Os professores da rede estadual de São Paulo entram em greve na próxima segunda-feira (8), contra a volta às aulas presenciais sem condições de segurança em meio à pandemia de covid-19. A categoria vai manter as atividades remotas. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) defende que a greve tem como objetivo a preservação da vida dos professores e outros trabalhadores da educação e também denunciou que houve 147 casos de covid-19 em 79 escolas da rede estadual nos últimos dias. Os trabalhadores da rede municipal de educação decidem na segunda sobre uma paralisação nos mesmos moldes a partir do dia 10.
“Não há condições para um retorno seguro. As escolas não apresentam a mínima infraestrutura. Recebemos a todo momento fotos e vídeos de professores mostrando banheiros quebrados, lixo acumulado, goteiras, álcool gel vencido. E tudo isso já está causando consequências graves. A Apeoesp fez um levantamento em que constatou até agora 147 casos de covid-19 em escolas. Todas tiveram algum tipo de atividade presencial. Imagine o que vai acontecer quando milhões de estudantes voltarem para as aulas presenciais no estado”, defendeu a presidenta da Apeoesp e deputada estadual, Professora Bebel (PT). A assembleia foi feita de forma virtual.
Segundo ela, o sindicato vai realizar uma série de atos e manifestações na próxima semana para esclarecer a população sobre os motivos da greve de professores. “Queremos dialogar com a população. Teremos carros de som por todo o estado, campanha de esclarecimento nas redes sociais, rádios e TV, carreatas e manifestações regionais. Além disso, iremos às câmaras municipais, conversaremos com prefeitos e realizaremos encontro com professores, pais, mães, estudantes e funcionários, entre outras ações”, disse Bebel.
Nesta sexta-feira (5), o governador paulista, João Doria (PSDB), disse que a volta às aulas em São Paulo vai se dar de acordo com o faseamento do plano São Paulo. Isso significa que na Grande São Paulo e nas regiões de Araçatuba, Baixada Santista, Campinas, Presidente Prudente e Registro, que estão na fase amarela, poderão participar das atividades até 70% dos estudantes – que serão obrigados a voltar. Nas demais regiões, a volta dos estudantes é opcional, com limite de 35% por sala de aula. O governador não comentou sobre a greve de professores.
Os professores e outros trabalhadores da rede municipal de ensino da capital paulista vão decidir sobre a greve na próxima segunda-feira (8). A categoria já declarou estado de greve e indicou que a paralisação deve ter início no dia 10. Os sindicatos apresentaram propostas à prefeitura de São Paulo de como conduzir a volta às aulas em meio à pandemia de covid-19, mas o governo Bruno Covas rejeitou as ideias.
Nesta semana, o governo Doria emitiu termos de responsabilidade às famílias de estudantes da rede estadual de ensino em que se exime totalmente de responsabilidade caso crianças e adolescentes sejam contaminados pela covid-19 nas escolas. O documento coloca entre as condições para retorno do aluno às aulas presenciais que, “em caso de contaminação com a covid-19, me responsabilizarei inteiramente com os cuidados necessários, uma vez que o vírus circula em todos os locais e não somente na escola”.
Motivos da greve de professores
O primeiro dia de planejamento da volta às aulas dos professores da rede estadual de São Paulo, na segunda-feira (1º), desmontou as propagandas do governo Doria e confirmou as preocupações dos trabalhadores da educação. Salas cheias e mal ventiladas, álcool em gel vencido e escolas ainda em reforma foram denunciadas em várias regiões do estado. Além disso, os professores criticaram a determinação de retomar as atividades presenciais de planejamento, sendo que a orientação foi toda por meio de vídeos, vistos em telões ou celulares.
A Apeoesp reuniu relatos de professores e outros trabalhadores da educação mostrando alguns dos problemas. Escolas na região de Tatuí e Rio Claro distribuíram álcool em gel 70% vencido aos professores. Na Escola Estadual (EE) Valentim Gentil, no Cursino, região sudeste da capital paulista, a reforma da unidade ainda está em andamento. Mesma situação da EE Professor José Cardoso, em Rio Claro, em que nenhum banheiro estaria acessível aos estudantes, se as aulas voltassem hoje, como planejado inicialmente.
Em Marília, no interior paulista, professores relatam ter ficado 4 horas em sala, apenas com um ventilador apontado para a porta, por que as janelas basculantes estão emperradas e não abrem. Além disso, o próprio uso do ventilador não é recomendado, fazendo com que muitas salas fiquem extremamente quentes. “Se com ventilador já é difícil, imagina sem. Agora imagine se as crianças e adolescentes vão respeitar as regras nessas condições. Ficar horas de máscara num calor desse?”, questionou um professor que também pediu para não ser identificado. (Por: Rodrigo Gomes, da RBA).
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