domingo, 19 de setembro de 2021

VULCÃO - Vulcão Cumbre Vieja entra em erupção nas Ilhas Canárias; veja as imagens

 

O vulcão expeliu grandes colunas de fumaça, cinzas e lava, de acordo com as primeiras imagens transmitidas ao vivo pela televisão pública espanhola


                Por AFP

                                                Vulcão Cumbre Vieja - Foto: DESIREE MARTIN / AFP

O vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, no arquipélago das Canárias, entrou em erupção neste domingo (19) após dias de intensa vigilância devido à sua atividade sísmica, anunciaram as autoridades locais. A erupção ganhou repercussão nas redes sociais do País diante da possibilidade de tsunami na costa brasileira. Essa hipótese, no entanto é muito remota, segundo especialistas.

“A erupção começou na área de Cabeza de Vaca, em El Paso”, informou o governo local da ilha em sua conta no Twitter, que começou a evacuar as áreas habitadas próximas ao vulcão.

O vulcão expeliu grandes colunas de fumaça, cinzas e lava, de acordo com as primeiras imagens transmitidas ao vivo pela televisão pública espanhola por volta das 16h30 (11:30h BRAS).

O Cumbre Vieja ficou em alto nível de alerta por uma semana devido ao aumento da atividade sísmica na ilha.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, viajará neste domingo para a ilha de La Palma, anunciou seu gabinete.                 

"Diante da situação gerada na ilha de La Palma, o presidente do Governo adiou a viagem prevista para hoje a Nova York" para participar da Assembleia Geral da ONU, "e se deslocará nesta mesma tarde às Canárias para acompanhar a evolução dos acontecimentos", informou o serviço de imprensa do governo espanhol em um comunicado.

Desde sábado, o Instituto de Vulcanologia das Ilhas Canárias registrou vários milhares de terremotos de baixa intensidade, até o nível 4 da escala Richter, na área do vulcão.

A última erupção do Cumbre Vieja ocorreu em 1971. O arquipélago espanhol das Ilhas Canárias teve sua última erupção em 2011, desta vez debaixo d'água, na ilha de El Hierro.


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LA CUMBRE VIEJA - Erupção de vulcão nas Ilhas Canárias pode gerar tsunami em Pernambuco? Veja o que diz pesquisador

                Por Fabio Nóbrega/Folhape

   Vista aérea do Parque Nacional Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias - Foto: Divulgação/Hello Cannary Islands


Localizado em Las Palmas, Ilhas Canárias, na costa da África, o vulcão La Cumbre Vieja entrou em estado amarelo de alerta de erupção. Esse é o segundo mais alto de quatro níveis de atenção para a escala de atividade vulcânica.

No Brasil, as redes sociais foram tomadas, nesta quinta-feira (16), pela informação de que essa erupção, caso ocorresse, geraria um tsunami em todo o litoral, incluindo o de Pernambuco, que poderia registrar ondas de até 10 metros, mas, calma: o risco até existe, só não é tão urgente quanto pode parecer.

Em entrevista à Folha de Pernambuco, o oceanógrafo Carlos Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirmou que essa elevação do alerta não significa que o vulcão vai entrar em erupção amanhã ou depois e nem que ondas gigantes poderiam atingir a costa brasileira. 

“É um procedimento normal do governo espanhol falando: ‘olha, o vulcão está se tornando mais ativo e isso faz mais alerta para a população da ilha’. Existem vários estudos que mostram que se você tivesse uma erupção específica lá nessa ilha, você poderia ter um tsunami que chegaria aqui, mas não é toda erupção que gera tsunami”, amenizou o especialista. O Recife está localizado a cerca de 4.450 quilômetros do Cumbre Vieja.

Para uma erupção vulcânica gerar um tsunami, seriam necessários alguns fatores como quantidade e velocidade de um possível desmoronamento de parte da terra da ilha onde está o La Cumbre Vieja para o Oceano Atlântico, que, inclusive, não costuma ter tsunamis como os oceanos Pacífico e Índico.

O Plano Especial de Proteção Civil e Atenção às Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca, na sigla em espanhol), entidade do arquipélago onde fica Las Palmas, responsável pelo alerta, justifica a elevação do nível de alerta pela ocorrência repetida de terremotos na região desde 2017, sobretudo nos últimos dias. 

