Edward Snowden, ex-analista de sistemas da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, a NSA, defendeu as publicações do Intercept Brasil sobre as irregularidades da Lava Jato que vêm sendo revelados pelos jornalistas do site, dentre eles Glenn Greenwald. Os dois tornaram-se conhecidos mundialmente em 2013, quando divulgaram em parceria a existência dos programas secretos de vigilância global dos Estados Unidos, efetuados pela sua Agência de Segurança Nacional (NSA).
"Toda publicação de conversa privada causa algum desconforto, mas acho que ministros, políticos, procuradores e juízes devem estar sujeitos a desconfortos desse tipo. São eles que decidem quem vai para a cadeia, quem é libertado, quem vive, quem morre, como será nosso futuro. Não importa de onde a informação veio. Se ela é de interesse público e verdadeira, que seja divulgada", afirmou Snowden à revista Veja.
Incriminado de traição nos Estados Unidos, o norte-americano destacou a falta de consistência da acusação. "Uma das questões que me absorveram por mais tempo antes de eu vir a público foi essa ideia do juramento eterno que fiz ao governo americano quando ingressei no serviço secreto. No momento em que denunciei os abusos na vigilância praticada pelos órgãos de Estado, muita gente disse: “Você rompeu o pacto”. Mas olhe o problema filosoficamente", continuou.
"Ao entrar na NSA, jurei apoiar e defender não o governo, nem a agência, mas a Constituição americana contra qualquer inimigo. Logo em seguida, assinei um contrato amplo e confuso com o governo, garantindo o sigilo integral das informações com as quais trabalhava. Só que esses dois juramentos colidiram. Pois os segredos que jurei proteger violavam claramente a Constituição que eu devia respeitar. Está escrito lá: a privacidade é um direito do cidadão", acrescentou.
De acordo com Snowden, "as pessoas que nos vigiam conhecem nossas fraquezas, padrões, interesses, preferências políticas e conseguem prever nossas ações". "Daí seu poder de influenciar até em eleições. Fake news são construídas sob medida com base nesse gigantesco banco de dados sobre o comportamento das sociedades e têm se tornado armas para pavimentar o autoritarismo de figuras conhecidas, como Donald Trump, Vladimir Putin e Jair Bolsonaro".(247)
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