terça-feira, 18 de julho de 2017

MAMAR NO PEITO. ALEITAMENTO MATERNO SALVA VIDAS E ECONOMIZA DINHEIRO


  Em parceria com Le Figaro
E (photo: SelectStock)

Os benefícios do aleitamento materno para a saúde da criança e da sua mãe deveriam incentivar a promover suas vantagens em escala global, argumentam os pesquisadores. Uma amamentação prolongada poderia salvar a vida de mais de 800 mil bebês a cada ano, poupando bilhões de dólares aos sistemas de saúde a nível mundial, através de seu papel de proteção contra certas doenças na infância, de acordo com uma série de estudos.



Por AFP agence – Le Figaro Santé

«Apenas uma em cada cinco crianças é amamentada até os doze meses nos países ricos, enquanto apenas uma criança em cada três é exclusivamente amamentada nos seis primeiros meses de sua existência em países de renda baixa ou média», diz a revista médica britânica The Lancet.
Um estudo publicado no Boletim epidemiológico semanal mostrou que aos três meses de idade, 39% dos bebês franceses ainda são amamentados: 10% de modo exclusivo, 11% de modo predominante e 18% recebendo também papinhas industriais para bebês. Aos 6 meses, apenas uma criança em cada quatro ainda é amamentada e mais da metade delas consome fórmulas infantis como suplemento. Com um ano de idade, apenas 9% das crianças ainda recebem leite materno.


Os países ricos também
O leite materno fornece todas as necessidades alimentares do bebê durante os seis primeiros meses de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um aleitamento materno «exclusivo» até os seis meses de vida e um aleitamento parcial até dois anos de idade. De acordo com esta última, menos de 40% dos bebês em todo mundo se beneficia do aleitamento hoje.
«Nossos trabalhos demonstram claramente que a amamentação salva vidas e ajuda a economizar dinheiro em todos os países, ricos e pobres», escrevem os autores. A amamentação tem sido conhecida há muito tempo por ter efeitos benéficos, tanto na saúde do lactante quanto na saúde da mãe. A amamentação de longo prazo «poderia salvar mais de 800 mil vidas de crianças a cada ano em todo o mundo, ou seja, o equivalente a 13% de todas as mortes de crianças com menos de dois anos de idade», dizem os autores, baseados  numa série de pesquisas. Além disso, ele poderia prevenir, todos os anos, a morte de 20 mil mães, devido ao câncer de mama, acrescentam.
Ao contrário de uma «ideia falsa e amplamente divulgada », os benefícios da amamentação não se limitam apenas aos países pobres. «Nos países ricos, a amamentação reduz em mais de um terço a morte súbita do lactente. Em países pobres ou com rendas médias, cerca da metade dos surtos de diarreia e um terço das infecções respiratórias poderiam ser evitadas através da amamentação », acrescentaram os pesquisadores. A amamentação de longo prazo ajudaria também a reduzir os riscos de obesidade e de diabetes em crianças.


Publicidades agressivas
Os pesquisadores também calcularam que ao aumentar em 90% a taxa de amamentação exclusiva até os seis meses, nos Estados-Unidos, na China e no Brasil e em 45% no Reino-Unido reduziria os custos de tratamento de doenças comuns na infância, como a pneumonia, a diarreia ou a asma. Pela amamentação, «uma economia para o sistema de saúde de pelo menos 2,45 bilhões de dólares nos Estados-Unidos, de 29,5 milhões no Reino-Unido, de 223,6 milhões na China e de 6 milhões no Brasil» seria viável, dizem.
Nos países ricos, o Reino-Unido, a Irlanda e a Dinamarca têm as taxas de amamenção mais fracas do mundo em dozes meses (respectivamente inferiores a 1%; 2%; 3%).
Além disso, os cientistas se queixam das publicidades agressivas a favor dos leites de substituição que minam, na sua opinião, os esforços das autoridades para promover o aleitamento materno. «A saturação dos mercados nos países ricos levou os fabricantes a entrar rapidamente em mercados emergentes », acrescentam. «As vendas mundiais de leite (de substituição) aumentaram de valor, passando de dois bilhões de dólares em 1987 para cerca de 40 bilhões em 2014», eles observam. Segundo eles, os países ainda são capazes de melhorar significativamente a prática da amamentação. Por exemplo, no Brasil, a duração da amamentação passou de 2,5 meses nos anos 1974-1975 para 14 meses em 2006-2007 graças a uma política pró-ativa dos serviços de saúde e de amplas campanhas de informação. (247).


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