sábado, 21 de outubro de 2023

LOGÍSTICA: Transnordestina tem mais um avanço no CE, com liberação de R$ 811 mi

 

Equipamento mais importante da logística no NE, ferrovia recebe recursos da Sudene


Logística: conclusão da Transnordestina no Ceará (foto) é prevista para 2026, já em Pernambuco obras seguem paralisadas - Foto: Imagem: TLSA (Divulgação)

Equipamento estratégico para a logística na economia do Nordeste, a Ferrovia Transnordestina teve liberados, nesta sexta-feira (20), R$ 811 milhões pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Os recursos serão destinados ao trecho entre Eliseu Martins (PI) e o Porto do Pecém e representam mais um avanço do projeto no Ceará. Já em Pernambuco, apesar da previsão de recursos federais, não há certeza sequer sobre o futuro operador do trecho Salgueiro-Suape.

Essa última parcela de recursos da Sudene no contrato em vigor da ferrovia será paga à Transnordestina Logística (TLSA), que integra o Grupo CSN, SA controlada pela família de Benjamin Steinbruch. O megaempresário tem feito valer suas credenciais de poder econômico e político a favor dos seus negócios, no que se refere a este empreendimento.

No Governo Bolsonaro, a TLSA devolveu – sem qualquer contestação formal - o trecho da Transnordestina em Pernambuco, decidindo construir e operar apenas o ramal até São Gonçalo do Amarante (CE), o que favorece as operações do Grupo CSN no mercado cearense, onde atua na tecelagem e pretende investir R$ 2,35 bilhões em quatro terminais (minérios, grãos, fertilizantes e contêineres) no Porto do Pecém. O projeto portuário será tocado por uma subsidiária do grupo, a Nordeste Logística.

Steinbruch usou sua influência também para pressionar politicamente os governos federal e cearense – diretamente e por meio dos veículos de comunicação nacionais e locais – a fim de que a União agilizasse os recursos necessários para o avanço do trecho cearense.

É nesse contexto que acontece a aprovação da parcela final da Sudene, comemorada pelo governador Elmano de Freitas. Com o avanço da Transnordestina, o chefe do executivo do Ceará vê oportunidade de sinergia entre a ferrovia e o ecossistema de hidrogênio verde que os cearenses estão empenhados em criar em Pecém, com investimentos de US$ 8 bilhões.

A ideia é usar o H2V para produzir amônia verde destinada a polos do agronegócio nordestino, como a região de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), responsável pela colheita de 10% de toda a soja e milho produzidos no Brasil.

Logística: o que diz o MIDR sobre os recursos para a Transnordestina no Ceará?

No Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Góes afirma que essa parcela de recursos “cumpre o compromisso do presidente Lula de promover desenvolvimento sustentável e reduzir desigualdades, graças a um esforço interministerial”.  “Representa também o cumprimento às orientações do Tribunal de Contas da União”, acrescenta o ministro.

Já a Sudene defende que, o trecho cearense da Transnordestina tem previsão de começar a operar em 2026 e que os R$ 811 milhões integram um esforço para que esse prazo seja cumprido, “de forma a evitar o desperdício de recursos públicos já empregados e dar efetividade à política pública de transporte ferroviário e desenvolvimento regional.”

A superintendência, pelo contrato atual, financia a Transnordestina, por meio do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), com uma participação R$ 3,8 bilhões, que se encerraria com esta última liberação.

No entanto, CSN e TLSA querem um aporte adicional de R$ 3,5 bilhões do FNDE, via Sudene, mais R$ 600 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Sudene afirma que um novo funding, por meio de aditivo, está sendo estruturado, com apoio da Secretaria de Fundos e Instrumentos Financeiros do MIDR. Segundo a superintendência, essa nova engenharia financeira “envolverá esforços com outras soluções, como o Fundo de Investimentos do Nordeste, o Finor”.

