O jogo está quase feito. No encontro que tiveram neste sábado, Temer e Alckmin começaram a projetar o palanque comum que reunirá as forças do golpe de 2016 em torno da candidatura do tucano. O desembarque dos tucanos do governo será “cortês e elegante”, disse Temer. O governador foi no mesmo tom: “presidente, conte conosco”. Se tudo vai terminar em casamento, por que vão deixar os cargos? Para tentar enganar você, eleitor, com a ilusão de que o PSDB mudou de lado. Vem aí o bloco dos golpistas unidos, mas isso não significa que serão mais facilmente serão vencidos. Eles virão mas eles virão com uma máquina de guerra para ganhar. Juntando todos os partidos da centro-direito, querem isolar Lula, impedido que firme qualquer aliança mais ao centro. E juntos terão um colossal tempo de televisão, a máquina do governo federal e a do poderoso governo paulista, as centenas de prefeituras do PMDB, dinheiro gordo do fundo eleitoral e mais o que vão ganhar , por fora, das forças do capital. Mesmo assim, a polarização é boa para Lula. Mais que em qualquer outra eleição, fará sentido para a população o velho bordão do “nós contra eles”.
É claro que não vão anunciar isso agora. Alckmin terá, primeiramente, que mostrar alguma capacidade de reação nas pesquisas para selar o apoio do PMDB e atrair os demais partidos da coalizão governista, como o PSD, que cozinha a candidatura do ministro Meirelles (por sinal muito sem graça nas fotos do encontro desta manhã no interior paulista), e as outras siglas do Centrão, como PR, PP, PTB e outros mais. A Temer, Alckmin deverá garantir que na campanha defenderá a herança de seu governo, que ele chama de legado, e preservará a figura do próprio Temer, que 86% dos brasileiros consideram corrupto. Isso significa também a promessa de ajudar a encontrar uma fórmula que garanta a Temer o foro especial para depois que deixar o cargo, quando terá de responder na Justiça às acusações que a Câmara impediu que fossem investigadas no curso do mandato. Talvez com a criação do posto de senador vitalício ou com a extensão do foro do STF a ex-presidentes. E algum rateio prévio do eventual futuro governo também será negociado, pois que a especialidade do PMDB é manter-se no poder mesmo sem ganhar eleições com nome próprio.
Tudo bem encaminhado mas haverá um problema com o próprio PSDB. Os chamados “cabeças pretas” da bancada, que brigaram tanto para que o partido deixasse o governo de Temer, que votaram contra as duas denúncias e resistem a votar a favor da reforma previdenciária, não devem aceitar passivamente esta aliança, que fará de Alckmin o candidato de Temer e defensor de seu governo. Não parecem dispostos a ir para a campanha, disputar a renovação de seus mandatos, associados ao governo que desmantelou as políticas sociais, vem desqualificando as relações de trabalho com a reforma trabalhista e entregando o patrimônio nacional da bacia das almas. Ou seja, o risco de cisão do PSDB continua existindo, mesmo com a troca de Aécio Neves por Alckmin na presidência do partido e com a saída dos ministros tucanos. Pelo contrário, os tais “cabeças pretas”, se são sinceros, terão mais motivos para se rebelar com a efetivação da aliança Temer-Alckmin.(247).
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