A
 maior seca dos últimos 50 anos da Região Nordeste gerou, até agora, um 
prejuízo de R$ 1,5 bilhão na pecuária de Pernambuco. Ao compilar um 
levantamento feito pela Secretaria Estadual de Agricultura e Reforma 
Agrária (Sara), em 300 propriedades do Sertão e outras 300 do Agreste, 
para calcular perdas no setor pecuário, o Departamento de Medicina 
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) aponta 
diminuição de 17% na produção leiteira e o fim de 17% das propriedades.
O Estado, que tem 132 dos 184 municípios
 em situação de emergência devido a estiagem, já perdeu cerca de 350 mil
 animais, sendo 200 mil transportados para outras unidades federativas e
 o restante foram abatidos ou morreram. O secretário-executivo do Comitê
 Integrado de Enfrentamento à Estiagem, Reginaldo Alves, confirma as 
dificuldades de transporte do milho, principal fonte de energia do gado,
 que é transportado do Centro-Oeste para o Nordeste por problemas 
relacionados à logística.
O secretário estadual da Agricultura e 
Reforma Agrária, Ranilson Ramos, lembra que, de acordo com a pesquisa, 
51% das propriedades não tinham, sequer, um reservatório de água. Além 
disso, 2,3 milhões de litros de leite eram produzidos diariamente antes 
da seca. Agora, este volume gira em torno de 720 mil litros diários. 
Dessa forma, o Governo Estadual reforça a necessidade do Banco do 
Nordeste (BNB) oferecer financiamentos para custear a bovinocultura, sob
 juros de 1% ao ano, com prazo de 10 anos para quitar a dívida e, caso o
 pecuarista pague em dia, haveria um abatimento de 40%.
Durante encontro com prefeitos na 
Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) no último dia 18, o 
ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), informou
 que foram liberados mais de R$ 2,5 bilhões para socorrer os municípios 
afetados pela estiagem, além de anunciar outros R$ 200 milhões em 
créditos emergenciais.
Porém, muitos criadores, que não têm 
condições de pagar, solicitam a anistia das dívidas. Esta anistia será 
defendida, inclusive, pelo governador Eduardo Campos (PSB) na reunião 
que os governadores do Nordeste terão com a presidente Dilma Rousseff 
(PT) na próxima semana para tratar dos problemas ocasionados pela seca.
Conforme já dito pelo Pernambuco 247, a 
Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia 
da Câmara Federal aprovou um projeto de lei complementar (249/07), de 
autoria do deputado Vander Loubet (PT-MS), para suspender 
temporariamente as dívidas dos municípios em situação de emergência. A 
matéria ainda está em tramitação na Casa.
Para ajudar os criadores de gado a 
alimentarem os seus animais, a Agência de Defesa e Fiscalização 
Agropecuária de Pernambuco (Adagro) implantou seis polos de distribuição
 de cana de açúcar nos municípios de Caruaru, Garanhuns, Arco Verde, 
Surubim, Itaíba e São Bento do Una. Esses polos distribuem 100 toneladas
 de cana por dia. Já em Pesqueira e Bom Conselho, este volume é de 80 
toneladas diárias.
Além desta medida, outra em vigência é a
 forragem de milho por meio de irrigação, em Petrolina, Sertão do 
Estado. Segundo Reginaldo Alves, esta alternativa foi viabilizada por 
causa do alto custo de transporte de cana para ao Sertão. “A primeira 
etapa está em andamento, são 140 hectares de forragem de milho, em 
Petrolina, para atender 11 municípios do Sertão do São Francisco, do 
Araripe e o Sertão Central”, acrescentou o secretário-executivo.
Com o objetivo de distribuir milho aos 
estados afetados pela seca, o Governo Federal conta com o Programa Venda
 Balcão, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que, segundo 
Alves, está ciente da necessidade de Pernambuco adquirir dez toneladas 
de milho por mês. No entanto, o dirigente informou que houve um acordo 
entre os Executivos federal e estadual no ano passado, estabelecendo que
 o Estado seria beneficiado com 30 toneladas de milho do meio do ano até
 dezembro. E, daí por diante, o Estado seria contemplado com mais 33 
toneladas até abril deste ano.
O secretário confirma a logística como 
um entrave para a aquisição do milho. “Temos algumas dificuldades para o
 transporte do milho, falta de caminhão… Temos agora outro problema 
porque a safra da soja ‘entrou’ e muitos caminhões preferem transportar 
soja do que milho. A logística do milho do Mato Grosso e de Goiás (dois 
dos principais estados produtores de soja do País) tem dificultado essa 
meta de dez toneladas-mês”, afirmou. (PE247)
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