Logística: Sudene liberou última parcela de R$ 3,8 bi, mas CSN querem mais R$ 3,5 bilhões da superintendência e R$ 600 milhões do BNDES

Logística: Sudene liberou última parcela de R$ 3,8 bi, mas CSN quer mais R$ 3,5 bilhões da superintendência e R$ 600 milhões do BNDES/Foto: Sudene (Divulgação)

Logística: Transnordestina foi incluída no PAC, mas segue como imbróglio em Pernambuco

O trecho pernambucano da ferrovia, que demanda investimentos de R$ 4 bilhões, foi incluído, este ano, no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3).

De acordo com o Ministério dos Transportes, o projeto será concluído “com recursos do Orçamento Geral da União”, informação bastante genérica considerando que estão orçados, de fato, no PAC 3, apenas os R$ 450 milhões necessários para a retomada das obras, programada para 2024. A implantação foi iniciada em 2006 e paralisada em 2016.

De acordo com a Sudene, “será realizado um estudo” para definir de onde virá o restante do aporte, com a alternativa de “concessão à iniciativa privada”.

Esse investidor parecia garantido com a assinatura, em setembro de 2022, de um contrato entre o Governo de Pernambuco e a Brasil Exploração Mineral S.A. (Bemisa), holding controlada pelo empresário baiano Daniel Dantas. O acordo previa investimentos de R$ 5 bilhões da Bemisa no trecho Salgueiro-Suape da Transnordestina e na construção de um terminal de minério de ferro no Porto de Suape.

O interesse, no entanto, parece ter esfriado. Desde o início deste ano, o grupo se mantém em silêncio sobre o empreendimento, em meio às idas e vindas nas tratativas políticas para viabilizar a ferrovia.

Esse esforço incluiu, de janeiro até o momento, uma série de audiências na Assembleia Legislativa de Pernambuco, Câmara dos Deputados e Senado, além de diversas reuniões da governadora Raquel Lyra, em Recife e Brasília, com ministros cujas pastas têm interface com a Transnordestina.

Nos bastidores, comenta-se que a Bemisa teme impactos negativos nas suas ações ao ter sua marca associada a um projeto que demanda tanta energia política e desgaste e segue sem rumo.

Em Pernambuco, Transnordestina é vital para logística, mas está paralisada desde 2016, com previsão de ser retomada em 2024, embora não haja cronograma até o momento

Em Pernambuco, Transnordestina é vital para logística, mas está paralisada desde 2016, com previsão de ser retomada em 2024, embora não haja cronograma até o momento/Foto: TLSA (Divulgação)

Logística: o que é a ferrovia Transnordestina?

A Ferrovia Transnordestina é uma das maiores, mais antigas e mais caras obras inacabadas do Brasil. Foi idealizada sob Dom Pedro II, no Segundo Império, ganhou forma de projeto nos anos 1980.

Os estudos avançaram nos anos 1990. Na segunda metade dos anos 2000, o governo federal finalmente iniciou a construção do empreendimento, que já consumiu R$ 7,1 bilhões e tem status de execução inferior a 48%, um case de desperdício de dinheiro público.

O projeto, como definido no início dos anos 2000, integra os estados do Piauí, Pernambuco e Ceará, criando um corredor entre os portos de Pecém e Suape, além de interligar o Nordeste ao restante da malha ferroviária do país.

São previstos 1.200 quilômetros de linhas férreas cortando 53 municípios e que, se tiradas do papel, vão representar um dos maiores empreendimentos logísticos do Brasil e a implementação de uma política pública de desenvolvimento regional que vai gerar um salto para o Nordeste.

O equipamento tem potencial para otimizar e baratear a logística de centros econômicos vitais para a economia nordestina, como as regiões de extração de minérios, os polos de agronegócio com perfil exportador e o cluster de gesso na região do Araripe (Pernambuco, Piauí e Ceará). As principais cargas previstas são grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minério.


