Enchente do Rio São Francisco em Petrolina e Juazeiro
Via: Vinicius de Santana
Diante da condição de cheia na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, foi aberta na manhã desta sexta-feira (21/01) a operação da Sala de Monitoramento de Cheias do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CHSF), na cidade de Petrolina (PE). O objetivo é monitorar o processo de cheias na bacia, com foco na região fisiográfica do Submédio e alertar o poder público dos municípios e população ribeirinha sobre os possíveis impactos. A Sala de Monitoramento funcionará até a próxima quinta-feira (27/01) nas dependências da Agência Municipal de Meio Ambiente de Petrolina.
No dia 12 de janeiro, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) iniciou de forma gradativa a elevação das vazões das usinas hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Xingó (SE) até alcançarem a vazão de 4.000 m3/s, prevista para acontecer no dia 24 de janeiro. Já a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) abriu as comportas da usina hidrelétrica de Três Marias, no dia 14 de janeiro. O aumento das vazões no Rio São Francisco ocorre em decorrência do grande volume de chuvas nos estados da Bahia e Minas Gerais, que acontecem desde dezembro de 2021.
Monitorando diariamente a situação, o CBHSF auxiliará na liberação de informações. “O objetivo do Comitê é acompanhar o momento de aumento dos volumes e avaliar os impactos que vai gerar para as comunidades ribeirinhas e para o ecossistema. Importante destacar que em 2018 o Comitê realizou uma série de audiências públicas sobre enchentes, inclusive Petrolina foi um dos locais a sediar o evento. Na época, sinalizamos a possibilidade de eventos como o que ocorre este ano e a necessidade de alertar as populações ribeirinhas para não ocupar as áreas alagáveis, a fim de evitar prejuízos materiais e humanos”, explicou o secretário do CBHSF, Almacks Luiz Silva.
Previsões para os próximos meses
O período de chuva ainda deve durar
até meados de maio. De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, fundador
do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis/Ufal),
as previsões apontam uma redução no volume de chuva em fevereiro, mas elas
devem voltar com intensidade acima da média nos meses de março e abril.
“Fevereiro será menos chuvoso tendo
uma redução desde o Alto São Francisco, mas entre março e abril teremos chuvas
acima da média em toda a bacia e maio volta a reduzir. Isso se deve a
ocorrência do fenômeno da La Ninã que se desenvolve desde novembro do ano
passado e chegou ao seu pico em dezembro. Além disso, as cheias também têm
relação com a intensidade das temperaturas dos oceanos, o que acaba por
favorecer canais de umidade e provoca chuvas mais intensas”, afirmou Barbosa.
O diretor de operações da Chesf, João Henrique de Araujo Franklin, informou que de acordo com perspectivas apresentadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o armazenamento dos reservatórios de Três Marias e Sobradinho para o final do mês de janeiro de 2022, devem atingir respectivamente, 96,6% e 74,7%.
“Vale destacar que principalmente na região do Baixo São Francisco esse volume inicialmente é satisfatório porque estava com o rio muito baixo por causa das secas ou falta de chuvas regulares”, acrescentou lembrando que os oceanos estão cada vez mais quente.
O meteorologista explicou ainda que os extremos e a variabilidade também têm aumentado fazendo com que a questão da disponibilidade de umidade sobre o Brasil possa ter áreas que recebam mais chuvas que outras. “Há uma previsão, que ainda precisa ser confirmada, de que no próximo ano teríamos um El Niño. Se isso se confirmar, de certa forma a região do São Francisco, principalmente os estados de Alagoas e Sergipe serão afetados pelo volume de chuva. Então há questões importantes que precisam ser monitoradas, como a situação ambiental mediante as vazões”, concluiu o meteorologista.
Assessoria de
Comunicação CBHSF
Vídeo da enchente do Rio São Francisco em Juazeiro-BA