'É mentira atrás de mentira', afirmou o presidente
Por: Folhapress
Presidente Jair BolsonaroFoto: Valter Campanato/Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro acusou nesta terça-feira (5) o
ex-ministro da Justiça Sergio Moro de vazar relatórios sigilosos a veículos de
imprensa e ressaltou que a iniciativa pode se enquadrar na Lei de Segurança
Nacional.
"Ele [Moro] tinha peças de relatórios
parciais de coisas que eu passava para ele", disse. "E entregava para
a Globo. Isso é crime federal, talvez incurso na lei de Segurança
Nacional", acrescentou o presidente.
Na entrada do Palácio da Alvorada,
Bolsonaro disse ainda que não tentou interferir na Superintendência da Polícia
Federal no Rio de Janeiro e que em nenhum momento pediu acesso a relatório
sigilosos. "Não houve crime", disse. "É mentira atrás de
mentira."
O presidente afirmou que lerá ainda nesta terça-feira o
depoimento concedido por Moro à Polícia Federal e que se reunirá com seu
advogado para tomar providências.
Em depoimento à Polícia Federal no último
sábado (2), o ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou que o presidente Jair
Bolsonaro pediu a ele no começo de março deste ano a troca do chefe da Polícia
Federal no Rio de Janeiro. "Moro você tem 27 Superintendências, eu quero
apenas uma, a do Rio de Janeiro", disse Bolsonaro a Moro, por mensagem de
WhatsApp, segundo transcrição do depoimento do ex-ministro à PF.
Os investigadores perguntaram a Moro se ele
identificava nos fatos apresentados em seu pronunciamento de saída do governo
alguma prática de crime por parte de Bolsonaro. O ex-ministro disse que os
fatos narrados por ele são verdadeiros, mas não afirmou se o presidente teria
cometido algum crime.
"Quem falou em crime foi a
Procuradoria-Geral da República na requisição de abertura de inquérito e agora
entende que essa avaliação, quanto à prática de crime, cabe às instituições
competentes", disse Moro.
Segundo Moro disse em depoimento, o então
diretor da PF, Maurício Valeixo, "declarou que estava cansado da pressão
para a sua substituição e para a troca do SR/RJ". "Que por esse
motivo e também para evitar conflito entre o presidente e o ministro o diretor
Valeixo disse que concordaria em sair", afirmou o ex-ministro.
De acordo com Moro, em seguida o presidente
Bolsonaro "passou a reclamar da indicação da Superintendente de
Pernambuco". Segundo ele, "os motivos da reclamação devem ser
indagados ao Presidente da República".
Segundo o ex-ministro, "o presidente
lhe relatou verbalmente no Palácio do Planalto que precisava de pessoas de sua
confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de
inteligência".
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