Eu,
como cidadã e principalmente como mãe desse jovem que acaba de
completar seus 18 anos, encantado com a maioridade e a conquista de seus
direitos como cidadão que é, venho a esse meio de comunicação tão
abrangente e importante para nossa comunidade, denunciar esse caso de
agressão, tortura e constrangimento que aconteceu com o meu filho a
menos de 100 metros da minha residência, quando uma viatura da Polícia
Militar de Juazeiro, mais precisamente da 76ª Companhia, ao transitar
pelo nosso bairro Malhada da Areia, por volta das 21:30h do dia 16 de
agosto, avistou um pequeno grupo de jovens (dentre esses, 2 eram meus
filhos, sendo uma menor de idade) sentados, conversando e fazendo lanche
ao lado da padaria, como faziam todas as noites.
A viatura voltou para fazer a abordagem.
Até aí tudo bem, faz parte do trabalho da polícia. Pediram que todos
colocassem suas mãos na cabeça e encostassem na parede, exceto minha
filha que era a única menina dentre eles. E assim eles fizeram…
A revista foi feita e um dos 03
policiais encontrou no bolso do short do meu filho um laser e então
começou a espancá-lo e colocar o laser nos seus olhos… Chamá-lo de
drogado, vagabundo. Ele, na sua maior inocência falou que seus
documentos estavam na carteira e que era cidadão… Aí foi que apanhou
mesmo. A minha filha menor, desesperada ao ver seu irmão sendo jogado ao
chão, espancado no rosto e chutado pela cabeça, chorava e gritava por
socorro e um dos policiais disse que se ela não parasse de gritar iria
apanhar também, chamando-a de vadia.
Os vizinhos ficaram horrorizados com
tanta crueldade com um menino tão frágil, jovem e desarmado… Um
menino/rapaz que de nós, seus pais, só recebe carinho E AMOR… Que é
admirado por toda minha comunidade pelo seu comportamento e educação…
Que tem um carinho imenso dos seus professores, dos nossos amigos e
familiares. Então, no momento da agressão um dos colegas falou que o pai
do agredido estava chegando e pessoas da comunidade falaram que ele era
filho de engenheiro… Foi aí que eles entraram na viatura e foram
embora, e ao saírem ainda ameaçaram de voltar e espancá-lo novamente se
estivesse no mesmo local.
Nesse momento os vizinhos foram nos
chamar e quando encontrei o meu filho, foi nessa situação que todos
podem ver nas fotos, onde já tínhamos limpado grande parte do sangue
derramado em seu rosto e roupas.
Todas as providências cabíveis já foram
tomadas. Queixa na polícia civil, exame de corpo e delito, denúncia ao
Ministério Público, denúncia no Comando Regional de Policia Militar, na
própria 76ª companhia onde os 3 PMs são lotados, na Corregedoria da
Policia Militar da Bahia, Conselho de Segurança Municipal.
Não é possível que a tortura ainda hoje
nos amedronte e faça parte dos modos operantes da tão respeitada e
gloriosa POLÍCIA MILITAR.
Eu, filha de POLICIAL que sou, me
choquei ainda mais com a falta de trato desses 03 policiais com as
pessoas, tão jovens, tendo em vista os benefícios gerados com as
parcerias entre POLÍCIA X COMUNIDADES no Rio de Janeiro, onde favelas
hoje estão sendo pacificada graças ao apoio das comunidades, e o
resultado tem sido bastante visível para todo país e para o mundo.
Não temeremos em buscar justiça!
queremos punição para esses 03 policiais que mancham o nome da
corporação por seus atos isolados e cruéis!
Os nomes dos policiais: Sd PM EUDINILSON PINTO DE SOUZA
Sd PM SMAILLY SILVA PEREIRA LIMA
Sd PM JOSÉ KAYON DIRLEY SILVA FREIRE
Confiamos no Comando da PM para que apure com todo rigor.
Confiamos na Promotoria Pública na pessoa do Dr. Alexandre Lamas da Costa.
Estarei aqui, no rádio, nas redes sociais e todos os meios de comunicação, cobrando e pedindo JUSTIÇA!
Eu e meu esposo educamos muito bem
nossos 03 filhos para que respeitem primeiramente à Deus, aos seus pais,
todas as pessoas, sem distinção, e, acima de tudo que sejam cumpridores
da leis que regem o nosso país. Sendo assim, podemos exigir que eles
sejam respeitados também por qualquer que seja a autoridade, inclusive a
POLÍCIA!
Não é possível que precisamos andar com
um crachá amarrado à testa para dizer de quem somos filhos, a que
família pertencemos, quem são nossos amigos e, acima de tudo, quero
dizer que na periferia existem muitos cidadãos e cidadãs, trabalhadores e
que merecem respeito. Muitos deles, por falta de conhecimento ou
coragem, passam por violências como essa que meu filho passou ou pior
ainda e não denunciam por medo, falta de acesso, descaso nos
atendimentos em alguns órgão públicos.
Moramos na Malhada da Areia por opção.
Nossa propriedade pertence à nossa família a mais de 35 anos e não é por
esse ato ISOLADO da PM que vamos nos mudar da nossa comunidade, onde
firmamos laços de amizade profunda com nossos vizinhos. A Malhada da
Areia é nossa casa e exigimos que nos respeitem no mais amplo grau
literário da palavra RESPEITAR. Somos CIDADÃO! Somos GENTE!!!
Com a palavra, O COMANDO DA PM, a JUSTIÇA em todos os níveis que buscamos.
Atenciosamente,
Ana Maria F. Silva Virgolino
Mãe, brasileira, cidadã juazeirense e Engenheira Agrônoma.
Fonte: Blog do Geraldo José
Blog do Bill Art´s