Se confirmada sua saída da prisão, o ex-presidente fará um breve discurso a seus apoiadores que mantiveram vigília em frente à PF desde a prisão, em abril do ano passado
Por: Folhapress
LulaFoto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O
PT está preocupado com a possibilidade de um ataque ao ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, após sua provável soltura nos próximos dias, e
está providenciando um reforço em sua segurança tão logo deixe a sede da
Polícia Federal no Paraná, em Curitiba.
"É evidente que vamos tomar muito
cuidado. Há muita conversa entre nós sobre a necessidade de reforço da
segurança pessoal dele [Lula], sobretudo nesse momento que algumas reações são
muito doidas. Temos uma preocupação com essa questão", disse Gilberto Carvalho,
que foi chefe de gabinete de Lula na Presidência e é um dos dirigentes petistas
mais próximos a ele.
Nesta sexta-feira,
após reunião com Lula na PF, o advogado Cristiano Zanin anunciou que já deu
entrada na Justiça Federal com um pedido de soltura imediata do líder petista.
A iniciativa da defesa do ex-presidente ocorre após a decisão
do Supremo Tribunal Federal desta quinta-feira (7).
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O plenário decidiu, com placar apertado de 6
votos a 5, que um condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado (o fim
dos recursos), alterando a jurisprudência, que desde 2016 tem permitido a
prisão logo após a condenação em segunda instância.
O PT já tem um roteiro para os primeiros dias
de Lula em liberdade. Se confirmada sua saída da prisão, ele fará um breve
discurso a seus apoiadores que mantiveram vigília em frente à PF desde a
prisão, em abril do ano passado.
A visita aos petistas Delúbio Soares e João
Vaccari na sede da CUT paranaense, onde trabalham, é improvável, por questões
logísticas. Lula então viajaria a São Bernardo do Campo (SP), provavelmente em
avião fretado pelo PT. A ideia é dar duas noites de sossego para ele, até a
realização de um ato neste domingo (10), em frente ao Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC. Seria um evento cheio de simbolismo, uma vez que foi lá
que ele falou pela última vez aos apoiadores antes de ser preso.
A atuação do ex-presidente nos próximos meses
também está em estudo. Há o planejamento de que Lula faça uma caravana pelo
Nordeste, mas isso deve ficar para o ano que vem. Neste ano, o ex-presidente
deve fazer alguma visita pontual a uma ou mais capitais nordestinas, além de
participar do congresso do PT, que ocorrerá em São Paulo, de 22 a 24 de
novembro.
De acordo com Gilberto Carvalho, Lula evitará
responder a provocações do presidente Jair Bolsonaro e de seu entorno.
"Nesse jogo ele não vai cair. Não vai facilitar a vida do Bolsonaro e
fornecer elementos para o presidente fortalecer a sua base", declarou o
ex-chefe de gabinete da Presidência (2003-2010).
O tom de suas falas, segundo o dirigente
petista, será sobre a necessidade de unir o país, e não de vingança. Uma
exceção será a crítica à Lava Jato, especialmente ao ministro da Justiça,
Sergio Moro, ex-juiz federal que o condenou à prisão no caso do tríplex de
Guarujá. "Ele não vai deixar de xingar o Moro, mas de maneira geral, não
tem essa coisa de vingança, do ódio", declarou.
A principal preocupação do ex-presidente,
segundo seu ex-chefe de gabinete, será de ter um discurso marcadamente de
esquerda em alguns temas. "Mas não é mais à esquerda no sentido de ser
leninista, ou trotskista. É na linha de defender a inclusão dos mais pobres no
Orçamento federal, e de denunciar que querem vender o país. São essas duas
bandeiras que ele vai abraçar mais", disse.
A pena no processo do tríplex foi reduzida no
STJ (Superior Tribunal de Justiça) para 8 anos e 10 meses e 20 dias de prisão.
O caso ainda tem recursos finais pendentes nessa instância antes de ser
remetido para o STF.
O Supremo, porém, pode anular todo o processo
sob argumento de que o juiz responsável pela condenação, Sergio Moro, não tinha
a imparcialidade necessária para julgar o petista naquela situação. Mas ainda
não há data marcada para que esse pedido seja analisado.
Além do caso tríplex, Lula foi condenado em
primeira instância a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem no
caso do sítio de Atibaia (SP). Essa condenação também pode ser anulada porque a
defesa apresentou suas considerações finais no processo no mesmo prazo de réus
delatores.
O ex-presidente ainda é réu em outros
processos na Justiça Federal em São Paulo, Curitiba e Brasília. Com exceção de
um dos casos, relativo à Odebrecht no Paraná, as demais ações não têm
perspectiva de serem sentenciadas em breve.
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