"Por meio de programas sociais, Lula tirou milhões da pobreza e transformou a vida da maioria negra e da minoria indígena. Bolsonaro deu um golpe em tudo isso", diz a revista.
Lula (Foto: Reprodução/Time)
A revista Time publica nesta quarta-feira (4) sua mais nova edição que traz o ex-presidente Lula (PT), definido como o "presidente mais popular do Brasil", na capa.
"O segundo ato de Lula", diz o texto: "o presidente mais popular do Brasil retorna do exílio político com a promessa de salvar a nação". A reportagem diz que Lula, aos 76 anos, "esperava uma vida mais tranquila longe dos salões do poder". “A política vive em cada célula do meu corpo, porque eu tenho uma causa. E nos 12 anos desde que deixei o cargo, vejo que todas as políticas que criei para beneficiar os pobres foram destruídas".
"O sonho do Brasil que Lula perseguiu durante sua presidência de 2003 a 2010 está em frangalhos, diz ele. Por meio de programas sociais progressistas, pagos pelo boom de produtos brasileiros como aço, soja e petróleo, o governo Lula tirou milhões da pobreza e transformou a vida da maioria negra e da minoria indígena do país. Bolsonaro deu um golpe em tudo isso, descartando políticas que ampliavam o acesso de pessoas pobres à educação, limitavam a violência policial contra comunidades negras e protegiam terras indígenas e a floresta amazônica . A Covid-19 já matou pelo menos 660.000 brasileiros. O pedágio, o segundo maior do mundo, provavelmente foi piorado por Bolsonaro, que chamou o vírus de 'gripezinha', apelidou as pessoas que seguiam as orientações de isolamento de 'idiotas' e se recusaram a tomar uma vacina e a comprar doses para os brasileiros quando estivessem disponíveis", destaca a matéria.
A Time ainda menciona a ameaça que Jair Bolsonaro (PL) representa à democracia brasileira. "Bolsonaro, um defensor da ditadura militar do século 20 do país, convocou comícios em massa contra juízes que o desagradam e atacou jornalistas críticos. Ele também passou meses alertando sobre fraude eleitoral no Brasil, em um eco do comportamento do presidente Donald Trump antes das eleições americanas de 2020. Em abril, ele sugeriu que as eleições poderiam ser 'suspensas' se 'algo anormal acontecer'. Se ele perder, alertam os analistas, é provável que haja uma versão brasileira do motim de 6 de janeiro [invasão do Capitólio]. Se ele vencer, as instituições brasileiras podem não aguentar mais quatro anos de seu governo".
Sobre supostos temores do mercado com sua eventual volta ao poder, Lula diz: “sou o único candidato com quem as pessoas não devem se preocupar [com a política econômica]. Porque já fui presidente duas vezes. Não discutimos políticas econômicas antes de vencer as eleições. Primeiro, você tem que ganhar as eleições. Você tem que entender que em vez de perguntar o que vou fazer, apenas olhe para o que eu fiz".
O ex-presidente também comentou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. "'Dois chefes de Estado eleitos, sentados à mesa, olhando-se nos olhos', podem resolver quaisquer divergências". Para Lula, o presidente dos EUA, Joe Biden, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, têm culpa na guerra. “Os Estados Unidos têm muita influência política. E Biden poderia ter evitado [a guerra], não incitado. Ele poderia ter participado mais. Biden poderia ter tomado um avião para Moscou para conversar com Putin. Esse é o tipo de atitude que você espera de um líder. (...) Vejo o presidente da Ucrânia, falando na televisão, sendo aplaudido, sendo aplaudido de pé por todos os parlamentares [europeus]. Esse cara é tão responsável quanto Putin pela guerra. Porque na guerra, não há apenas uma pessoa culpada”.
O petista afirmou ser preciso renovar as instituições globais. "As Nações Unidas de hoje não representam mais nada. Os governos não levam a ONU a sério hoje, porque tomam decisões sem respeitá-la. Precisamos criar uma nova governança global".
“O Brasil voltará a ser protagonista no cenário internacional”, prometeu Lula. (Brasil247).
Levantamento presencial do Opinião Pesquisas mostra Marília Arraes com mais que o dobro de intenções de voto de sua principal concorrente, Raquel Lyra.