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Cartão de confirmação do Enem será disponibilizado terça-feira

 

Provas ocorrerão nos domingos 5 e 12 de novembro

Marcello Casal Jr./Agência Brasil


O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação, disponibilizará, na terça-feira (24), o Cartão de Confirmação de Inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, na Página do Participante.

O documento traz as informações do número de inscrição, data, hora e local de prova, além de registrar se a pessoa deverá contar com atendimento especializado ou tratamento por nome social.  Apesar de não ser obrigatório, o Inep recomenda levar o cartão nos dias do exame, que será realizado em 5 e 12 de novembro.

Para acessá-lo é preciso utilizar o login único da plataforma Gov.br, digitar o número do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e a senha cadastrada.

Enem

Há mais de duas décadas, o Enem avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica, no fim do 3º ano do ensino médio. O exame é a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e de iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni).

Instituições de ensino públicas e privadas consideram os resultados objetivos obtidos pelos inscritos no Enem nos processos seletivos para dar acesso ao ensino superior no Brasil.

As notas do Enem também servem de parâmetro para acesso a auxílios governamentais, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que financia a graduação de estudantes matriculados em cursos presenciais não gratuitos.

 Em Portugal também, algumas instituições que têm convênio com o Inep aceitam as notas do exame para o ingresso de estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior no país. - (Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil* - Brasília).

Para mais informações, acesse o edital do Enem 2023.

*Com informações do Inep.

Edição: Graça Adjuto



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Entenda como a inteligência artificial pode ajudar no Enem

 

Ferramenta ganha cada dia mais espaço nos estudos e nas salas de aula

Arte/Agência Brasil

Chat GPT, Google Bard, LuzIA são algumas das ferramentas de inteligência artificial (IA) que ganham cada vez mais espaço no dia a dia, nos estudos e nas salas de aula. No preparo para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), elas podem ser aliadas, mas é preciso tomar alguns cuidados e, principalmente, checar as informações obtidas.   

Agência Brasil conversou com o professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas e Computação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Cláudio Miceli para entender como funcionam essas ferramentas, quais são as limitações que possuem e em quais situações podem contribuir com os estudos para a provas do Enem. 

Ferramentas de inteligência artificial estão disponíveis para o uso de forma gratuita, basta criar uma conta, inserindo alguns dados pessoais. O usuário faz perguntas e as respostas aparecem instantaneamente na tela. Uma solução rápida e fácil. O problema é quando esse mecanismo dá respostas que não são verdadeiras. O uso dessas novas tecnologias demanda também novas habilidades de quem está na frente da tela.  

“A questão é: ela não está ali para substituir o docente, substituir o professor, substitui um cursinho ou um livro. É uma ferramenta extra”, defende Miceli.

O professor compara essas ferramentas ao próprio Google. “O Chat GPT é o novo Google? Porque o Google, quando foi lançado, a gente também teve essa discussão, inclusive me lembro, eu era adolescente, o Google me foi apresentado como uma ferramenta de encontrar trabalho pronto. O Google é hoje a ferramenta que todo mundo usa e que é onipresente. Ela não invalidou o nosso conhecimento, mas a gente aprendeu a lidar com ela. A gente ainda tem que aprender a lidar com o Chat GPT”, diz.  

Miceli destaca dois grupos de inteligência artificial com as quais, provavelmente, o estudante se depara. O primeiro é o das plataformas de inteligência artificial de predição e, o segundo, das IAs generativas, entre as quais está o Chat GPT, uma das ferramentas mais populares de IA, criado pela empresa norte-americana Open IA.  

As plataformas de IA preditivas são muito usadas em sistemas de aprendizado por reforço. Um exemplo é identificar os pontos fortes e os pontos fracos do estudante. Os alunos respondem questões e, a partir das respostas, o programa identifica quais as maiores dificuldades. A partir daí, a ferramenta pode propor questões que podem ajudar o estudante a aprender aquele conteúdo que ainda está defasado. “Isso é muito comum, várias páginas para concurso usam isso”, diz Miceli. “É um uso bem tradicional dessa IA e que já vem antes da IA generativa. A gente já vinha utilizando isso, só não era muito falado. É um uso muito legal e que funciona”, diz.  

