Depois das criticas levantadas por por
políticos sertanejos em relação ao Canal do Sertão”, o ex ministro
Fernando Bezerra Coelho encaminhou a imprensa regional o seguinte
comentário:
Muito tem se falado sobre uma
possível mudança no projeto do Canal do Sertão e em perdas nas ações de
irrigação em Pernambuco. Trata-se de uma visão errada e incompleta sobre
o tema. Nos últimos anos, apenas no período em que estive a frente do
Ministério da Integração Nacional, deixamos garantido no âmbito do
programa Mais Irrigação a implantação de 100.000 novos hectares
destinados à agricultura irrigada em Pernambuco. O número significa mais
de duas vezes o total de projetos públicos de irrigação disponíveis no
Estado, que somam atualmente cerca de 45.000 hectares.
Para atingirmos este número, garantimos a
contratação das obras do Canal do Sertão Pernambucano, Ramal de
Entremontes, Pontal e a Revitalização do Ibimirim-Moxotó, bem como a
contratação dos estudos e projetos técnicos de Serra Negra e Terra Nova.
São ações que priorizam novas áreas irrigadas no interior de
Pernambuco, trazendo mais oportunidades de negócios, trabalho e renda
para a nosso população.
Importante, antes de mais nada, explicar
que a partir da década de 90 a Codevasf avaliou a viabilidade da
irrigação de áreas localizadas na região Oeste do estado de Pernambuco,
por meio do Canal do Sertão Pernambucano, que conduziria a água captada
no reservatório da barragem de Sobradinho para atendimento de 112 mil
hectares de terras irrigáveis, localizadas nos municípios de Petrolina
(20.959 ha), Dormentes (7.987 ha), Santa Cruz (11.354 ha), Parnamirim
(12.059 ha), Ouricuri (26.380 ha), Araripina (1.200 ha), Trindade
(18.000 ha), Santa Filomena (1.400 ha), Bodocó (8.988 ha), Exu (1.500
ha), Granito (1.500 ha), Morelândia (107 ha) e Ipubi (500 ha).
Para o atendimento de todas estas áreas,
o Canal teria uma extensão de 578 km, com recalque de até 123 metros de
altura geométrica, através de quatro estações de bombeamento e vazão
projetada de 139,5 m3/s.
Estudos de viabilidade técnica, contudo,
apontaram a inviabilidade econômica para atendimento das áreas
irrigáveis localizadas a partir do denominado 3º Patamar do Projeto, no
município de Parnamirim, com extensão do Canal acima de 100 km e a
necessidade da terceira e quarta estação de bombeamento. O atendimento
dessas áreas incrementaria o custo de implantação da infraestrutura em
50%, em relação a apenas as áreas localizadas no primeiro e segunda
patamar, além da elevada demanda de energia elétrica necessária para o
bombeamento da água, que oneraria de sobremaneira o custo operacional e,
consequentemente, elevaria o valor da tarifa de água a ser paga pelos
produtores.
Em 2005, o Governo Federal iniciou a
implantação do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que também
possibilita o atendimento de área irrigáveis na região Oeste do estado
de Pernambuco, através do denominado Ramal de Entremontes, sendo algumas
destas áreas as mesmas previstas anteriormente para serem atendidas
pelo Canal do Sertão Pernambucano. Nessa época, os estudos recomendaram a
redução da vazão projetada para 71 m3/s. E, baseado nesta recomendação,
foi feita a alteração.
Foi também projetado o Sistema Adutor
Terra Nova, com captação direta no rio São Francisco e que atenderia
áreas irrigáveis nos municípios de Santa Maria da Boa Vista, Lagoa
Grande e Terra Nova. Por outro lado, a viabilização do Projeto de
Integração do São Francisco envolveu a adequação da disponibilidade de
outorga de recursos hídricos para o Estado.
Em função da ocorrência de áreas com
possibilidade de atendimento por diferentes sistemas adutores, em 2005 a
Codevasf elaborou o Estudo de Alternativas para Integração dos Projetos
de Infraestrutura Hídrica para o Oeste Pernambucano, para conciliação
dos três sistemas adutores mencionados, maximizando o efeito sinérgico e
a integração entre estes, de modo a aproveitar de forma eficiente as
terras irrigáveis disponíveis.