Cerca de 4.222 tremores foram detectados no parque nacional em volta do vulcão - sendo o mais forte com magnitude de 3,5 graus na escala Richter, nessa quarta-feira (15), segundo informou o Instituto Geográfico Nacional da Espanha (IGN).

Com a intensa atividade sísmica recente, especialmente a uma profundidade considerada baixa, de 8 a 12 quilômetros, o magma está subindo lentamente pelo vulcão para a superfície e pode ser expelido da caldeira. 


O Instituto Vulcanológico das Canárias (Involcán) estima que há 11 milhões de metros cúbicos de magma na caldeira do vulcão, segundo o jornal espanhol ABC publicou nesta quinta-feira. O órgão inclusive informou que não há evidências para uma erupção imediata, mas que essa situação pode mudar rapidamente. 

Considerado um dos mais ativos da região pertencente à Espanha, o Cumbre Vieja, de 2.246 metros de altitude, está "adormecido" há décadas e entrou em erupção pela última vez em 1971. Especialistas defendem que a situação atual demanda um monitoramento cuidadoso, especialmente nas proximidades. 

"A gente não sabe qual o tamanho que essa onda chegaria aqui. De forma alguma, seria uma onda de 30 metros. Poderia ser de 5 centímetros, isso depende de muita coisa. Como aumentou o risco de ter uma erupção, eu falaria que o risco do tsunami saiu de 0% para 0,000001%”, acrescentou Carlos Teixeira. 


Autoridades precisam ter planos
Apesar de o risco de tsunami no Brasil ser algo remoto, as autoridades deveriam estar preparadas, segundo Carlos Teixeira. Ele defende que planos de emergência sejam elaborados para situações como essa. 

“A gente tem que se preparar, tem que fazer um plano, existem formas. Eu desconheço algum plano para tsunami porque esse risco é muito pequeno. A gente pega a Defesa Civil e tem plano para inundação, desmoronamento, incêndio, mas a gente deveria ter para tsunami mesmo que a chance seja mínima”, disse o oceanógrafo.

O professor reitera que não é preciso que a população no Brasil tenha medo de um tsunami agora. “Não precisa se preocupar, isso não vai acontecer, não vamos ter uma onda de 5 metros de altura, não precisa ter medo”, completou Carlos Teixeira.

É mais urgente se preparar para as mudanças climáticas
O oceanógrafo defende que, há 20 anos, por exemplo, cientistas alertavam sobre a possibilidade iminente de uma pandemia e que a sociedade precisaria estar preparada para enfrentá-la.

No entanto, os recorrentes alertas foram ignorados e o que se viu foi um cenário em que nem as autoridades nem a população souberam lidar com a chegada e disseminação do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19.

“Naquele momento, você teve a correria que está tendo hoje [por causa do tsunami], mas depois isso foi esquecido e as pessoas minimizaram, mas um dia a pandemia veio. Da mesma forma que a gente deveria estar preparado para uma pandemia, devemos estar preparados para um caso de tsunami”, continuou o professor. 

“A gente deveria se preocupar mais com a poluição por plásticos e as mudanças climáticas”, finalizou Carlos Teixeira.

Tsunami da Ásia de 2004 teve efeitos no Brasil
Pesquisadores do Departamento de Oceanografia Física da Universidade de São Paulo (USP) verificaram o registro no Brasil dos efeitos do grande tsunami da Ásia de 26 de dezembro de 2004, com ondas de até 30 metros de altura e que matou quase 230 mil pessoas em 14 países.

Estações costeiras em Cananeia (SP) e na Baía de Guanabara (RJ) apresentaram oscilações no nível do mar de entre 20 centímetros e 1,2 metro de altura.

Essas oscilações tiveram um período aproximado de 45 minutos e início entre 20 e 22 horas depois do terremoto de 9,1 graus na escala Richter no Oceano Índico e foram observadas durante dois dias.

Efeitos sentidos no Brasil do tsunami de 2004 (Arte: Divulgação/USP)

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Aquecimento global: mudanças podem ser irreversíveis entre 2040 e 2050

 

Produção agrícola pode cair 30% sem redução de emissões até 2030

Athit Perawongmetha/Reuters


A capacidade de adaptação dos países às mudanças causadas pelo aquecimento global pode acabar, caso as emissões de gases de efeito estufa não sejam drasticamente reduzidos nesta década. Segundo relatório da Chatham House, think tank (instituições que se dedicam a produzir conhecimento sobre temas políticos, econômicos ou científicos) britânica de pesquisa sobre o desenvolvimento internacional, fundada em 1920, as mudanças podem ser irreversíveis entre 2040 e 2050.

