A nova pesquisa Datafolha diz que agora o ex-presidente Lula é favorito. A preferência por ele deixa isolados os demais candidatos, inclusive Bolsonaro, que segue em segundo lugar mas com metade (17%) dos 34% obtidos por Lula. E isso acontece no momento em que as forças da coalizão do golpe começam a se unir em torno da candidatura do governador tucano Geraldo Alckmin, que aparece em quarto lugar, com apenas 6% de preferência, empatado com Ciro Gomes e Joaquim Barbosa, que nem candidato é. Lula já reúne condições para ganhar no primeiro turno e bate todos os concorrentes nas simulações de segundo turno, e com mais folga, derrota Alckmin, por 52% a 30%. O novo quadro deve atiçar o comichão da direita pela solução do tapetão, a inabilitação de Lula por quatro desembargadores do TRF-4. Podem eles tirar de 50 milhões de eleitores o direito de votar no candidato de sua preferência?
O Brasil tem 144 milhões de eleitores neste ano de 2017 (serão mais em 2018). Atribuindo-se a Lula 35% de preferência, ponto médio da pesquisa, seriam R$ 50,4 milhões de eleitores garfados no seu direito de votar no preferido. Por mais que acreditem na passividade dos brasileiros diante dos golpes, a operação tapetão é temerária, pode destampar a panela de pressão que vem acumulando gás desde o golpe do ano passado.
Bolsonaro continua em segundo lugar, e se consolida nesta posição porque, mesmo tendo metade dos índices de preferência de Lula, em seu melhor cenário, deixa bem para trás a segunda divisão, encabeçada por Marina Silva (9%) e seguida por Alckmin e Ciro (6%). Depois vem a turma da lanterna, com menos do que isso. A coalizão golpista e a mídia vão tocar bumbo para o perigo que ele representa, destacando a solidez de sua posição para favorecer a emergência do tucano como candidato da grande coalizão que está sendo armada, com apoio de Temer, do PMDB, do Centrão, de todos que deram o golpe. Se conseguem tirar Lula do páreo, derrotar Bolsonaro será fácil como tomar doce de criança. Este é o jogo: Lula fora e Bolsonaro demonizado.
Nos próximos meses, a elite brasileira dirá até onde será capaz de golpear a democracia para evitar a eleição de Lula. Seu outro caminho é o da restauração democrática plena, através de um pacto que garanta a realização das eleições com a participação de Lula e vença quem tiver mais votos. E no sistema presidencialista, sem recurso ao parlamentarismo, pleno ou semi. Lula já governou o país com êxito, provou sua responsabilidade e competência, favoreceu os mais pobres sem tirar dos ricos, garantiu ao Brasil uma projeção internacional sem precedentes. Em qualquer lugar do mundo, este pacto simples seria adotado como solução natural. Assim funcionam as democracias. Não aqui, onde as elites nacionais recobraram o velho gosto pelas soluções autoritárias, ainda que com roupagem nova, e pela exclusão do povo na escolha de seu destino.(247).
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