sábado, 11 de janeiro de 2020

Celso Amorim sobre conflito EUA-Irã: o mínimo que o Brasil pode fazer é ficar de fora

Celso Amorim, Qassem Soleimani, Donald Trump e Jair Bolsonaro
Celso Amorim, Qassem Soleimani, Donald Trump e Jair Bolsonaro 
(Foto: Brasil247 | Reuters)

Um dos principais personagens da articulação do acordo nuclear pelo governo brasileiro com o Irã, sob a gestão do ex-presidente Lula, o então ministro das Relações Exteriores à época, Celso Amorim, deu uma aula sobre aquele período em entrevista concedida à TV 247 nesta semana. Ao analisar o atual conflito entre Estados Unidos e Irã, Celso Amorim definiu como “injustificável” o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani pelo presidente Donald Trump e avaliou que Jair Bolsonaro e sua equipe estão arrastando o Brasil para a guerra.
O ex-chanceler discordou da nota divulgada pelo Itamaraty que presta apoio aos atos norte-americanos e ressaltou a importância do multilateralismo como mediação de conflitos. “Sou totalmente contrário ao que foi a nota do Itamaraty. O ato norte-americano é injustificável, não houve nem sequer uma tentativa de levar o assunto à ONU por iniciativa norte-americana, nem antes e nem depois. Tem o lado ainda do interesse brasileiro, eu não desprezo o primeiro lado porque defender valores também é defender interesses, valores que nos protejam, é uma proteção para nós. Além disso há interesses imediatos, é muita exportação do agronegócio brasileiro, base de sustentação do Bolsonaro”.
Celso Amorim afirmou que, diante da incapacidade do atual governo, o melhor que pode ser feito no momento é deixar o Brasil de fora da tensão. Ele comparou a situação atual com a guerra entre EUA e Iraque, na qual o governo de Fernando Henrique Cardoso orientou que Celso, então embaixador do Brasil na ONU, manifestasse preocupação com o conflito. “Se fosse um outro governo e um outro momento, o governo do Lula certamente, mas talvez até o governo do Fernando Henrique no passado, a gente poderia ter condenado a ação americana ou pelo menos ter manifestado preocupação, como o Fernando Henrique fez em relação ao Iraque, ou pelo menos me autorizou a fazer quando eu era embaixador na ONU, no mínimo isso. É uma ação unilateral, o Brasil sempre defendeu o princípio do multilateralismo, isso seria o básico. Sendo realista, no mundo de hoje, com o presidente que a gente tem e o chanceler que a gente tem, isso não será feito. O mínimo que ele pode fazer é ficar de fora”.
O embaixador falou ainda do Processo Varsóvia que será realizado no Brasil no início de fevereiro, uma reunião dos principais inimigos do Irã com os Estados Unidos, o que pode aprofundar ainda mais a participação do Brasil na guerra. “Além do fato da nota, tem uma questão que o Brasil, de uma maneira totalmente absurda e gratuita, está convidando para uma reunião em fevereiro aqui o chamado Processo de Varsóvia. Em teoria é uma coisa humanitária, para cuidar dos refugiados, mas só tem os inimigos do Irã. Quer dizer, não participa o Irã, não participa sequer autoridades palestinas, não participa a Síria, nem França e europeus querem vir. Então essa reunião agora vai servir para dar legitimidade à ação norte-americana, ou seja, o Brasil entra fundo no meio”, alertou. (247)


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