O Estudo analisou, de forma integrada e
abrangente, todas as variáveis e propostas existentes para o Sertão
Pernambucano em termos de obras de infraestrutura hídrica. A alternativa
selecionada representa o melhor arranjo para racionalizar e otimizar os
diversos atendimentos vislumbrados dentro de uma proposta consistente
de desenvolvimento sustentável à região. Essa alternativa foi validada
pelas entidades diretamente envolvidas no processo de planejamento:
Ministério da Integração Nacional, Codevasf e Governo do Estado de
Pernambuco.
O Estudo de Alternativas definiu como de
maior viabilidade técnica e econômica a seguinte conformação: as áreas
irrigáveis Pontal Sobradinho e Santa Cruz permaneceriam atendidos pelo
Canal do Sertão Pernambucano, assim como a área Casa Nova, no município
de mesmo nome do estado da Bahia, identificada posteriormente; as áreas
de Parnamirim e Exu/Granito – com atendimento anteriormente previsto
pelo Canal do Sertão – passariam a ser atendidas pelo Ramal de
Entremontes, que atenderia também a área Urimamã – com atendimento
anteriormente previsto pelo Projeto Terra Nova – e a área Chapada de
Arapuá, além de áreas a jusante dos açudes Chapéu, Cachimbo e
Entremontes e, ainda, no riacho Terra Nova; e o Projeto Terra Nova
atenderia apenas as áreas Barra Bonita, Brejo de Santa Maria e ao longo
do riacho Garças, a jusante do açude Saco II.
Adicionalmente, o Eixo Leste do Projeto
de Integração do Rio São Francisco viabilizará a implantação do
Perímetro irrigado Serra Negra, no município de Floresta e a
reabilitação do Perímetro Moxotó, nos municípios de Ibimirim e Inajá.
Trata-se de uma reorganização de
diversas áreas irrigáveis no Sertão pernambucano, por distintos sistemas
adutores, com recursos garantidos pelo programa Mais Irrigação do
Governo Federal. Desta vez, em conformidade com o estabelecido por
estudos de viabilidade técnica e econômica.
Não obstante, em função da implantação
dos novos sistemas adutores, não se pode descartar o eventual surgimento
de novas áreas suscetíveis ao aproveitamento hidroagrícola no interior
do Estado. A exemplo de áreas ainda não estudadas ou que, apesar de
estudos preliminares, ainda não foram objeto de estudos mais
aprofundados, a exemplo dos municípios de Bodocó, Ouricuri, Trindade,
Moreilândia e Araripina, os quais, poderão ser atendidos pelos
perímetros derivados do Ramal de Entremontes.
O Complexo Hidroagrícola do Sertão
Pernambucano beneficiará 92 mil hectares distribuídos em 12 municípios,
estendendo o benefício do desenvolvimento da agricultura irrigada em uma
maior abrangência territorial do estado e em melhores condições de
viabilidade econômica. Na prática, teremos o Canal do Sertão
Pernambucano atendendo aos municípios de Petrolina (20.959 ha),
Dormentes (7.987 ha) e Santa Cruz (9.354 ha); o Ramal Entremontes
beneficiando Parnamirim (6.058 ha), Exu (1.553 ha), Granito (1.553 ha),
Terra Nova (996 ha) e Santa Maria da Boa Vista (9.816 ha); o Sistema
Terra Nova ajudando novamente Santa Maria da Boa Vista (com mais 9.816
ha) e Lagoa Grande (3.500 ha); e o Eixo Leste do Projeto São Francisco
irrigando Floresta (12.000 ha), Ibimirim (6.876 ha) e Inajá (1.720 ha).
Está prevista para os dias 21 e 22 deste
mês visita da Presidenta Dilma Rousseff às obras da Transposição do Rio
São Francisco. A ocasião merece ser aproveitada para cobrar o
lançamento do edital das obras do Ramal de Entremontes, com investimento
previsto na ordem de R$ 1 bilhão, assegurado no Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC 2).
Portanto, em face de adequações técnicas
necessárias decorrentes de estudos e projetos técnicos detalhados e
atualizados, assim como das contrapartidas ao Estado de Pernambuco por
causa do Projeto São Francisco, afirma mais uma vez que o interior do
Estado será priorizado com novas áreas irrigadas, trazendo novas
oportunidades de negócios, trabalho e renda para a população.
É preciso deixar as rixas políticas de
lado e a volta à baila de debates já superados para buscar a unidade em
prol do desenvolvimento do interior do Estado para a concretização
desses projetos.
(Fonte: Blog
Vinicius de Santana)
Fernando Bezerra Coelho
Blog do Bill Art´s