O aparelho foi identificado como um 'avião hostil' e 'atingido' no momento em que a ameaça inimiga se encontrava
'no mais alto nível'
Por: AFP
Destroços do avião ucraniano derrubado pelo IrãFoto: Akbar Tavakoli / Irna / AFP
O
Estado-Maior das Forças Armadas iranianas admitiu neste sábado que um
"erro humano" foi a origem da catástrofe com o Boeing 737 da
Ukrainian Airlines, e Teerã pediu desculpas pelo incidente, cuja origem foi o
"aventureirismo" dos Estados Unidos.
O aparelho, no qual viajavam 176 pessoas, foi
identificado como um "avião hostil" e "atingido" no momento
em que a ameaça inimiga se encontrava "no mais alto nível", revelou
um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Irna.
O presidente iraniano, Hassan Rohani,
declarou que seu país "lamenta profundamente" o incidente, que chamou
de "grande tragédia" e "erro imperdoável". "A
investigação interna das Forças Armadas concluiu que, lamentavelmente, mísseis
lançados por um erro humano causaram o horrível impacto no avião e a morte de
176 inocentes".
A maioria das vítimas era iraniano-canadense,
mas também havia britânicos, suecos e ucranianos a bordo.
O ministro das Relações Exteriores, Mohammad
Javad Zarif, apresentou as desculpas do Irã pela catástrofe. "É um dia
triste", escreveu Zarif no Twitter, citando um "erro humano em tempos
de crise causada pelo aventureirismo dos americanos. Nosso profundo
arrependimento, desculpas e condolências ao nosso povo, às famílias de todas as
vítimas e às outras nações afetadas".
O incidente ocorreu na madrugada de
quarta-feira, logo após o Irã disparar mísseis contra bases militares
utilizadas pelos militares americanos estacionados no Iraque em resposta ao
assassinato pelos EUA de um general iraniano em um ataque com um drone em
Bagdá.
O Estado-Maior garantiu à população que o
"responsável" pela tragédia será levado "imediatamente" à
Corte Marcial e que o fato não se repetirá. "Garantimos que com as
reformas fundamentais nos processos operacionais das Forças Armadas tornaremos
impossível a repetição de erro semelhante".
O voo PS752 da companhia Ukraine Airlines
International (UAI) caiu dois minutos depois de decolar do Aeroporto de Teerã
rumo a Kiev.
Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Holanda
já haviam antecipado que a queda era resultado de um míssil iraniano, e vídeos
neste sentido foram publicados nas redes sociais.
Tragédia
anunciada
Os
incidentes envolvendo mísseis e aviões comerciais sobre áreas de conflito não
são exatamente raros.
Em 17 de julho de 2014, o voo MH17 da
Malaysia Airlines que seguia de Amsterdã para Kuala Lumpur foi derrubado sobre
o leste da Ucrânia, controlado por rebeldes, matando as 298 pessoas a bordo do
Boeing 777, incluindo 193 holandeses. As autoridades de Kiev e os rebeldes
separatistas pró-Rússia se acusaram mutuamente de disparar o míssil que
derrubou o aparelho.
Em
julho de 1988, um Airbus A-300 da Iran Air, que voava de Bandar Abbas, no Irã,
para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi derrubado nas águas territoriais do
Irã no Golfo Pérsico por mísseis disparados de uma fragata americana que
patrulhava o Estreito de Ormuz. As 290 pessoas a bordo morreram e os Estados
Unidos pagaram ao Irã 101,8 milhões de dólares em indenização.
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