Deputada federal Marilia Arraes se filia ao Solidariedade (Foto: Divulgação)
Levantamento presencial do Opinião Pesquisas, contratado pelo Blog do Magno e divulgado nesta quarta-feira (4), mostra que Marília Arraes (Solidariedade) é a favorita dos pernambucanos para assumir o governo do estado.
Com 31,9%, Marília tem mais que o dobro das intenções de voto de sua principal adversária, Raquel Lyra (PSDB), que tem 13,3%. Em seguida aparecem Anderson Ferreira (PL), com 10,3%, Miguel Coelho (União Brasil), com 9,1%, e Danilo Cabral (PSB), com 5%. João Arnaldo (Psol) pontua com 1,5% e Jones Manoel (PCB) apenas 0,8%. Brancos e nulos somam 10,7% e indecisos chegam a 17,4%.
Rejeição
Além da liderança em intenções de voto, Marília Arraes também lidera em rejeição. Veja:
Marília Arraes - 12,2%
Danilo Cabral - 9,5%
Anderson Ferreira - 7,3%
Raquel Lyra - 5,9%
Miguel Coelho - 5,7%
João Arnaldo - 5,1%
Jones Manoel - 3%
A pesquisa ouviu 2.000 pessoas presencialmente entre 30 de abril e 2 de maio. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR-03100/2022. (Brasil247).
O ex-presidente, retratado como líder mundial na revista, é classificado como o "presidente mais popular do Brasil" que "retorna do exílio com a promessa de salvar a nação"
Lula (Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert)
Capa da revista Time, o ex-presidente Lula (PT) afirmou nunca ter desistido da político, nem mesmo quando foi preso injustamente. "A política está em cada célula minha, no meu sangue, na minha cabeça", afirmou.
O ex-mandatário brasileiro foi retratado na revista como o verdadeiro presidente brasileiro e como um líder mundial. A reportagem ainda destaca a trajetória "heróica" de Lula, que superou a miséria na infância, ascendeu ao poder, foi levado ao ostracismo pela Lava Jato e agora retorna como principal esperança dos brasileiros.
Lula afirma não ter desistido da política porque tem "uma causa". "Eu na verdade nunca desisti da política. A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça. Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política. E eu tenho uma causa. Quando deixei a Presidência em 2010, efetivamente eu não pensava mais em ser candidato à Presidência da República. Entretanto, o que eu estou vendo, doze anos depois, é que tudo aquilo que foi política para beneficiar o povo pobre— todas as políticas de inclusão social, o que nós fizemos para melhorar a qualidade das universidades, das escolas técnicas, melhorar a qualidade do salário, melhorar a qualidade do emprego—, tudo isso foi destruído, desmontado. Porque as pessoas que começaram a ocupar o governo depois que deram o golpe na presidenta Dilma [Rousseff] eram pessoas que tinham o objetivo de destruir todas as conquistas que o povo brasileiro tinha obtido desde 1943. Há uma expectativa de que eu volte a presidir o país porque as pessoas têm boas lembranças do tempo em que eu fui presidente. As pessoas trabalhavam, as pessoas tinham aumento de salário, os reajustes salariais eram acima da inflação. Então eu penso que as pessoas têm saudades disso e as pessoas querem isso melhorado".
Perguntado sobre o cenário atual do Brasil, mais difícil do que o enfrentado pelo ex-presidente em 2003, quando assumiu a Presidência pela primeira vez, Lula se colocou confiante: "eu tenho clareza de que eu posso resolver os problemas [do Brasil]. Eu tenho a certeza de que esses problemas só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia, quando os pobres estiverem participando do orçamento, quando os pobres estiverem trabalhando, quando os pobres estiverem comendo. Isso só é possível se você tiver um governo que tenha compromisso com as pessoas mais pobres".
Quando questionado sobre o suposto temor do mercado em relação à sua volta ao poder, o petista respondeu: "eu sou o único candidato com quem as pessoas não deveriam ter essa preocupação, porque eu já fui presidente duas vezes. E a gente não discute política econômica antes de ganhar as eleições. Primeiro você precisa ganhar para depois saber com quem você vai compor e o que você vai fazer. Quem tiver dúvida sobre mim olhe o que aconteceu nesse país quando eu fui presidente da República: o crescimento do mercado. O Brasil tinha dois IPOs. No meu governo fizemos 250 IPOs. O Brasil devia 30 bilhões, o Brasil passou a ser credor do FMI, porque emprestamos 15 bilhões. O Brasil não tinha um dólar de reserva internacional, o Brasil tem hoje 370 bilhões de dólares de reserva internacional. […] Então as pessoas precisam ter em conta o seguinte: ao invés de perguntar o que é que eu vou fazer, olhe o que eu fiz".
