Tabagismo, obesidade, colesterol, diabetes, toxicomania, estresse da vida moderna são alguns dos fatores que explicam esse crescimento preocupante.
Por Damien Mascret – Le Figaro Santé
Graças à iniciativa pioneira do Prof. Maurice Giroud, chefe do setor de neurologia no Hospital Universitário de Dijon, a França tem o registro mais antigo dos AVC (acidentes vasculares cerebrais) do mundo. «Todos os AVCs ocorridos na região de Dijon são registrados continuamente desde 1985, graças ao financiamento do Inserm e do Instituto de Vigilância Sanitária (INVS)», explica ao Le Figaro, o Prof. Yannick Béjot, neurologista no Hospital Universitário de Dijon e diretor científico do registro.
Essas coletas exaustivas e rigorosas de dados de saúde são ferramentas valiosas para todos os intervenientes do sistema de saúde na França. Pois uma coisa é ter uma impressão, outra coisa é confirmá-la. Assim como os cardiologistas para o infarto do miocárdio, os neurologistas há vários anos têm observado em seus consultórios a chegada de pacientes cada vez mais jovens que sofreram um AVC. Um fato que esses registros também confirmam é que a idade média de ocorrência de um AVC permanece em 74 anos e meio. Tal fato é provavelmente devido à elevação da idade média de vida da população nacional, que curiosamente ocorre quase na mesma proporção da baixa da média para a ocorrência de acidentes vasculares.
A última publicação dos registros de Dijon aconteceu há poucos dias através do Boletim epidemiológico semanal (BEH). Eles confirmam claramente o aumento dos AVCs antes dos 55 anos de idade. A incidência, tanto em homens como em mulheres, que estagnara em torno de 10 casos para 100 mil pessoas no final dos anos 80 e no final dos anos 90, já dobrou, alcançando 20 casos para 100 mil pessoas a partir do anos 2000.
Infarto cerebral
Os registros de Dijon também mostram que o aumento se refere a apenas um tipo de AVC, aquele que é causado pela obstrução de uma artéria (infarto cerebral). No entanto, a frequência dos AVC por sangramento (hemorragia cerebral) se manteve relativamente estável durante o mesmo período.
A causa deste aumento não é fácil de ser identificada, mas o Prof. Béjot faz várias suposições: «O percentual de fumantes ainda é elevado entre as pessoas com menos de 55 anos, a prevalência da obesidade, da hipercolesterolemia e do diabetes também está aumentando e, muitas vezes, há consumo de cannabis, ou outras drogas nessas vítimas mais jovens de AVC».
Essas hipóteses são coerentes com o fato de que homens e mulheres são igualmente afetados, observando-se também que este aumento aparece apenas no caso de infartos, e não de hemorragias. «O principal fator de risco de AVC hemorrágico é a hipertensão arterial. No entanto, o tratamento deste último melhorou significativamente », observa o Prof. Béjot.
O tratamento do AVC também melhorou significativamente. A sobrevivência de três meses passou de 85 % para 96 % no registro de Dijon. No entanto, este número não deve esconder uma realidade mais sombria: entre 10 % e 20 % destes pacientes mantém incapacidade moderada, e 10 %, incapacidade grave ocasionando dependência. Asem falar da depressão e do cansaço que afetam a metade das vítimas de AVC. (247).
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