IAs generativas e o Chat GPT 

As IAs generativas são mais atuais e vêm ganhando cada vez mais espaço. Essas IAs funcionam com grandes bases de dados e, a partir delas, constroem textos usando a probabilidade. “Digamos que eu pergunte: o que é IA? Ele vai buscar, dentro da grande base de textos, todos os textos que falam de IA. Ele vai começar a construir o texto assim: ‘IA é. E vai buscar nas bases de texto qual a próxima palavra, qual o próximo conjunto de texto mais provável a aparecer dado esse conjunto de palavras-chave”, exemplifica, Miceli.  

Como as inteligências artificiais buscam as respostas que darão aos usuários em bases de dados, essas respostas dependerão da qualidade dessas bases de dados. “Um elemento de IA é tão bom quanto os dados que ele tem. Então, quando a gente fala de dados enviesados, quando a gente fala em dados incorretos, se alimenta a base dados com esses elementos, você pode ter resposta errada, com coisas que são muito atualizadas”, explica o professor. Os usuários muitas vezes não têm acesso às bases de dados e não sabem em que as ferramentas de IA estão se baseando.  

Estudar unicamente por essas ferramentas é, portanto, arriscado e exige cuidados. “Confiar cegamente como se fosse o oráculo da verdade é o problema. Mas, como guia de estudos, como um começo, é muito interessante”, diz Miceli. “Quando o aluno trabalha, ele tem que ser obrigado a se confrontar com mais de uma fonte. Isso o obriga simplesmente a não aceitar aquela resposta como a única verdade do universo. A questão é justamente isso, obrigar o aluno a pensar”, acrescenta. 

Enem 2023 

O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. As notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e a financiamentos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Além de aplicar para vagas em instituições estrangeiras que têm convênio com o Inep. - (Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro).

Edição: Aline Leal



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Estiagem se agrava no Amazonas e Rio Negro tem nova mínima histórica

 

Medida de 13,19 metros é a menor desde 1902

Alex Pazuello/Secom

O agravamento da estiagem que atinge o Amazonas fez o Rio Negro, um dos principais da região, atingir novo nível mínimo histórico. De acordo com o Porto de Manaus, responsável pela medição, a cota do rio chegou a 13,19 metros.

Desde o fim de abril deste ano, o nível tem se reduzido gradativamente. A previsão é que ele continue baixando até o início de novembro, quando termina o período de estiagem.

Para se ter uma ideia, o recorde de alta já medida foi 30,02 metros em 16 de junho de 2021. Atualmente, alguns rios do estado parecem estradas de barro com bolsões d’água e embarcações atoladas.

A estiagem causa efeitos em praticamente todo o Amazonas. De acordo com o último boletim do governo estadual, divulgado nessa sexta-feira (20), 59 dos 62 municípios amazonenses estão em situação de emergência. Um está em alerta e dois em normalidade. Ainda segundo o boletim, 146 mil famílias foram afetadas, o que representa 590 mil pessoas.  

Esta semana, a Marinha, por meio do Navio de Assistência Hospitalar Soares de Meirelles, em ação conjunta com o Exército e autoridades locais, distribuiu mais de 6 mil cestas básicas e 1,1 mil caixas de água mineral em municípios da região do Alto Solimões. A distribuição começou pelo município de Tabatinga, perto da fronteira com a Colômbia e o Peru. 

Segundo a Marinha, o navio é “o principal meio de transporte para distribuição de cestas básicas e suprimentos essenciais na região”. A embarcação deve percorrer 1.350 quilômetros, incluindo os municípios de Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins.  