Sobre a possibilidade de deixar de explorar petróleo em nome do bem do meio ambiente, Lula disse que a proposta é "irreal", porque a sociedade ainda necessita da energia gerada pela matéria-prima. "Enquanto você não tiver energia alternativa, você vai utilizar a energia que você tem. Isso vale para o Brasil e vale para o mundo inteiro. Veja a dependência da nossa querida Alemanha agora. Angela Merkel tomou a decisão de fechar todas as usinas nucleares, não contava com a guerra da Ucrânia. Hoje a Europa é muito dependente dos russos para poder ter energia. O que você pode estabelecer é um plano de longo prazo para você diminuir [o consumo de petróleo] na medida em que você vai criando alternativas. Não dá para imaginar que os Estados Unidos vão parar de utilizar petróleo do dia para a noite, ou qualquer país".
Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, o brasileiro apontou culpa em todas as partes, ou seja, do presidente russo, Vladimir Putin, do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da União Europeia e da Otan. "Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na Otan’. Estaria resolvido o problema. (...) As conversas foram muito poucas. Se você quer paz, você tem que ter paciência. Eles poderiam ter sentado numa mesa de negociação e passado 10 dias, 15 dias, 20 dias, um mês discutindo para tentar encontrar a solução. Então eu acho que o diálogo só dá certo quando ele é levado a sério. (...) Às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado. O Saddam Hussein era tão culpado quanto o Bush. Porque o Saddam Hussein poderia ter dito: ‘Pode vir aqui visitar e eu vou provar que eu não tenho armas’. Ele ficou mentindo para o seu povo. Agora, esse presidente da Ucrânia poderia ter dito: ‘Olha, vamos deixar para discutir esse negócio da Otan e esse negócio da Europa mais para frente. Vamos primeiro conversar um pouco mais'".
O ex-presidente afirmou que Biden "não tomou a decisão correta nessa guerra Rússia e Ucrânia. Os Estados Unidos têm um peso muito grande e ele poderia evitar isso, e não estimular. Poderia ter falado mais, poderia ter participado mais, o Biden poderia ter pegado um avião e descido em Moscou para conversar com o Putin. É esta atitude que se espera de um líder. Que ele tenha interferência para que as coisas não aconteçam de forma atabalhoada. E eu acho que ele não fez".
Lula disse que se um dia fosse oferecida a ele a possibilidade de o Brasil ingressar na Otan, ele recusaria. "Eu sou um cara que só pensa em paz. Eu não penso em guerra. […] O Brasil não tem contencioso nem com os Estados Unidos, nem com a China, nem com a Rússia, nem com a Bolívia, nem com a Argentina, nem com o México. E é o fato de o Brasil ser um país de paz que vai lhe fazer restabelecer a relação que nós criamos de 2003 a 2010. O Brasil vai virar protagonista internacional, porque a gente vai provar que é possível ter um mundo melhor".
O petista também falou sobre a necessidade de "criar uma nova governança mundial. A ONU de hoje não representa mais nada. A ONU de hoje não é levada a sério pelos governantes. Porque cada um toma decisão sem respeitar a ONU. O Putin invadiu a Ucrânia de forma unilateral, sem consultar a ONU. Os Estados Unidos costumam invadir os países sem conversar com ninguém e sem respeitar o Conselho de Segurança. Então é preciso que a gente reconstrua a ONU, coloque mais países, envolva mais pessoas. Se a gente fizer isso, a gente começa a melhorar o mundo".
Perguntado sobre planos para beneficiar a população negra do Brasil, o ex-mandatário se limitou a falar sobre a situação atual, sem deixar claro as medidas que pensa em adotar. "Quando eu estava na presidência nós criamos uma lei para que a história africana fosse contada na escola brasileira. Para que a gente aprendesse sobre a história africana para não ver os africanos como cidadãos inferiores. Então nós precisamos começar essa educação dentro de casa, na escola. E o Bolsonaro despertou o ódio, despertou o preconceito. Aí tem outros presidentes também na Europa, na Hungria, [que fazem o mesmo]; está aparecendo muito fascista, muito nazista no mundo". (Brasil247).