segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

DENÚNCIA - Pacientes denunciam fragilidade de cadeiras doadas pela AACD Recife

O problema estaria nas rodas dianteiras que se quebram com frequência, além do material do aro de impulsão que deveria ser de ferro mas vem sendo produzido 
com material plástico
  Por: Renata Coutinho/folhape
Cadeirantes Luis Fernando
Cadeirantes Luis FernandoFoto: José Britto

Imagine após meses de espera acabar perdendo, em pouco tempo, seu principal meio de locomoção? Frustração é o sentimento que melhor descreve o que vem sentindo alguns homens e mulheres cadeirantes atendidos pela AACD Recife. Um grupo dele buscou a reportagem para denunciar que as cadeiras de roda, do tipo monobloco, doadas pela instituição apresentam uma fragilidade estrutural que os coloca em risco. O problema estaria nas rodas dianteiras que se quebram com frequência e, principalmente, com o aro de impulsão que deveria ser de ferro, mas que vem sendo produzido com um material plástico. 

“Além de ser muito demorado, às vezes passam um ano para entregar a cadeira, as cadeiras que entregaram têm um aro que trocaram de ferro para plástico. Esse aro é o que a gente toca para empurrar a cadeira e chama aro de impulsão. Devido ao material não há sustentação a cadeira e as rodas estão entortando. Teve até gente que já caiu da cadeira. Já a rodinha da frente com uma semana começa a estourar”, contou o cadeirante Luiz Fernando, 42. 

Ele buscou a AACD para questionar o porquê a mudança na qualidade das cadeiras, mas teve reposta. O jeito foi consertar por conta própria o equipamento usando sucata. A cadeirante Shirlene Marinho, 41, também vem se virando como pode desde que sua cadeira doada pela AACD quebrou. 
“A roda quebrou e só não cheguei a cair na rua porque um rapaz me segurou. Esse novo material não aguenta muita coisa”, disse. A mulher esta usando uma cadeira emprestada de um amigo para conseguir se locomover até uma solução definitiva para a cadeira dela. Outros cadeirantes que passam pela mesma situação e procuram respostas são Antônio de Pádua e Lilian Fernanda Ferreira.

A reportagem buscou esclarecimentos junto a AACD. Em nota, a instituição disse lamentar o ocorrido e informou que irá entrar em contato com a empresa fornecedora de cadeiras de rodas para apurar os apontamentos realizados sobre a qualidade dos materiais entregues aos pacientes citados. 

“A AACD preza pela qualidade e excelência de todos os seus serviços e produtos, se colocando sempre à disposição dos pacientes. Como não havia registro de reclamações nos canais formais de comunicação da Instituição, a AACD, que tomou conhecimento das reclamação por meio da Folha de Pernambuco, fará contato com os pacientes para agendar o reparo e, se necessário, substituir o equipamento. Não haverá qualquer ônus aos pacientes, já que as cadeiras possuem garantia do fabricante pelo período de um ano”, diz a nota. 

Em relação ao prazo de entrega das cadeiras de roda, a AACD afirmou que o período varia de acordo com a demanda e especificidades do pedido. A unidade do Recife atende a demanda de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida do Norte e Nordeste do Brasil, sendo a única instituição que realiza a entrega de cadeira de rodas no Estado de Pernambuco. Em 2018 a Oficina Ortopédica realizou mais de 15 mil atendimentos, registrado uma média de 350 cadeiras de rodas entregues mensalmente. Somente em janeiro de 2019 o volume foi de 454 unidades. Não há outros registros de reclamações até o momento.

Para que o paciente seja beneficiado com uma cadeira, é necessário comparecer à AACD Recife para manifestar a necessidade pelo produto. Na ocasião é agendada uma consulta com um terapeuta ocupacional, que avalia o tipo e medida da cadeira, inserindo o paciente em uma lista de espera.



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