Enquanto o governo de Michel Temer, decorrente de
um golpe parlamentar, apodrece em praça pública, com vários ministros
envolvidos em corrupção, a presidente eleita Dilma Rousseff tem sido ouvida com
atenção na Europa, onde denuncia os ataques à democracia e aos direitos dos
trabalhadores; em Lisboa, os ingressos para sua palestra se esgotaram em menos
de vinte minutos; segundo Dilma, o golpe é também social, pois visa retirar
conquistas históricas dos brasileiros; enquanto isso, Temer, agindo contra a
vontade de 90% dos brasileiros, discute com aliados formas de salvar a classe
política corrupta que golpeou a democracia
O escritor português Miguel Souza Tavares definiu
com perfeição o impeachment da presidente Dilma Rousseff, executado em 2016:
"uma assembleia de bandidos, presidida por um bandido".
Souza Tavares referia-se aos parlamentares que
votaram a favor do golpe parlamentar e ao então presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, que está preso há quase cinco meses em Curitiba.
Dez meses depois do golpe, o Brasil tem hoje uma
economia arruinada, que retrocedeu uma década, e um governo desmoralizado
chamado de "vergonha internacional" até pela chanceler da Venezuela,
Delcy Rodriguez.
Ontem, com a divulgação da "lista de
Janot", comprovou-se a tese de Souza Tavares: o golpe foi uma conspiração
de políticos corruptos contra uma presidente honesta.
Levado ao poder por Eduardo Cunha, Michel Temer
tem hoje um governo na lama. Seu chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, recebeu
R$ 5 milhões em propinas, segundo os delatores da Odebrecht, depois de um
jantar no Jaburu com a presença do próprio Temer. Seu chanceler, Aloysio Nunes,
também beliscou R$ 500 mil, entregues em hotéis da zona sul de São Paulo,
segundo a empreiteira.
Enquanto isso, por onde passa, a presidente
eleita – e deposta pelo golpe – Dilma Rousseff tem sido ouvida com atenção. Os
ingressos para sua palestra em Lisboa esgotaram em vinte minutos.
Dilma tem dito que o golpe é também social, pois
visa destruir conquistas históricas dos brasileiros, como as leis trabalhistas
e o direito a uma aposentadoria.
Enquanto Temer chafurda na lama, Dilma surfa na fama.
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