Restaurante é consumido pelas chamas após assassinato de homem negro por policiais brancos em Atlanta (14.6.20) (Foto: Reprodução)
(Reuters) - Manifestantes antirracismo fecharam uma importante rodovia em Atlanta, no sábado (13), e queimaram um restaurante da rede Wendy's, onde um homem negro foi morto a tiros por policiais brancos no dia anterior.
O incidente deve aumentar as tensões no país em torno da violência policial contra negros —tópico em pauta nas manifestações que tomaram as ruas dos EUA após a morte de George Floyd no final de maio.
O restaurante ficou em chamas por mais de 45 minutos antes que as equipes de bombeiros chegassem para extinguir o incêndio, de acordo com a televisão local, mas era tarde demais e o prédio havia sido reduzido a escombros carbonizados.
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Outros manifestantes se colocaram na rodovia interestadual 75 parando o tráfego, antes que a polícia usasse uma fila de viaturas para detê-los.
A chefe de polícia da cidade, Erika Shields, renunciou no sábado por causa do confronto na noite de sexta (12) com Rayshard Brooks, 27 — o episódio de violência foi capturado em vídeo. A prefeita, Keisha Lance Bottoms, aceitou a renúncia.
Shields, uma mulher branca nomeada chefe de polícia em dezembro de 2016, deve ser substituída interinamente pelo vice-chefe Rodney Bryant, um negro, segundo a prefeita.
O confronto ocorreu depois que a polícia foi chamada ao Wendy’s devido a um relato de que Brooks havia adormecido na fila do drive-thru. Os policiais tentaram prendê-lo após ele ser submetido a um teste de embriaguez, no qual foi reprovado.
O vídeo gravado por um espectador mostra Brooks lutando com dois policiais no chão do lado de fora do restaurante antes de se libertar e atravessar o estacionamento, segurando o que parecia ser um “taser” (arma de choque) policial na mão.
Um segundo vídeo, com imagens das câmeras do restaurante, mostra Brooks se virando enquanto corre e possivelmente apontando o taser para os policiais que o perseguiam, antes de um deles disparar a arma. Brooks cai no chão em seguida.
Ele era pai e sua filha comemorava o aniversário no sábado, afirmaram seus advogados.
O departamento de polícia demitiu Garrett Rolfe, o policial que supostamente atirou e matou Brooks, disse o porta-voz da polícia, Carlos Campos. Rolfe era parte das forças policiais locais desde outubro de 2013.
“Não acredito que isso tenha sido um uso justificado de força letal e pedi o desligamento imediato do policial”, informou a prefeita, em entrevista coletiva.
O outro oficial envolvido no incidente, Devin Bronsan, foi posto em licença administrativa — ele é parte do quadro de funcionários desde setembro de 2018.
Advogados que representam a família de Brooks disseram a jornalistas que a polícia de Atlanta não tinha o direito de usar força mortal, mesmo que ele tivesse disparado o taser, uma arma não letal, na direção dos oficiais.
"Você não pode atirar em alguém a menos que ele esteja apontando uma arma para você", disse o advogado Chris Stewart.
A morte de Brooks se seguiu a semanas de manifestações nas principais cidades dos EUA, provocadas pela morte de George Floyd, um afro-americano que morreu em 25 de maio depois de um policial de Minneapolis se ajoelhar no seu pescoço por quase nove minutos enquanto o detinha.
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