Em
uma extensa carta enviada à imprensa na tarde desta terça-feira (12), o
diretor da Fazenda Milano, localizada em Santa Maria da Boa Vista (PE),
no Sertão do São Francisco, José Gualberto Almeida, faz um desabafo
sobre a situação que a fazenda vive há um mês, quando um grupo do
Movimento Sem Terra (MST) invadiu o local. A ocupação estaria
inviabilizando a produção da fazenda.
Na carta, José Gualberto relata toda a
história da Milano e ressalta que mais de 300 famílias sobrevivem da
produção da empresa. Ele faz questão de destacar que o local é
produtivo, que serve inclusive como campo experimental para projetos da
Embrapa e das universidades da região.
Confiram:
Instalada desde 1970 na região do
Sertão do São Francisco, em Pernambuco, a Fazenda Milano foi a pioneira
em implantação de modernos sistemas de irrigação, como gotejamento, auto
propelidos e pivot central, entre outros.
Por ela passaram todos os
empreendedores que se instalaram no Vale do São Francisco, nas décadas
de 1970, 1980 e 1990, e que hoje seguem produzindo suas culturas e
gerando emprego e renda.
A Milano manteve, desde seu início,
programas de estágios para agrônomos e técnicos agrícolas, em convênios
com universidades e escolas agrícolas, ajudando os estudantes a
completarem sua formação.
Contratou dezenas de técnicos em
viticultura no Rio Grande do Sul, que vieram se fixar na região e hoje
fazem parte da base forte, técnica e econômica local. Dezenas de
ex-funcionários da fazenda são hoje produtores na região.
A Milano foi também pioneira em
ações sociais, com a implantação de escolas, ambulatório médico de alta
qualidade, centros de lazer e esportivos e templos religiosos.
A fazenda foi implantada a partir de
recursos próprios de empresários paulistas, recursos da Sudene, do
próprio grupo e financiamentos do Bandepe e Banco do Brasil, como todo
grande empreendimento no País.
Passaram pela Milano, ao longo de
sua exitosa existência, quase dez mil empregados. E não há sequer uma
ação trabalhista contra a empresa, reflexo do tratamento justo,
respeitoso e honesto que a empresa sempre manteve e continua mantendo
com seus colaboradores.
Atualmente, a Fazenda Milano conta
com mais de trezentas famílias vivendo de sua produção. São quase mil
pessoas, trabalhando na terra, dela vivendo e residindo em vilas dotadas
de infraestrutura completa, contando com água, esgoto, iluminação
pública e acesso à internet.
A escola lá instalada, construída
pela Milano, em terreno da fazenda, foi considerada várias vezes a
melhor do município, ao longo dos últimos anos. Doada pela Fazenda
Milano ao povo de Santa Maria da Boa Vista, ela atende hoje crianças de
toda a região.
Da mesma forma aconteceu com o posto
de saúde, que construído pela fazenda, atende toda a população da
região, com médico e enfermeiras. O posto também foi doado ao município
pela Milano.
A Fazenda Milano produz atualmente
uvas, mangas, maracujá, feijão, milho, leite, queijos, goiaba, vinhos e
sucos e mantém campos experimentais de pesquisa em convênio com
universidades e com a Embrapa.
A Milano foi pioneira na produção de
sucos, vinhos, uva de mesa em escala comercial e inaugurou o ciclo de
exportações de frutas para o mercado mundial. Tal fato está por trás das
centenas de milhares de empregos gerados hoje no Vale do São Francisco,
que fizeram o extraordinário crescimento da região de Petrolina.
Reafirmando, mais uma vez, seu
pioneirismo, está neste momento, implantando, juntamente com a Embrapa,
campos de pesquisas para produção de citrus. Confirmada a vocação da
região para mais este tipo de produção, teremos um novo produto de largo
consumo mundial, capaz de ocupar terras a serem incorporadas ao sistema
produtivo.
Assim tem sido a vida da Fazenda
Milano ao longo dos últimos 43 anos, sem deixar de produzir um dia
sequer, com ou sem crises econômicas.
Ao mesmo tempo, nos deixa tristes
olhar ao nosso redor e observar os inúmeros assentamentos de
trabalhadores rurais sem terra, abandonados ao seu próprio destino, sem
produzir um hectare sequer e vivendo sem as condições básicas que são
direito de qualquer ser humano. Ocuparam terras antes produtivas e
equipadas com infraestrutura de irrigação, mas, sem assistência técnica
adequada e uma liderança responsável, jogaram toda essa riqueza fora e
hoje seguem sem futuro e sem esperança.
Queríamos nós, que todos os sem
terra assentados em nossa região tivessem a qualidade de vida que têm os
funcionários da Milano. Mas, infelizmente, por razões que fogem à nossa
competência e responsabilidade, eles estão vivendo de forma indigna,
dependentes de esmolas governamentais e de cestas básicas doadas pela
Prefeitura.
Convido todos a visitarem a fazenda
Milano e a região, para verificarem, in loco, todas estas informações
que aqui relato. Será um prazer recebê-los.
Finalmente, peço que a verdade seja
restabelecida, que os invasores da Fazenda Milano deixem os nossos
funcionários produzirem e trabalharem em paz e que a região volte a ter a
paz e a serenidade necessárias para garantir a produção plena,
proporcionando a Pernambuco o desenvolvimento equilibrado, justo e
sustentável de que tanto o nosso Estado precisa. Fonte: Carlos Brito
José Gualberto Almeida/ Diretor da Fazenda Milano
Blog do Bill Art´s