terça-feira, 2 de junho de 2020

Protestos e confrontos seguem nos EUA mesmo após ultimato de Trump

Os atos contra a violência sistemática da polícia têm escancarado mais uma vez as desigualdades e o racismo estrutural que atravessa as instituições americanas

                  Por: Folhapress
Policiais tentam controlar protesto pelo assassinato de George Floyd, em Minneápolis
Policiais tentam controlar protesto pelo assassinato de George Floyd, em MinneápolisFoto: ALEX WONG / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Ima
Pela sétima noite seguida, os Estados Unidos tiveram protestos, confronto, saques e prisões em várias cidades na noite de segunda (1º) e madrugada de terça (2). O toque de recolher imposto pelas autoridades seguiu sendo desrespeitado. Ao menos cinco policiais foram baleados, e centenas de pessoas foram presas.

Os atos, que pedem o fim da violência policial e do racismo, seguem ocorrendo mesmo após as duras ameaças do presidente Donald Trump de usar militares para enfrentar os manifestantes, feitas na noite de segunda. Em St. Louis, Missouri, quatro policiais foram hospitalizados após levarem tiros em meio a confrontos com manifestantes. Eles não correm risco de morte. Outro policial foi baleado em Las Vegas, onde ao menos dois incidentes envolvendo troca de tiros em meio a protestos são investigados.

Pouco depois das 23h (0h em Brasília), quando o toque de recolher entrou em vigor em Nova York, mais de cem pessoas se reuniram de maneira calma diante do Barclays Center, no Brooklyn, e se ajoelharam para homenagear as vítimas da violência dos últimos dias. Os policiais observaram à distância. Ao longo da noite, houve saques em vários comércios de Manhattan, em lojas de marcas como Nike, Michael Kors e Lego e outras de aparelhos eletrônicos. As portas da Macy's, perto de Times Square, foram arrombadas.
Um sargento que tentava conter um ataque a uma loja foi atropelado, aparentemente de forma intencional. Ele está no hospital em estado grave.
Mais de 200 pessoas foram presas em Nova York. O prefeito Bill de Blasio (Democrata) anunciou que o toque de recolher na cidade será antecipado para 20h (21h em Brasília). "Apoiamos os protestos pacíficos, mas agora é o momento de voltar para casa. Há pessoas que estão nas ruas esta noite não para protestar, e sim para destruir propriedades e provocar danos a outros. Estas pessoas estão sendo detidas, suas ações são inaceitáveis", afirmou Blasio.

Em Los Angeles, manifestantes atearam fogo a um centro comercial. Em Oakland, também na Califórnia, mais de 40 pessoas foram presas por desrespeitar o toque de recolher. Segundo levantamento da agência AP, mais de 5.600 pessoas foram presas desde o início dos protestos. Uma semana depois da morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos que foi asfixiado por um policial branco em Minneapolis após a detenção, os protestos acontecem de costa a costa nos Estados Unidos. As manifestações, pacíficas em sua maioria, resultaram em distúrbios generalizados.

Na segunda-feira, o presidente Donald Trump prometeu restaurar a ordem e ameaçou os estados com a mobilização dos militares. Em tom firme, pediu que os governadores e prefeitos usem as forças da Guarda Nacional em número suficiente para conter as ruas. "Se uma cidade ou estado se recusar a tomar as medidas necessárias para defender a vida e a propriedade de seus residentes, então implantarei as forças armadas dos Estados Unidos e rapidamente resolverei o problema para eles."

Houve protestos também em frente à Casa Branca, que seguiam de forma pacífica, mas foram dispersados com bombas. Grande parte das manifestações transcorre de forma tranquila durante o dia, mas o cair da noite divide os grupos e tem mudado o clima em muitas regiões.

Desde o início da semana passada, milhares de pessoas pedem justiça pela morte de George Floyd. Negro e desarmado, o ex-segurança de 46 anos teve o pescoço prensado contra o chão por quase nove minutos pelo joelho de um policial branco em Minnesota. O agora ex-policial Derek Chauvin foi preso na sexta-feira (29) e transferido no domingo para uma prisão de segurança máxima, onde espera julgamento. O agente já foi objeto de 18 inquéritos disciplinares, dos quais 16 foram encerrados sem nenhum tipo de punição. Ele foi demitido da polícia logo após o episódio vir à tona.

Nesta segunda, médicos independentes apontaram que Floyd foi morto por "asfixia mecânica", o que difere do relatório divulgado pela polícia anteriormente. A ação, gravada por testemunhas que passavam pelo local, viralizou nas redes sociais e mobilizou o país.

Os atos contra a violência sistemática da polícia têm escancarado mais uma vez as desigualdades e o racismo estrutural que atravessa as instituições americanas.
Eles ganham força no momento em que o país sofre com a pandemia do coronavírus, que já matou mais de 100 mil pessoas e mergulhou os americanos -principalmente os negros- em uma combinação de crise econômica e de saúde pública sem precedente.





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