quinta-feira, 13 de agosto de 2020

CORONAVÍRUS - Covid atingiu pico em Pernambuco, mas pode voltar a crescer, diz comitê científico

                       Por Fabio Nóbrega
Movimentação no comércio do Recife
Movimento no comércio do Recife – Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Pernambuco completa, nesta quarta-feira (12), cinco meses desde as primeiras confirmações oficiais de casos da Covid-19. Em 12 de março, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) notificou um casal morador do Recife como os primeiros infectados. Em boletim publicado nessa terça-feira (11), o Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste (C4) alerta que a doença atingiu seu pico no Estado, mas pode voltar a crescer.

O comitê usa vários dados para emitir o laudo, como, por exemplo, o número efetivo de reprodução (Rt) do vírus em Pernambuco. Atualmente, o valor encontra-se entre 1,07 e 1,38, o que indica um risco epidêmico alto, uma vez que valores acima de 1 apontam para um espalhamento maior do patógeno. 

Risco epidêmico da Covid-19 em PernambucoRisco epidêmico da Covid-19 em Pernambuco (Foto: Divulgação/C4/Consórcio Nordeste)
Em resumo, quando o número de reprodução está acima de 1, cada paciente pode disseminar o vírus para mais de uma pessoa, o que indica a falta de controle da doença numa determinada região. O Rt alto pode ainda levar a uma segunda onda da Covid-19 no Estado, que poderia ser até mais severa que a primeira, segundo o comitê.
O comitê diz, no entanto, que o número de óbitos no Estado vem apresentando redução na curva epidêmica. Na terça, Pernambuco ultrapassou a marca de 7 mil mortes e, segundo dados do Ministério da Saúde, tem a segunda maior taxa de mortalidade da região Nordeste, com 73,3 óbitos a cada 100 mil habitantes. O índice pernambucano é menor apenas que o do Ceará, onde morrem 87,7 pessoas para cada 100 mil.
Em geral, o comitê aponta que a prevalência de queda dos números diários de casos e de óbitos ocorre nas capitais dos estados. No Interior da região, no entanto, os índices avançam. Segundo o consórcio, esse aumento pode ser provocado, em parte, pelas medidas de flexibilização do isolamento social dos governos locais.
O comitê se baseia em recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para alertar sobre a flexibilização. O ideal seria flexibilizar apenas quando o Rt ficasse abaixo de 1 por pelo menos 14 dias. O alerta ainda se estende à volta prematura das atividades presenciais de ensino, o que, segundo os cientistas, pode contribuir para “estender o avanço da terrível doença” na região.

Cenário do Nordeste
De acordo com o boletim, seis estados do Nordeste já atingiram o pico da Covid-19 até o momento - Pernambuco, Ceará, Alagoas, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em Pernambuco, Paraíba e Alagoas, no entanto, os índices podem voltar a crescer. 

No Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte, a situação é menos preocupante porque os estados atingiram o pico e a epidemia segue em redução. Já na Bahia, em Sergipe e no Piauí, a Covid-19 ainda não chegou ao pico e está em fase de aumento.
O risco epidêmico continua alto em todos os estados, o que exige, ainda segundo o consórcio, que as autoridades públicas tenham muita cautela para afrouxar as medidas de isolamento. 
O número de óbitos cai em todos os estados, embora possa aumentar na Paraíba. Apesar do risco pandêmico continuar alto, a melhoria dos sistemas hospitalares para tratar a Covid-19 explica a queda nos índices de mortes, uma vez que os procedimentos médicos foram sendo atualizados ao longo do tempo, além do aperfeiçoamento do tratamento da pandemia. 

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