O alerta está na Avaliação de Riscos das Mudanças Climáticas, documento desenvolvido para subsidiar as tomadas de decisões dos chefes de Governo e ministros antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), marcada para ocorrer de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

Para o pesquisador sênior do Programa de Meio Ambiente e Sociedade da Chatham House, Daniel Quiggin, um dos autores do relatório, as metas estabelecidas por muitos países para neutralizar as emissões de carbono e a maior ambição com relação às metas nacionais de redução de gases de efeito estufa são uma esperança. Embora, segundo ele, não passem de promessas.

“Muitos países não têm políticas, regulamentações, legislação, incentivos e mecanismos de mercado proporcionais para realmente cumprir essas metas. Além disso, os NDCs [da sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada] revisados globalmente ainda não fornecem uma boa chance de evitar o aquecimento em 2ºC. Devemos lembrar que muitos cientistas do clima estão preocupados que, além dos 2ºC, uma mudança climática descontrolada possa ser iniciada”, alerta.

As metas nacionais foram determinadas a partir do Acordo de Paris, tratado negociado durante a COP21, em 2015, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. O acordo rege a redução de emissão de gases de efeito estufa a partir de 2020, para tentar manter o aquecimento global abaixo de 2ºC até o fim do século, num contexto de desenvolvimento sustentável.

Quiggin alerta que as metas definidas ainda não garantem a neutralidade do carbono.

“O balanço zero líquido das emissões depende de tecnologias de emissão negativa, que atualmente não são comprovadas empiricamente em escala comercial. Em resumo, as metas que os países buscam estão se movendo na direção certa, mas ainda não conseguem evitar a devastadora mudança climática. E as políticas de apoio às metas existentes são insuficientes para atingir essas metas”, disse.

Ondas de calor

A avaliação, lançada essa semana em Londres, aponta que a falta de medidas concretas por parte dos governos pode levar a temperaturas extremas a partir da década de 2030, causando 10 milhões de mortes ao ar livre. Ondas de calor anuais podem afetar 70% da população mundial e 700 milhões de pessoas estarão expostas a secas severas e prolongadas todos os anos.

O documento também alerta para a redução de 30% na produção agrícola até 2050 e que 400 milhões de pessoas não poderão mais trabalhar ao ar livre por causa do aquecimento global. Para 2040, há uma expectativa de perda de rendimento de pelo menos 10% nos quatro principais países produtores de milho: Estados Unidos, China, Brasil e Argentina.

Na virada do próximo século, um aumento de 1 metro no nível do mar pode aumentar a probabilidade das grandes inundações em cerca de 40 vezes para Xangai, 200 vezes para Nova York e mil vezes para Calcutá.

Segundo Quinggin, os atuais esforços globais para conter o aquecimento dão ao mundo menos de 5% de chance de manter o aquecimento abaixo de 2°C.

“Sem ações radicais em todos os setores, mas especialmente dos grandes emissores, temperaturas extremas, quedas dramáticas nos rendimentos agrícolas e secas severas prolongadas provavelmente resultarão em milhões de mortes adicionais na próxima década. Ainda há uma janela de oportunidade real (embora ela esteja se fechando) para uma ambição muito maior de todos os governos, para evitar os impactos mais catastróficos das mudanças climáticas”.

A avaliação da Chatham House indica que o ritmo atual dos esforços de descarbonização podem segurar o aquecimento até 2100 em 2,7°C, mas a chance de a temperatura média do planeta subir 3,5°C é de 10%. O pesquisador explica que as restrições de mobilidade ocorridas por causa da pandemia da covid-19 contribuíram apenas momentaneamente para a redução das emissões.

“Nós consideramos isso, mas dado que as emissões se recuperaram muito rapidamente, e agora estão subindo novamente, o breve alívio oferecido pelos bloqueios nas emissões foi insuficiente para mudar nossa avaliação do ritmo e gravidade das mudanças climáticas”, explica.

A Avaliação de Riscos das Mudanças Climáticas é o primeiro de uma série de relatórios de pesquisa aprofundados que a Chatham House vai lançar até a COP26, analisando as consequências do aquecimento do planeta e indicando as ações que precisam ser tomadas para evitar o desastre climático. O trabalho é feito por cientistas e analistas políticos no Reino Unido e na China. (Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro).

Edição: Fernando Fraga


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