"A estiagem prolongada colocou diversas comunidades em situação de fragilidade, devido às dificuldades de abastecimento que estão enfrentando. Essa operação é muito importante por trazer uma resposta imediata e ajudá-los a superar esse momento de dificuldade”, disse o capitão de fragata Ricardo Sampaio Bastos, capitão dos Portos de Tabatinga. 

O Navio Soares Meirelles também atua no atendimento primário à saúde e distribuição de medicamentos para comunidades ribeirinhas e indígenas. 

Em outra ação de ajuda federal, o Ministério da Saúde anunciou, na segunda-feira (16), uma verba de R$ 225 milhões para reforçar o atendimento no Amazonas em razão da forte estiagem.

Na semana passada, o ministério enviou ao Amazonas sete kits calamidade, contendo 32 medicamentos e 16 insumos, com capacidade para atender a 10,5 mil pessoas por até um mês.

Na quinta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou, por telefone, com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Os dois chefes de Estado abordaram o tema da seca que atinge a Amazônia.  - (Por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro).

Edição: Graça Adjuto



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“Parecia cidade fantasma”, contam brasileiros que chegaram de Israel

 

Voo da FAB trouxe mais 69 repatriados neste sábado

Tânia Rego/Agência Brasil


“Parecia uma cidade fantasma. A cidade entrou em lockdown. Há duas semanas, nada funciona, as escolas, o comércio, setores públicos, as empresas”. O relato é do mineiro Renato Abreu, de 33 anos, que vivia em Ashkelon, cidade no sul de Israel, a cerca de 10 quilômetros da Faixa de Gaza. 

“Tínhamos que seguir a recomendação de segurança de não sair às ruas, de forma alguma”, detalha o coordenador de projetos, que morava em Israel desde 2016, com exceção do período da pandemia de covid-19, quando ficou no Brasil.

Renato é um dos 69 passageiros que chegaram ao Brasil na manhã deste sábado (21), no avião Embraer KC-390 Millennium, da Força Aérea Brasileira (FAB). Foi o sétimo voo da Operação Voltando em Paz, realizada em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), que decolou na noite de sexta-feira (20) de Tel Aviv.

Rio de Janeiro (RJ), 21/10/2023 -O coordenador de projetos, Renato Abreu, retorna ao país. Voo da Força Aérea Brasileira (FAB), com brasileiros repatriados, pousa na Base Aérea do Galeão. A Operação Voltando em Paz, do Governo Federal, realiza o oitavo voo de repatriação de brasileiros partindo de Israel. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
O coordenador de projetos, Renato Abreu, retorna ao Brasil em voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A aeronave pousou primeiro no Recife, na manhã deste sábado, onde desembarcaram dois passageiros. Os demais seguiram para a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, incluindo três bolivianas, uma mãe e as duas filhas menores de idade. Nove animais de estimação também foram trazidos de Israel. 

Mistura de sentimentos

Renato disse que só ficou sabendo que seria repatriado em voo da FAB na manhã de sexta-feira, quando recebeu um telefonema da embaixada brasileira. Ele morava com um irmão, que seguiu para Londres em um voo comercial. Na cidade que fica colada à Faixa de Gaza, ele deixou o tio e o primo. 

“Os barulhos são muito altos, a nossa rua foi bombardeada por quatro mísseis. O Sul [de Israel] realmente virou uma zona de guerra”, detalhou o brasileiro que conhecia Karla Stelzer Mendes, de 42 anos, uma das três brasileiras mortas pelos ataques do grupo palestino Hamas, há duas semanas.

Para Renato, que depois de pousar no Rio seguiu a viagem para Belo Horizonte, a volta ao Brasil é uma mistura de sensações. “Alegre por ter dupla cidadania e estar no Brasil, triste porque eu tive amigos que falaram que queriam estar no meu lugar”.

