Os visitantes devem abandonar a região antes de sábado, quando as condições de combate aos incêndios devem piorar. (Foto: Peter Parks/AFP )
Milhares de pessoas têm prazo de 48 horas para abandonar as zonas turísticas da costa sudeste da Austrália, antes de uma nova onda de calor prevista para sábado (4) e que provocará o avanço dos incêndios no país.
As chamas fora de controle provocaram pelo menos oito mortes em 48 horas e reduziram a cinzas centenas de hectares de florestas no primeiro dia do ano. Muitos turistas estão bloqueados em cidades costeiras.
O corpo de bombeiros do estado de Nova Gales do Sul pediu nesta quinta-feira aos turistas que abandonem duas zonas costeiras de quase 300 quilômetros de comprimento, da cidade de Nowra (200 km ao sul de Sydney) até o sul e o estado de Victoria.
Ao menos 18 pessoas morreram desde o início da temporada de incêndios, em setembro. O número pode aumentar, pois as autoridades do estado de Victoria afirmaram que 17 são consideradas desaparecidas no território.
Os visitantes devem abandonar a região antes de sábado, quando as condições de combate aos incêndios devem piorar, com rajadas de vento e temperaturas superiores a 40 graus.
As autoridades temem um cenário pior que o de terça-feira, o dia mais letal desde o início da temporada de incêndios em setembro.
Muitos turistas permaneceram isolados por duas noites, em áreas sem energia elétrica e comunicação, com poucas reservas de alimentos. As autoridades estabeleceram a segurança de algumas rodovias para garantir a retirada de todos.
"A evacuação da zona restrita para os turistas será a mais importante já feita na região", declarou o ministro dos Transportes de Nova Gales do Sul, Andrew Constance.
Milhares de pessoas começaram a abandonar a área afetada e era possível observar uma longa fila de automóveis na estrada que segue até Sydney.
Incêndio fora de controle
O vice-comandante dos bombeiros do estado, Rob Rogers, disse afirmou que a corporação não tem condições de apagar ou controlar os incêndios ativos.
"Há tantos incêndios nesta região que não conseguimos contê-los. Temos que assegurar que ninguém fique no caminho", declarou.
John Steele, 73 anos, vive nas proximidades Merimbula, na costa sul. Ele contou à AFP que algumas pessoas foram "vítimas de pânico" após as ordens de evacuação.
Steele permanece na região com sua esposa, apesar da situação caótica, como descreve, com a falta de alimentos e gasolina.
"Ficamos felizes de ver que todos deixam a cidade", disse, antes de afirmar que optou pela "prudência" e já preparou as malas.
As autoridades não conseguiram entrar em contato com todos os moradores das regiões rurais mais isoladas. Mais de 400 casas foram destruídas nos últimos dias, número que deve aumentar à medida que os bombeiros consigam chegar às localidades mais remotas.
Barcos e aviões militares foram mobilizados para transportar ajuda humanitária e avaliar os danos nas zonas mais isoladas.
Um navio da Marinha chegou nesta quinta-feira à cidade de Mallacoota, onde muitas pessoas se refugiaram durante horas na praia para escapar das chamas.
Desde o início da temporada de incêndios mais de 1.300 casas foram destruídas pelas chamas e 5,5 milhões de hectares foram devastados, uma área superior ao território da Dinamarca ou Holanda.
A crise sem precedentes provocou manifestações que pedem ao governo medidas imediatas contra o aquecimento global que, segundo os cientistas, é responsável pela maior intensidade e maior tempo de duração dos incêndios.
Muitas críticas são direcionadas ao primeiro-ministro Scott Morrison, que reiterou seu apoio à lucrativa mas altamente poluente indústria do carvão australiana.
Nesta quinta-feira, Morrison concedeu a primeira entrevista coletiva desde que os incêndios ganharam intensidade. Ele declarou que as autoridades fazem "absolutamente todos os esforços" para ajudar a população.
O primeiro-ministro pediu aos compatriotas que "confiem em todos aqueles que lutam contra os incêndios" e defendeu a política em termos de mudança climática de seu governo.
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