O presidente da Angola, João Manuel Lourenço, rejeitou receber uma delegação de parlamentares brasileiros para defender os interesses da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). A instituição foi expulsa do país africano sob denúncia de ter cometido crimes como lavagem de dinheiro.
A missão seria liderada pelo deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), bispo licenciado da Universal. O pedido foi feito pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), a pedido de Jair Bolsonaro. Mourão, que viajou a Luanda para a cúpula da CPLP (Comunidades dos Países de Língua Portuguesa), teve um encontro bilateral com o líder angolano na última sexta-feira (16).
Segundo informou reportagem do Estado de S.Paulo, Bolsonaro escalou o general Mourão para tentar resolver a crise financeira do empresário da fé Edir Macedo: intervir diretamente na gestão da crise da Igreja com o governo angolano. O governo brasileiro tem sido cobrado pela Universal e pela bancada evangélica para se engajar na defesa da instituição no país africano.
Mourão confirmou ter conversado com Lourenço sobre o assunto a pedido do presidente brasileiro. “Por orientação do PR (presidente da República), conversei com o presidente angolano”, afirmou. “A diplomacia está buscando uma forma de fazer com que as partes se entendam.”
Durante sua estadia em Angola, ele também havia declarado, em entrevista à Agência Lusa: “O governo brasileiro gostaria que se chegasse a um consenso entre essas duas partes e que aqui o Estado angolano recebesse a delegação parlamentar brasileira que quer vir aqui para tentar chegar a um acordo e a um ponto em que se arrefeça as diferenças que ocorreram”.
O resultado do encontro, no entanto, não foi o esperado. Segundo informou a Folha de S.Paulo, de acordo com interlocutores, foram dois os pedidos do vice a Lourenço sobre a Universal: que o governo angolano garantisse um tratamento justo à igreja nos processos judiciais que correm contra a denominação no país e que o presidente de Angola recebesse uma missão de parlamentares evangélicos. Mas o presidente fechou as portas - ao menos no curto prazo.
Interlocutores avaliam também que “a irritação de Lourenço com a Universal hoje é praticamente irreversível”, completa a reportagem da Folha.