Vida parada

O brasileiro Pedro Terpins passou mais tempo da vida em Israel do que no Brasil. Aos 23 anos, ele desembarcou no Rio de Janeiro após viver 18 anos no Oriente Médio. O barman e estudante de ciência política morava em Tel Aviv e enfrentou uma rotina de exceção nos últimos dias. 

Rio de Janeiro (RJ), 21/10/2023 - O estudante, Pedro Terpins, retorna ao país. Voo da Força Aérea Brasileira (FAB), com brasileiros repatriados, pousa na Base Aérea do Galeão. A Operação Voltando em Paz, do Governo Federal, realiza o oitavo voo de repatriação de brasileiros partindo de Israel. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
O estudante Pedro Terpins enfrentou rotina de exceção nos últimos dias em Israel. Ele chegou neste sábado no Brasil Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Eu estava desempregado, a minha faculdade parou, toda a minha vida está parada. Eu estava havia duas semanas só no meu quarto, sem sair, sem encontrar amigos, sem trabalhar”, relata Pedro, que tem família em São Paulo. 

Ele contou que conhecia, ao menos, três das pessoas que foram mortas nos ataques de 7 de outubro, incluindo a brasileira Bruna Valeanu, de 24 anos.

“Tem mais pessoas que eu ainda não sei se estão [sequestradas] em Gaza ou se estão mortos e ainda não foram descobertos os corpos”, lamenta.

Mais de 1,2 mil repatriados

Até agora, a operação para repatriar brasileiros soma sete voos que trouxeram 1.204 passageiros e 44 pets. De acordo com o MRE, as três cidadãs bolivianas foram incluídas no avião “após constatado o não comparecimento de passageiros brasileiros”.

A administradora Michele Antunes morava havia cinco anos em Jerusalém e descreveu o cotidiano dos últimos dias na cidade. “Tivemos que, várias vezes, ir para bunkers. Mas nada que se aproximasse do que se passou perto de Gaza. Graças a Deus, a gente estava um pouco mais seguro, mas era um desespero porque não tinha ninguém nas ruas, todo mundo com medo de tudo”.

Rio de Janeiro (RJ), 21/10/2023 - A administradora, Michele Antunes, retorna ao país. Voo da Força Aérea Brasileira (FAB), com brasileiros repatriados, pousa na Base Aérea do Galeão. A Operação Voltando em Paz, do Governo Federal, realiza o oitavo voo de repatriação de brasileiros partindo de Israel. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
A administradora Michele Antunes morava há 5 anos em Jerusalém e voltou ao Brasil neste sábado. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Além de Bruna, Michele conhecia Ranani Nidejelski Glazer, de 24 anos, o terceiro brasileiro morto pelo Hamas. A gaúcha disse que não espera voltar logo para Israel.  “Sensação de alívio, vou poder dormir tranquila”, afirmou. A mãe de Michele ficou em Israel com o marido, mas também deve retornar ao Brasil. 

Parecia na pandemia

A estudante de engenharia Aline Engelender foi recepcionada no Rio de Janeiro por um abraço da mãe. Ela passou três meses estudando em Israel, até que foi deflagrado o confronto com o Hamas. 

Rio de Janeiro (RJ), 21/10/2023 -A estudante, Aline Engelender,  retorna ao país. Voo da Força Aérea Brasileira (FAB), com brasileiros repatriados, pousa na Base Aérea do Galeão. A Operação Voltando em Paz, do Governo Federal, realiza o oitavo voo de repatriação de brasileiros partindo de Israel. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
A estudante Aline Engelender estava em Israel há três meses e chegou neste sábado no Brasil, onde foi recebida com um abraço da mãe. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Os dias foram complicados, a gente estava dormindo em um bunker, porque nunca se sabe quando iria tocar uma sirene [de alerta contra foguetes]. Evitávamos sair de casa, parecia o tempo da pandemia. A gente não estava saindo para nada, nem para supermercado”, explicou a estudante que deixou familiares e amigos em Israel. 

