Michel Temer concedeu ao Brasil a condição de vergonha mundial após ter sido denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nesta segunda-feira 26.
Agências de notícias internacionais e dezenas de veículos de diversos países destacaram o fato, lembrando que é a primeira vez que um presidente da República é denunciado no exercício do mandato no País.
Esta é apenas a primeira denúncia. Janot deve ainda acusar Temer pelos crimes de organização criminosa e obstrução à Justiça. Um novo inquérito pode ser aberto contra o peemedebista, que poderia ainda ser denunciado por lavagem de dinheiro nesta nova investigação.
A denúncia já foi destaque na mídia brasileira, que foi forçada a estampar em suas capas uma manchete que envergonha o Brasil diante do mundo e dos próprios brasileiros. Uma das responsáveis pelo golpe que levou Temer ao poder, a grande imprensa não teve outra saída a não ser noticiar o fracasso da coalizão golpista.
Confira abaixo o compilado da cobertura internacional feito pelo jornalista Olímpio Cruz:
A acusação formal de corrupção lançada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Michel Temer ao Supremo Tribunal Federal é destaque na mídia internacional, com muitas reportagens avaliando que é grave a situação política brasileira.
Todas as agências internacionais noticiam e destacam que é a primeira vez que o chefe de Estado do Brasil é denunciado por corrupção na história do país. A palavra chave na cobertura do dia é corrupção, que permeia todos os títulos das reportagens.
Um longo despacho da Reuters foi replicado em 11.600 órgãos da mídia global, reproduzindo alegações de Janot de que Temer “enganou os cidadãos brasileiros”. Em outra matéria, Reuters aponta que Temer declarou que Joesley Batista o influenciou na nomeação do ministro das Finanças, Henrique Meirelles, que antes de assumir o cargo trabalhava como executivo da JBS.
Associated Press desdobra a cobertura sobre a denúncia em quatro despachos: a formalização da acusação pelo procurador, o aprofundamento da crise, o rito e os próximos passos para o prosseguimento da denúncia e o aumento da pressão contra Temer. A matéria principal foi reproduzida por 3.450 veículos noticiosos em todo o mundo desde o início da noite de ontem.
Na agência alemã Deutsche Welle, reportagem diz que novas denúncias contra Temer deverão ainda ser apresentadas pelo procurador-geral Rodrigo Janot. “Temer assumiu o poder em 2016, após a deposição do presidente esquerdista Dilma Rousseff”, diz o texto. “Devido à feroz disputa de poder com Rousseff, Temer já era muito impopular. Hoje, apenas 7% dos seus compatriotas acreditam que ele faz um bom trabalho”. A denúncia formal do procurador-geral contra Temer também é tema de reportagens das agências espanhola EFE e portuguesa Lusa. O assunto merece ampla cobertura da BBC e emissora árabe Al Jazeera.
Correspondente do New York Times, Dom Philips relata que Temer é acusado de receber um suborno de US$ 152 milhões através de um intermediário em ato que, segundo Janot, “ajudou a comprometer a imagem da República Federal do Brasil”. O americano Washington Post também detalha que o Temer foi acusado agora formalmente de corrupção. Wall Street Journal é outro a informar sobre a acusação, lembrando que cabe ao Congresso aprovar o julgamento pela Suprema Corte. O canadense The Globe and Mail também traz matéria sobre a acusação.
Os jornais europeus também dão amplo destaque às acusações formais lançadas pelo principal procurador de Justiça do Brasil contra Michel Temer. O francês Le Monde informa que poucas horas antes de ser formalmente acusado, Temer deu declarações desafiadoras, considerado arrogante: “Nada vai nos destruir”. A correspondente Claire Gatinois diz que ele tem forte apoio no Congresso, que precisa aprovar por maioria absoluta de dois terços a abertura do processo pela Suprema Corte, e reproduz declarações de apoio do presidente da CNI, Robson Andrade.
O britânico Financial Times lembra o ineditismo da situação, dizendo que o país atravessa na sua história política “águas inexploradas”. “A acusação é o clímax de uma onda de investigações de três anos sobre a corrupção nos mais altos níveis de política e negócios brasileiros que começou com uma investigação sobre corrupção na Petrobras, empresa estatal de petróleo e se espalhou para outras empresas e setores”, diz o texto assinado pelos correspondentes Joe Leahy e Andres Schipani.
A reportagem do FT destaca trecho da acusação de Janot: “Entre março e abril de 2017, com vontade livre e consciente, o presidente da república, Michel Miguel Temer Lulia, aproveitando sua posição como chefe do poder executivo e líder político nacional, recebeu por si mesmo… através de Rodrigo Santos da Rocha Loures, uma vantagem indevida de R$ 500.000 oferecida por Joesley Mendonça Batista”.
O português Diário de Notícias diz que Temer é o primeiro a ser denunciado no cargo por um crime comum. O espanhol El País também dá amplo destaque a essa característica, lembrando que nem Dilma Rousseff nem Fernando Collor, afastados por impeachment, receberam tais acusações. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca a acusação de Janot de que Temer enganou os brasileiros. A edição online da Der Spiegel também traz ampla reportagem sobre a acusação.
O italiano Il Sole 24 Ore diz que a acusação contra Temer aumenta a instabilidade política e fala em impacto da política comercial do americano Donald Trump sobre o Brasil. Os franceses Le Figaro e Les Echos reproduzem despacho da AFP sobre a denúncia formal do procurador e que a acusação chega no momento em que Temer tem taxa de aprovação de 7%, a pior para em quase 30 anos. A TV belga RTBF também noticiou com destaque a acusação.
O inglês The Guardian reproduz despacho da Reuters e destaca que Temer é acusado de receber subornos, mas que para deixar o governo o Congresso teria de autorizar a investigação por maioria de dois terços. “Os legisladores da base de Temer estão confiantes de que têm os votos para bloquear a maioria para proceder com o julgamento”, diz a reportagem. “Mas alertam que o apoio pode diminuir se os deputados forem forçados a votar várias vezes para proteger Temer – cuja popularidade está languidecendo em um único dígito – do julgamento”. The Telegraph diz que a crise no Brasil se aprofunda com Temer acusado de corrupção.
O assunto também ganha ampla repercussão na América Latina, com destaque nas capas dos argentinos Clarín e La Nación, falando da situação sem precedentes na história do país, apontando que o apoio de Temer no Congresso pode se erodir, principalmente se o PSDB – o principal sustentáculo do governo – der as costas ao Palácio do Planalto. O também argentino Página 12 diz que Temer vive suas horas mais sombrias, com a base de apoio fraturada e a alta rejeição popular.
O chileno La Tercera lembra que apesar da denúncia formal, a abertura do processo contra o brasileiro precisa ainda do aval da Câmara e que, caso a julgamento comece, ele pode ser afastado temporariamente do cargo por 180 dias. O mexicano La Jornada é outro a destacar que o procurador-geral acusou Temer de recebido entre março e abril US$ 150 mil do gigante JBS.(247).
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