"A cada dia fica mais evidente que a Operação Carne Fraca, independente de haver falcatruas no setor, foi um movimento político-policial. Pessoas e fatos surgem ao sabor (podre) das conveniências. Vaza-se por toda parte e, quando necessário, 'vazam', como na gíria, os personagens inconvenientes", diz o jornalista Fernando Brito; "No destaque, outro escândalo: a Superintendência da PF no Paraná mandando recolher e fazer vídeos que possam ser 'relevantes' para a mídia. Mais importante, claro, do que serem relevantes para a investigação"
Por Fernando
Brito, do Tijolaço - A cada dia fica mais evidente que a
Operação Carne Fraca, independente de haver falcatruas no setor, foi um
movimento político-policial.
Pessoas e fatos surgem ao sabor (podre) das conveniências.
Vaza-se por toda parte e, quando necessário, “vazam”, como na gíria, os
personagens inconvenientes.
Os peritos da Polícia Federal dizem, no Estadão,
que não houve perícia nos fatos que motivaram um escândalo de repercussão
mundial.
Associação Nacional dos Peritos Criminais
Federais (APCF) divulgou nota afirmando que as conclusões da Operação Carne
Fraca referentes aos danos à saúde pública não têm embasamento científico, uma
vez que os peritos federais foram acionados pela Polícia Federal (PF) apenas
uma vez durante as investigações e que o laudo resultante desse trabalho não
comprovou tais danos.
O que acontece? Nada.
E porque não acontece nada? Porque o Governo “vazou” o chefe da Polícia
Federal, o Ministro da Justiça Osmar Serraglio, como você vê na edição de hoje
do mesmo Estadão.
Estão todos acoelhados de medo diante do que já lhes fizeram chegar aos
ouvidos sobre sua base de apoio, e não só no Paraná.
No destaque, outro escândalo: a Superintendência da PF no Paraná
mandando recolher e fazer vídeos que possam ser “relevantes” para a
mídia. Mais importante, claro, do que serem relevantes para a investigação. A
imagem, publicada
pelo repórter Marcelo Auler em seu blog, a propósito da também escandalosa
detenção do blogueiro Eduardo Guimarães.
A mídia se refestela e ainda ganha algum: Lauro Jardim registra
que, de sexta a ontem, as TVs abertas tiveram 48 inserções de JBS e BRFoods. E
na mídia impressa não é diferente, todo dia anúncios de página inteira.
Da cúpula do Judiciário, que se desmoralizou ao longo dos três anos em
que encampou, na cola da mídia, a atuação da “República de Curitiba”, pouco se
pode esperar.
O Gilmar Mendes que hoje vocifera contra os vazamentos é o mesmo que
utilizou o “vazamento oficial” de Sérgio Moro da gravação – que ele sabia
ilegal – de diálogos entre Lula e Dilma Rousseff para impedir que o
ex-presidente pudesse ser o último e salvador dique contra o golpismo.
Agora, que a água do policialismo se levanta contra seus prediletos,
reclama. E seus pares não estão em melhor situação, porque entre latinismos e
floreios jurídicos, deixaram um bandido livre a presidir a Câmara até que o
golpe se consumasse.
A reconstrução da democracia em nosso país depende que as instituições
republicanas sejam recolocadas num patamar de equilíbrio, porque do caos só vem
o caos.
E, com ele, os demônios do autoritarismo.
Sem enfrentar quem os invoca, a mídia, não se vai esconjurá-los. (EBC).
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