quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Dias decisivos para a corrida às urnas

Diante da expectativa de que 25% dos eleitores podem alterar o voto na semana que antecede o primeiro turno, candidatos usam estratégias diversas para atrair a atenção dessa parcela de indecisos

Corrida eleitoral para Presidência da República

Seguindo a tradição de que brasileiro sempre deixa tudo para a última hora, há uma expectativa de que, nesses dias restantes da campanha, uma parcela expressiva do eleitorado defina ou mude o voto na corrida presidencial, seguindo a tendência expressa nas pesquisas. A estimativa foi apontada pelo presidente do instituto de pesquisa Datafolha, Mauro Paulino. Segundo o executivo, em 2014, os indecisos e aqueles com “opção flexível” representavam 23% do eleitorado. Agora esse número chega a 25%.
Não é por acaso que, para suplantar a polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), os demais concorrentes tenham colocado seus respectivos números no pleito, para conhecimento do eleitor, além de adotar um tom mais cáustico, no último debate transmitido pela TV Record. As campanhas do PSL e do PT, contudo, estão atentas a esse movimento e trabalham suas retóricas para, senão garantir o resultado no primeiro turno, assegurar a ida para a próxima fase, blindando os candidatos.
Diante desse cenário, há alguns fatores que geram instabilidade na reta final, como, por exemplo, o desconhecimento do número dos candidatos, o que explica o fato de os presidenciáveis usarem o adesivo com o número durante o debate. Mas, para além dessas razões elementares, existem eventos – que ocorrem após as pesquisas e no período prévio à eleição – como a repercussão, na imprensa, dos debates transmitidos pela televisão e a própria “guerrilha digital”, nas redes sociais, que pode deslocar o termômetro na véspera do pleito. O cientista político Lucas Cunhas, da UFMG, aponta para uma diferença entre eleitores mais sofisticados e os mais distantes da política. Os segundos devem decidir o voto olhando para a repercussão, para o efeito nas redes e no noticiário, porque o cidadão mais interessado já decidiu seu voto.
Nesse sentido, após um final de semana de manifestações pró e contra Bolsonaro, a campanha do PSL tem insistido que o eleitor anti-petista deve decidir o voto no capitão da reserva já no primeiro turno, “para não arriscar”. Analistas apontam que esse mesmo fenômeno ocorreu na eleição de 2016, para a Prefeitura de São Paulo, quando João Doria (PSDB) venceu Fernando Haddad no primeiro turno.
No guia eleitoral transmitido ontem, Haddad optou por relembrar as conquistas obtidas nos governos petistas. “Foram 12 anos de prosperidade”, menciona o petista. “Haddad ganhou visibilidade e, com ela, veio também a esperada rejeição”, aponta o cientista político Juliano Domingues. Citando a rejeição do ex-prefeito entre as mulheres (que aumentou 13% segundo a última pesquisa Ibope), Domingues sugere “a hipótese de um efeito reverso do movimento #elenão e a uma associação da manifestação ao candidato do PT”.
A militância de Ciro vem bombardeando no Twitter há dois dias, com a hashtag #Ciro12NoSegundoTurno, que chegou a mais de 60 mil menções ontem. Presente entre os candidatos nanicos, João Amoêdo (Novo) também impulsionou sua hashtag no Twitter para alcançar mais de 50 mil pessoas.(BlogdaFolha)

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