“Quando a gente encontrou com os militares da FAB no aeroporto de Israel, e eles falaram ‘agora vocês estão em cuidados brasileiros’, foi muito emocionante”, recorda Aline.

Último voo de Tel Aviv

Um avião KC-30 da FAB deve partir de Tel Aviv no domingo (22), trazendo mais brasileiros, com chegada prevista para segunda-feira (23). A expectativa do MRE é a de que seja o último voo com repatriados de Israel. “Tendo em conta as condições locais atuais e a operação regular do aeroporto de Ben Gurion, não se preveem voos adicionais para brasileiros em Israel”, informou o ministério. 

De acordo com o Itamaraty, 14 mil brasileiros viviam em Israel até o fim do ano passado. O MRE mantém a orientação para que “todos os nacionais que possuam passagens aéreas, ou condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais a partir do aeroporto Ben Gurion, que segue operando”.

Brasileiros em Gaza

A Operação Voltando em Paz está de prontidão para repatriar um grupo de cerca de 30 brasileiros que está no sul da Faixa de Gaza. A aeronave VC-2 (Embraer 190), cedida pela Presidência da República, está no Cairo, capital do Egito, onde espera autorização para resgatar brasileiros. 

O governo brasileiro faz gestões com Israel, autoridades palestinas e o Egito para que os brasileiros possam deixar a Faixa de Gaza.

Cúpula da Paz

Chanceler Mauro Vieira 
13/10/2023
REUTERS/Brendan McDermid
O chanceler Mauro Vieira disse que o Brasil está pronto para apoiar os esforços de paz no Oriente Médio. Foto:  REUTERS/Brendan McDermid

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse, no Cairo, neste sábado, que o Brasil está pronto para apoiar esforços de paz na região. Ele participa da Cúpula da Paz, representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro organizado pelo Egito busca uma solução para o conflito entre Israel e Hamas, que já vitimou cerca de 4,4 mil pessoas no lado palestino e 1,4 mil no lado israelense.

O MRE disponibiliza os contatos da embaixada em Tel Aviv (+972 (54)8035858) e do Escritório de Representação em Ramallah, na Cisjordânia (+972 (59)2055510), para os brasileiros em situação de emergência. O plantão em Brasília pode ser contatado pelo número +55 (61) 98260-0610. - (Por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro).

Edição: Aécio Amado



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Conflito no Oriente Médio completa 15 dias: veja como começou

 

Ações sem precedentes na história foram feitas por ar, mar e terra

ATEFSA FADI

Há 15 dias, o mundo acompanha a escalada da violência na guerra entre Israel e Hamas, no Oriente Médio. O conflito teve início com o mais grave ataque já promovido pelo grupo Hamas contra os israelenses, no dia 7 de outubro.

As ações, sem precedentes na história, foram realizadas por mar, ar e terra, envolvendo ataques ao público que participava de um festival de música, invasão de comunidades israelenses, sequestro de reféns, deixando centenas de civis israelenses mortos e feridos. Em retaliação, Israel desencadeou forte operação de bombardeios à Faixa de Gaza, área com população majoritariamente palestina e controlada pelo Hamas.

Este é o conflito mais grave desde que Israel e o Hamas se enfrentaram por dez dias em 2021. O ataque, que pegou Israel de surpresa, ocorreu um dia após os 50 anos da Guerra do Yom Kippur, conflito armado entre árabes, liderados pelo Egito e a Síria, e Israel, em 1973, pela disputa das terras perto do Canal de Suez.  

Como foi o 7 de outubro 

Eram 6h30 (horário local) do dia 7 de outubro, um sábado, quando o Hamas disparou foguetes, a partir da Faixa de Gaza, para atingir cidades israelenses.

O Hamas informou ter lançado 5 mil foguetes, conforme notícias de agências internacionais.

