
Municipal de Educação, Esportes e Lazer do Rio de Janeiro confirmou que a paralisação
ocorreu hoje em 40 escolas, dez creches e oito Espaços de Desenvolvimento
Infantil, que atendem, juntos, a 16.354 alunos. Já a Secretaria de Estado de
Educação informou que a rede estadual funcionou normalmente, com menos de 2% de
adesão ao movimento.
Ato contra a reforma da
Previdência reúne milhares nas ruas do centro de BH
Léo Rodrigues –
Milhares de pessoas ocuparam as ruas do centro de Belo Horizonte nesta
quarta-feira (15) em protesto contra a proposta de reforma da Previdência
apresentada pelo governo federal. Os manifestantes se concentraram na Praça da
Estação e de lá seguiram até a Praça da Assembleia.
Assim como em outras
capitais do país, o ato foi convocado pela Frente Brasil Popular e pela Frente
Povo Sem Medo, grupos que reúnem sindicatos, entidades estudantis e outras
organizações dos movimentos sociais. Na avaliação dos organizadores, 150 mil
pessoas participaram do protesto. A Polícia Militar informou que não vai
divulgar estimativa de público.
Entre as medidas
propostas pela reforma da Previdência está a que estabelece idade mínima de 65
anos para aposentadoria e fixa o tempo mínimo de contribuição em 25 anos.
Contribuindo pelo período mínimo, o trabalhador teria direito a uma
aposentadoria no valor de 76% do seu salário médio. A cada ano de trabalho
adicional, faria jus a mais um ponto percentual. Dessa forma, para se aposentar
com 100% do benefício, seria preciso trabalhar 49 anos.
A proposta tramita na
Câmara dos Deputados e já recebeu mais de 140 emendas. Para Beatriz Cerqueira,
presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), não é possível melhorar
a proposta apresentada. "Essa reforma iria impossibilitar o direito à
aposentadoria. O problema dela é estrutural. Foi elaborada por quem não conhece
a realidade da população brasileira".
Ela também fez
críticas ao fim de especificidades das aposentadorias dos trabalhadores rurais,
dos professores e de profissionais que têm risco de vida, como os
eletricitários e policiais civis.
A reforma da
Previdência é justificada pelo governo federal como uma necessidade diante do
déficit que o sistema enfrenta. Segundo o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, as despesas com benefícios previdenciários estão crescendo de forma
insustentável.
Leonardo Péricles,
integrante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e líder da
Frente Povo Sem Medo critica os argumentos do ministro. "Não há déficit.
Há superávit. E a prova disso é que, nos últimos anos, recursos da Previdência
foram retirados até para pagar a dívida pública e os juros aos bancos",
diz.
Segundo Péricles,
haverá outros atos para pressionar os deputados a votarem contra a proposta
"A aprovação da reforma impossibilitará muita gente de se aposentar. Quem
consegue trabalhar desde os 17 anos sem nunca ficar um, dois ou dez anos
desempregado ou empregado mas sem carteira assinada?", defende.
Paralisação
Diversas categorias de
trabalhadores paralisaram hoje para participar do ato. A manifestação contou
com a adesão de professores das redes públicas e privada, metroviários,
eletricitários, trabalhadores da saúde, servidores da Universidade Federal de
Minas Gerais e funcionários dos Correios, entre outros.
As 19 estações de
metrô da capital mineira não abriram. O metrô de Belo Horizonte tem apenas uma
linha e liga a região de Venda Nova até o município de Contagem (MG), na região
metropolitana, passando pelo centro da capital. Segundo a Companhia Brasileira
de Trens Urbanos (CBTU), diariamente cerca de 240 mil pessoas utilizam o modal.
A CBTU, que é
responsável pela gestão do modal, havia obtido uma liminar do Tribunal Regional
do Trabalho (TRT-MG) para garantir a operação de pelo menos 80% dos trens,
entre 5h30 e 10h e entre 16h e 20h, e de 50% nos demais horários. Até a noite
de ontem (14), o Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos
de Minas Gerais (Sindmetro) informou que não havia sido notificado da decisão.
A reportagem tentou contato hoje com a entidade, mas não obteve sucesso.
Prédio do Ministério da Fazenda
é desocupado depois de nove horas
Wellton Máximo -
Depois de pouco mais de nove horas de ocupação, a sede do Ministério da Fazenda
em Brasília foi liberada. Por volta das 15h, os integrantes de movimentos
sociais que tinham tomado o prédio no início da manhã deixaram o local.
O edifício passa por
uma perícia da equipe de segurança e de patrimônio do próprio ministério e,
posteriormente, passará por uma vistoria da Polícia Federal para verificar
possíveis danos. A entrada dos servidores só será liberada amanhã.
Por volta das 5h40, o
prédio foi ocupado por integrantes de movimentos de sem-terra, de agricultores
familiares e de sem-teto que protestam contra a reforma da Previdência. De
acordo com os manifestantes, 1,5 mil pessoas participaram do ato. A Polícia
Militar do Distrito Federal informou que, no meio da manhã, o número de
manifestantes chegava a 500.
A ação levou o
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a despachar na sede da Escola de
Administração Fazendária, no Lago Sul, em Brasília. Por volta das 12h30, o
ministro embarcou para a Alemanha, onde participará, até sábado (18), da
reunião de ministros de Finanças do G20 (grupo das 20 maiores economias do
mundo). (247).
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