Integrantes do Congresso Nacional e
do governo federal sentiram o impacto que a informação da saída das fábricas da
Ford promoveu no cenário econômico do Brasil. Envolvidos nas eleições para a
Mesa Diretora da Câmara e do Senado, deputados e senadores prometem dar uma
resposta para o setor empresarial ainda em 2021.
Segundo a Confederação Nacional das
Indústrias (CNI), a decisão da Ford deve servir de alerta para os poderes
Executivo e Legislativo sobre a necessidade de aprovar, com urgência, medidas
para a redução do Custo Brasil. Entre elas, a reforma tributária, que se
apresenta como a prioritária para a redução do principal entrave à
competitividade do setor industrial brasileiro.
“O Brasil tem que lutar para melhorar
sua competitividade, pois, além das fábricas, há toda uma cadeia automotiva que
inclui redes de concessionárias, fornecedores de partes e peças, e diversos
outros serviços. Essa decisão reforça a urgência de se avançar na agenda de
competitividade e redução do Custo Brasil”, argumenta o diretor de Desenvolvimento
Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
Candidato à presidência da Câmara, o
deputado Arthur Lira (PP-AL) afirma que pretende pautar o texto da reforma
ainda no final do primeiro semestre de 2021. No entanto, na sua visão, essa
matéria é uma das mais complexas das pautas econômicas.
“A discussão da pauta econômica será
priorizada nessa ordem: começar pela PEC emergencial, na sequência, reforma
administrativa. E, só depois a decisão, ainda no primeiro semestre, sobre a
reforma tributária, que é muito mais complexa”, disse Lira.
Outro nome na disputa pelo comando da
Casa, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) argumenta que a proposta deve ser
priorizada, pois ele acredita que a matéria é essencial para a retomada da
economia no pós-pandemia. O emedebista é um dos autores de uma das propostas
que tramitam dentro do Congresso. No entanto, ele não afirmou quando pretende
pautar o texto, caso vença as eleições da Mesa Diretora.
Insuficiente
Relator da reforma tributária, o
deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), defendeu que a proposta tem condições de
ser colocada para votação até março. O parlamentar afirmou que o seu
substitutivo está sendo analisado pela equipe econômica do governo e que devem
ser feitos apenas alguns ajustes no texto.
A comissão mista que analisa a
reforma tributária teve seu prazo prorrogado pela terceira vez até 31 de março.
O texto tem como objetivo simplificar e tornar mais eficiente a arrecadação
tributária, unificando impostos que incidem sobre o consumo, como o ICMS e a
Cofins.
Apesar da resposta dos congressistas,
o advogado e economista Alessandro Azzoni, afirma que apenas a reforma
tributária não será suficiente para manter grandes empresas no Brasil. Para
ele, o Congresso precisa ter uma visão “humanitária” nas matérias que visam
preservar empregos.
“Vejo o texto da reforma tributária e sei que ela não será suficiente. A proposta trata apenas da simplificação dos impostos, mas a carga tributária do Brasil é muito alta. No final do ano passado, a Mercedes deixou o Brasil, agora a Ford, e a Audi também já fala em sair. Isso significa que se o Congresso não tiver uma visão humanitária de preservar empregos e de manter o polo industrial no Brasil, nós teremos anos muito difíceis pela frente”, defende Azzoni.(Por: Correio Braziliense/Por: Wesley Oliveira).