Em aparição pública, o líder do braço armado do Hamas, Mohammed Deif, disse que a "Operação Tempestade Al-Aqsa", iniciada no dia 7, tem como propósito “acabar com a última ocupação na Terra" e uma resposta ao bloqueio imposto por Israel aos palestinos de Gaza que já dura mais de uma década. 

Por  terra, homens armados se infiltraram no território israelense rompendo a cerca de arame farpado que separa Gaza e Israel. 

Sirenes de alerta foram acionadas nas regiões sul e central de Israel, além de Jerusalém. Imagens mostravam áreas residenciais atingidas em Tel Aviv, Kfar Aviv e Rehovot.  

Um dos primeiros alvos do ataque surpresa foi um festival de música ao ar livre, que ocorria perto da Faixa de Gaza. Segundo relatos, pessoas, a maioria jovens, correram pelo deserto, estradas, entraram nos carros estacionados ou debaixo de árvores para tentar fugir dos tiros. Estima-se que 260 pessoas morreram no local de diferentes nacionalidades, entre elas três brasileiros.  

Outro alvo do Hamas foram os kibutzim, comunidades israelenses basicamente agrícolas e geridas de forma coletiva, sendo atualmente a maior parte privatizada. São considerados uma experiência única israelense e tiveram papel importante na construção do Estado de Israel. 

Um dos invadidos foi o kibutz Kfar Aza, localizado no Sul de Israel e a cerca de dois quilômetros da fronteira com Gaza. Conforme a Agência Reuters, soldados israelenses relataram ter avistado dezenas de corpos de civis, entre eles crianças. Muitos moradores foram tomados como reféns pelo Hamas.

Segundo os militares israelenses, homens armados do Hamas incendiaram as casas ou atiraram granadas para obrigar a saída das pessoas. 

Durante todo o ataque, centenas, entre homens, mulheres e soldados, foram feitos reféns pelo Hamas.  

Ofensiva israelense 

Diante do ataque, Israel acionou as forças de segurança e declarou guerra, dando início à operação “Espadas de Ferro”, com bombardeios à Faixa de Gaza, onde ficam as bases do Hamas.  

Em mensagem ao povo israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o grupo “pagará preço sem precedentes” e prometeu exterminar o grupo que controla Gaza. 

“O Hamas pensou que iria nos demolir. Nós é que vamos demolir o Hamas”, disse no dia seguinte ao ataque. 

Estimativa de Israel é que o ataque de 7 de outubro provocou a morte de 1.400 israelenses, principalmente civis. Cerca de 200 pessoas, incluindo crianças e idosos, são mantidas como reféns em Gaza. O governo ainda busca de 100 a 200 israelenses desaparecidos e corpos de mortos no 7 de outubro.

Para Netanyahu, o ataque teve como objetivo atrapalhar as tentativas de estabelecer a paz no Oriente Médio.

Desde então, Israel tem disparado ataques aéreos diários à Gaza, estabeleceu bloqueio total – sem permissão para entrada de água, comida e combustível- e determinou que a população local, majoritariamente palestina, evacue o norte da região e se desloque para o sul.

As forças de segurança se preparam para uma incursão por terra.

"Vocês veem Gaza agora a distância, mas logo a verão de dentro. O comando virá", disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, conforme a Agência Reuters. Há informações que líderes do Hamas foram mortos nos bombardeios.

A ofensiva israelense tem sido alvo de divergência na comunidade internacional, que pede garantia de proteção dos civis em Gaza, atingidos pelo conflito e ataques aéreos. 

Ao menos 4.137 palestinos morreram na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre o Hamas e Israel - 70% das vítimas são crianças, mulheres e idosos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza. - (Por Agência Brasil*- Brasília).

*Com informações das agências Reuters, Lusa e RTP. 

Edição: Graça Adjuto



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Lula e Xi Jinping estreitam laços com a assinatura de 37 acordos bilaterais entre Brasil e China

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